
As capas da revista Economist, que errou feio ao concluir que o Brasil tinha decolado e agora erra de novo ao apressar em dizer que o país vai desmoronar.Esses são alguns dos cuidados básicos para uma boa reportagem. Mas muitos veículos de comunicação se esquecem dessas premissas e, na ânsia de atrair mais leitores, acabam tirando conclusões precipitadas.
Um bom exemplo dessa pressa descabida em tirar conclusões foi uma reportagem da revista britânica The Economist de 2009, quando – sem dados que pudessem garantir suas previsões – estampou a manchete Brasil takes off (Brasil decola, em tradução livre), com uma imagem do Cristo Redentor decolando como se fosse um foguete.
Os jornalistas da Economist deram com os burros n´água. E não era para menos se for levada em consideração a inconsistência das previsões. Agora, como não foram confirmadas as profecias, a revista erra de novo.
Na edição desta semana a Economist repete a imagem do Cristo Redentor, só que desta vez desgovernado e em queda. Has Brazil blown it? (O Brasil estragou tudo?), questiona a revista em reportagem com tom mais conclusivo do que interrogativo. Por que estão errando de novo? Porque as previsões de agora, como as feitas em 2009, não têm consistência. É sensacionalismo puro para vender revista.
E o pior é que outros veículos abrem espaço para esse tipo de chute. A revista larga a manchete e todo mundo a repete, vira uma bola de neve, uma loucura midiática.
O Brasil pode, sim, entrar em um período de graves dificuldades, principalmente porque as incertezas quanto aos rumos da economia mundial são muitas. Mas não está descartada a possibilidade de um novo ciclo de crescimento.
Nem tanto céu nem tanto terra. Em jornalismo é preciso ser realista. Do contrário a credibilidade vai para o espaço. E sem foguete, só para lembrar a imagem do Cristo Redentor usada pela Economist.



