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Pandemia avança em países da América Latina
| Foto: Reprodução/Cepal

A grande maioria dos países desenvolvidos vem registrando queda no número de mortes diárias por covid-19 e de pessoas infectadas. Com exceção dos Estados Unidos – país com maior número de mortos e doentes –, todos os países ricos consideram ter controlado o novo coronavírus, apesar dos riscos de recaída. A preocupação agora se volta para o mundo em desenvolvimento, onde a pandemia avança.

Para as autoridades de saúde, as Américas, o Sudeste Asiático e o Oriente Médio requerem esforços para impedir que a curva da pandemia continue a subir. Essas regiões somadas registraram mais de 100 mil casos diários do novo coronavírus nos últimos dias, segundo dados da Universidade Johns Hopkins e da Organização Mundial de Saúde (OMS).

No período de 10 a 22 de maio, segundo levantamento da OMS, enquanto os casos no mundo subiram 24,5%, na região denominada de Sudeste Asiático saltaram 81,7%. Já na região em que a organização classifica como Mediterrâneo Oriental (norte da África, Oriente Médio) cresceram 52,3%. Nas Américas, a expansão foi de 34,1%.

No mesmo período estudado, as áreas onde o número de novas infeções menos cresce são a Europa (15,1%) e o Pacífico Ocidental – China, Japão, Coreia (7,6%).

A expansão do coronavírus no mundo em desenvolvimento – ao mesmo tempo em que a situação melhora no mundo rico – pode também ser comprovada com outro ranking de notificações recentes da doença. Computando apenas os dados da última semana, por exemplo, o Reino Unido é o único europeu na lista dos 10 países com maior número de infectados.

Brasil registra expansão recorde da pandemia

Na América Latina, os números de disseminação do vírus vêm sendo registrados em vários países, mas o foco é o Brasil. Mesmo com a falta de testes, o país já o segundo com maior número de contagiados e passou os Estados Unidos em número de mortes diárias por covid-19.

Nesta terça-feira (26), a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) citou uma projeção feita pelo Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde (IHME, na sigla em inglês), da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, de que o Brasil poderá chegar a 88,3 mil mortos por covid-19 em 4 de agosto.

Na América do Sul, o Brasil, o Peru, o Chile, o Equador e a Venezuela seguem aumentando os números de casos diários e de mortes. No Brasil, nossos dados mostram que as mortes diárias apresentam um aumento exponencial.

Carissa Etienne, diretora da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), durante entrevista virtual.

O modelo do IHME foi atualizado depois com números de estados brasileiros que ficaram de fora. Com o novo cálculo, o número de mortes previstas para o país subiu para 125 mil até o início de agosto. O pico, segundo o estudo, se dará no mês de junho. Apesar dos cenários tenebrosos, as instituições ressalvam que o quadro poderá ser menos ruim caso medidas de combate ao vírus sejam tomadas o mais rápido possível.

A América Latina registra hoje mais da metade (51%) dos infectados do planeta, com 657.000 casos confirmados (dados de segunda-feira). Os dados fizeram a OMS ligar o alerta e declarar a região como “novo epicentro mundial da pandemia”. Do total de contagiados, quase 400 mil estão em território brasileiro. Na terça-feira (26), o Brasil atingiu 24.512 mortes pelo novo coronavírus, com 1.039 confirmações de óbitos em 24 horas.

Projeção de mortes por covid-19 no Brasil, segundo estudo do IHME, da  Universidade de Washington .
Projeção de mortes por covid-19 no Brasil, segundo estudo do IHME, da Universidade de Washington .

Disparidade marca a América Latina

Apesar da preocupante situação na América Latina como um todo, há grande disparidade entre os países. Enquanto Peru, Equador e Chile acompanham o Brasil nas dificuldades para controlar o vírus, vizinhos como Argentina e Uruguai tem baixo número de contagiados e de mortos.

A comparação entre Peru e Argentina, por exemplo, mostra claramente a disparidade no combate ao coronavírus. Enquanto a Argentina, com mais de 43 milhões de habitantes, registra pouco mais 11 mil infectados e 445 mortos até segunda-feira (25), no Peru – com cerca de 33 milhões de habitantes – são 115 mil positivos e mais de 3,3 mil óbitos.

O vice-diretor da organização, Jarbas Barbosa, previu semanas muito duras para os latino-americanos. "Os países da América Latina tiveram um período de preparação, e isso foi muito importante, pois muitos países implementaram seus planos e adotaram medidas de distanciamento social, que retardaram a transmissão. Mas, agora, temos uma transmissão muito forte e, por isso, é necessário chamar a atenção de todos os ministérios de saúde, para avaliar a efetividade das medidas que estão adotando", acrescentou.

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