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O massacre na escola católica Annunciation, em Minneapolis, revelou uma forma de terrorismo que não depende de organizações estruturadas ou redes internacionais. Robin Westman, de 27 anos, planejou cuidadosamente cada detalhe do ataque, comprou armas legalmente e disparou mais de cem tiros de fora da igreja, através de janelas coloridas, durante a missa de volta às aulas. Duas crianças morreram e outras dezessete pessoas ficaram feridas. A investigação do FBI aponta para crime de ódio e terrorismo doméstico.
A cobertura da revista eletrônica The Free Press, assinada por Olivia Reingold, descreve o perfil do assassino e a lógica de terror que seguiu: “Robin Westman deixou para trás um rastro de mensagens perturbadoras que, juntas, revelam o retrato de um homem que queria se tornar um monstro.” Em outra passagem, a repórter observa: “O ataque não foi uma explosão repentina de violência, mas a execução de um plano que ele vinha cultivando há meses.” O caso escancara uma nova dinâmica do extremismo: indivíduos isolados, radicalizados por ideologias e conteúdos digitais, transformando templos, escolas e espaços comunitários em símbolos a serem destruídos.
Combater a radicalização exige educação, cultura de segurança e valores sólidos
Michael Paul, agente especial aposentado do FBI que atuou em Minnesota, declarou que o episódio é terrorismo: “Quando temos gente querendo matar crianças, não se trata de um turbilhão momentâneo, isso é terror.” A análise de autoridades e investigadores mostra que esses crimes não podem mais ser entendidos apenas como atos de pessoas perturbadas. São ações simbólicas, carregadas de mensagem política ou ideológica, direcionadas para alvos vulneráveis.
Esse tipo de violência reflete uma mudança de paradigma. As democracias lidam agora com um terrorismo que não precisa de grandes células para ser devastador. Um indivíduo solitário, armado e conectado a comunidades digitais extremistas, tem capacidade de provocar uma tragédia que abala o país.
A radicalização não é mais visível em campos de treinamento ou reuniões clandestinas, mas em fóruns, aplicativos de mensagens e redes sociais, onde discursos de ódio circulam sem controle. O problema não está em restringir a tecnologia, mas em compreender como ela se tornou um canal poderoso para espalhar ideologias destrutivas. A resposta não pode ser entregar mais poder a governos, mas fortalecer instituições, famílias e comunidades para que tenham discernimento, preparo e resiliência diante de narrativas tóxicas.
A história mostra que a censura nunca eliminou o mal, apenas o escondeu. O que ameaça a liberdade não é a internet em si, mas o uso que grupos ou indivíduos fazem dela. Combater a radicalização exige educação, cultura de segurança e valores sólidos. Enquanto democracias discutem apenas restrições, regimes autoritários avançam oferecendo ordem em troca de controle total, um caminho que transforma cidadãos em reféns. O desafio está em criar redes mais seguras sem abrir mão da liberdade que sempre sustentou o Ocidente.
O caso de Minneapolis também expõe um fenômeno cultural profundo: a erosão dos espaços considerados sagrados. Ao atacar uma missa para crianças, Westman atingiu a base da confiança comunitária, transformando um momento de fé em cenário de terror. Essa escolha revela uma motivação maior que a simples violência: há intenção de desumanizar, intimidar e espalhar medo.
O mal existe, mas muda de disfarce em um mundo em constante transformação. Ele já não se apresenta apenas em regimes ou grupos armados, mas também no indivíduo radicalizado que se sente autorizado a destruir vidas para se sentir relevante. Reconhecer esse mal exige atenção cultural e espiritual, vigilância sobre as narrativas que se espalham no ambiente digital e coragem para proteger nossas famílias mesmo quando o perigo se esconde sob máscaras de fragilidade ou anonimato.





