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Futebol como “ópio do povo” virou coisa do passado

Reprodução de capa de cartilha da época.

Reprodução de capa de cartilha da época.

Os protestos contra os gastos com a Copa do Mundo fazem lembrar o tempo em que o futebol era usado no Brasil para manter o regime militar.

Em 1970, o presidente militar Emílio Garrastazu Médici, que governou de 1969 a 1974, foi o maior beneficiado pela conquista do tricampeonato mundial. O interesse do regime na Copa era tanto que o governo chegou a interferir até na escalação da equipe. O técnico João Saldanha teria sido substituído por Zagalo porque gozava de pouca simpatia dos militares. “O senhor manda nos ministérios, mas na seleção quem manda sou eu”, teria dito Saldanha a Médici.

A vitória do Brasil sobre a Itália na final, por 4 a 1, no México, foi tudo o que o regime precisava. Os brasileiros eram embalados pelo refrão “Ninguém segura este país”, enquanto a repressão contra os opositores aumentava, a violência ganhava proporções monstruosas.


O tudo ou nada dos militares.

Muitos que estão protestando nas ruas hoje devem conhecer a balada “Pra Frente Brasil”. A música transformou-se em hino dos militares [veja letra abaixo).
O futebol passou a ser algo intocável: qualquer um que criticasse o esporte nacional era classificado de antipatriota. Em nome do futebol tudo era aceito.

Depois de quase 30 anos do fim do regime militar, muitos políticos ainda pensam em usar o futebol para se promover. Se alguém acreditava que a Copa de 2014, em ano de eleição, seria uma grande chance para encobrir as mazelas do país, o tiro saiu pela culatra.

Prometeram que tudo seria feito sem gastos públicos, que não haveria corrupção, superfaturamento e outros males. E o que ocorreu? Boa parte do dinheiro da população que deveria ir para setores indispensáveis, como escolas, hospitais, transporte e moradia, foi parar no esgoto.

A população parece que acordou. Foi para as ruas contra o “ópio do povo”, como as esquerdas chamavam o futebol na época . Não se aceita mais o uso do futebol para encobrir as trambicagens do poder. A Seleção, paixão de muitos, não tem nada com isso. Os governantes, sim.

Pra Frente Brasil

Letra de Miguel Gustavo

“Noventa milhões em ação
Pra frente Brasil
Do meu coração
Todos juntos vamos
Pra frente Brasil
Salve a Seleção
De repente é aquela corrente pra frente
Parece que todo o Brasil deu a mão
Todos ligados na mesma emoção
Tudo é um só coração!
Todos juntos vamos
Pra frente Brasil, Brasil
Salve a Seleção”

Para ouvir
Pra Frente Brasil

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