
Clube de Compras Dallas (Dallas Buyers Club), drama dirigido pelo canadense Jean-Marc Vallée, rendeu duas indicações ao Oscar de Melhor Ator e Melhor Ator Coadjuvante para Matthew McConaughey e Jared Leto — os dois já ganharam seus respectivos Globos de Ouro pelos papéis. Eu ainda não vi o filme — a data de estreia por aqui é dia 21 de fevereiro –, portanto, não sei até que ponto a atuação dos dois é mesmo arrebatadora. O que já dá pra perceber há um bom tempo, pelas fotos e trailers divulgados, é que a dupla mergulhou mesmo de corpo e alma para interpretar dois soropositivos em busca de medicamentos para tratar a Aids. Tanto McConaughey quanto Leto estão magríssimos, muito abaixo do peso com o qual são vistos por aí em outras produções.
Neste caso, como em vários outros, não se trata logicamente de maquiagem pesada ou efeitos especiais. Os atores tiveram de fazer um regime drástico por conta, como exigia a situação em que os personagens se encontram. Há outras situações em que ocorre o efeito contrário: os atores precisam ganhar peso e músculos em poucos meses – ou semanas – pra dar conta do papel. Esqueça absurdos como a caracterização de Martin Lawrence ou Eddie Murphy em Vovó…Zona (Big Momma’s House, 2000) e O Professor Aloprado (The Nutty Professor, 1996). Estamos falando de atores que tiveram que encarar a balança na raça e se transformaram literalmente em outras pessoas.
O The Guardian publicou recentemente uma compilação dessas “transformações”, que chegaram a chocar muitos espectadores. O blog traz aqui algumas das mais famosas (e drásticas), com a diferença de peso que o ator encarou para estar no filme. Quer ver mais? Leia o artigo do The Guardian aqui (em inglês).
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Tom Hanks, em Náufrago (Cast Away, 2000)
O ator tem de ser muito bom para, por quase toda a duração do filme, ser o único personagem na tela (além de uma bola de vôlei com um rosto pintado). Mas estamos falando de Tom Hanks e, aqui, há mais uma prova de porque ele é considerado um dos maiores nomes em atuação no cinema. Na pele de um executivo gordinho da FedEx que vai parar em uma ilha deserta, Hanks chegou a 77 quilos (ele estava com 101). O filme foi rodado em duas partes, num intervalo de um ano, justamente para que o ator chegasse à forma física que o personagem exigia — afinal, viver de cocos e peixes em uma ilha não enche a barriga de ninguém. Hanks foi indicado ao Oscar de Melhor Ator, mas perdeu para Russel Crowe, que concorria por Gladiador (Gladiator, 2000).
Na balança: 24 quilos a menos.
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Christian Bale, em O Operário (The Machinist, 2004)
Bale surpreendeu muita gente com sua atuação em O Vencedor (The Figher), em que interpreta um treinador de boxe que é usuário de drogas – sua magreza escancara isso. Porém, o aspecto físico do ator no filme de David O. Russel não é nada perto da monstruosa caracterização a que ele se submeteu em O Operário, um thriller psicológico de Brad Anderson. Como o título diz, Bale interpreta um trabalhador de uma indústria acometido por uma insônia crônica, que faz com que ele perca sua sanidade aos poucos. O ator chegou a surpreendentes 50 quilos para interpretar o personagem e é difícil não olhar pra tela e se sentir realmente desconfortável com a imagem. Para emagrecer tanto, Bale teria passado a comer somente uma lata de atum e uma maçã por dia, além de fumar como um condenado para cortar o apetite. Esse regime eu não recomendo pra ninguém.
Na balança: 28 quilos a menos.
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Charlize Teron, em Monster: Desejo Assassino (Monster, 2003)
Charlize Teron não é só uma atriz talentosa, mas é também uma mulher linda (demais). Por isso mesmo sua caracterização em Monster chocou tanta gente — e convenceu a Academia a lhe dar um Oscar de Melhor Atriz. A mudança na balança não foi tão expressiva (de 55 kg, Charlize passou para 68kg), mas seu rosto se transformou em outro, a fim de se aproximar da personagem real, a serial killer Aileen Wuornos. Charlize usou uma prótese dentária, raspou as sobrancelhas e caprichou na maquiagem irregular. Resultado: ficou feia, o que parecia impossível.
Na balança: 13 quilos a mais.
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Robert De Niro, em Touro Indomável (Raging Bull, 1980)
Ah, que saudade do De Niro das décadas de 70 e 80, quando o ator ainda passava longe das comédias “pra toda a família”… A parceria com Martin Scorsese, principalmente no início da carreira de ambos, rendeu filmes memoráveis, como Taxi Driver (1976) e Caminhos Perigosos (Mean Streets, 1973). Mas o auge desse esforço combinado foi mesmo Touro Indomável, em que De Niro interpreta o boxeador Jake La Motta — papel que lhe rendeu o Oscar de Melhor Ator. De Niro estava obcecado pelo personagem, tanto que foi ele quem convenceu Scorsese a tirar o filme do papel, depois de muita insistência. O ator ganhou 30 quilos (chegando a 96) para viver o boxeador em sua “aposentadoria” — a produção ficou parada por meses para o “regime de engorda”. No processo, De Niro encarou treinos intensos de boxe e chegou a participar de lutas reais. O resultado de tanta dedicação explode na tela.
Na balança: 30 quilos a mais.
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Jared Leto, em Capítulo 27 (Chapter 27, 2007)
Muita gente ainda torce o nariz para Jared Leto, este misto de ator, cantor indie e cara estranho. Mas não dá pra negar que, quando resolve mergulhar de vez em um personagem, ele deixa muitas figuras carimbadas pra trás. É difícil acreditar que o visual de Leto em Capítulo 27, em que ele encarna Mark David Chapman, o assassino de John Lennon, não é resultado de alguma trucagem visual ou maquiagem. O ator chegou a pesar 100 quilos e está quase irreconhecível na tela. O filme independente recebeu avaliações pouco favoráveis dos críticos, que pelo menos reconheceram o esforço de Leto ao encarnar o protagonista.
Na balança: 30 quilos a mais.
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Lembra de outros papéis que exigiram transformações físicas profundas nos atores? Para você, quais das transformações acima foi a mais sofrida? Comente aqui no blog!








