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Mais Woody, menos Prozac

Estava lendo esses dias na Revista Preview uma pequena resenha sobre o filme de estreia da diretora francesa Sophie Lellouche, Paris-Manhattan (2012). Não vi o filme ainda, mas achei a premissa muito bacana.

A protagonista de Paris-Manhattan, Alice (interpretada por Alice Taglioni), trabalha em uma farmácia e é obcecada pelos filmes de Woody Allen. Aí, sempre que possível, recomenda as obras do diretor para os clientes, no lugar dos remédios de sempre. Justo, não? Outra boa sacada do filme: a voz do próprio Woody atua como a consciência de Alice quando ela está falando consigo mesma.

Fiquei curioso para assistir Paris-Manhattan. Talvez por ter me identificado com a “tese” da diretora e, por consequência, da protagonista. Muito se fala em revistas, blogs e sites especializados sobre aqueles filmes memoráveis, os grandes clássicos do cinema, as superproduções vencedoras de dez Oscar e campeãs de bilheteria. Mas, em certos momentos, o que buscamos são os ditos filmes “menores”, aqueles que podem não ter sido sucesso de crítica ou público, mas, por outro lado, são capazes simplesmente de nos fazer esquecer, por uma hora e meia, dos problemas no trabalho, do saldo negativo no banco, da discussão por telefone com a namorada, da eterna crise na Europa.

São aqueles despretensiosos filmes que colocam um honesto e inevitável sorriso no nosso rosto, mesmo que lá fora esteja caindo uma chuva torrencial. Simples assim. Difícil mesmo não pensar em Woody Allen nessas horas.

Tomei por costume assistir periodicamente a alguns filmes do Woody no DVD, principalmente naqueles momentos em que estou meio sacudo de tudo e de todos. Não importa se já assisti Hannah e Suas Irmãs (Hannah and Her Sisters, 1986) cinco ou seis vezes. Ou se já sei de cor os diálogos de Manhattan (1979). Sei que, ao final do filme, sairei satisfeito, um pouco mais sereno e de bem com a vida.

Divulgação.
Igual a Tudo na Vida: modesto e até “esquecível”. Mas é Woody Allen.

Um dos últimos filmes que assisti, inclusive, foi o modesto Igual a Tudo na Vida (Anything Else, 2003), que conta com Jason Biggs e Christina Ricci como o casal protagonista. Um filme leve, com boas doses homeopáticas de romance, comédia e discussões existenciais. Biggs, o eterno jovem abobalhado de American Pie, conversa em vários momentos com o espectador, olhando diretamente para a câmera, lançando perguntas e comentários jocosos sobre si mesmo e sobre nós.

Woody também brinca e se diverte atuando e dirigindo. Em uma das cenas, dentro do apartamento do casal, a câmera mostra Biggs e Ricci em mais uma de suas eternas discussões, no meio da sala. De repente, cada um vai pra um canto, enquanto continuam falando. Mas a câmera fica ali, mostrando apenas o espaço vazio da sala por um bom tempo, enquanto apenas escutamos o toma lá dá cá dos atores. Coisas de Woody.

Igual a Tudo na Vida não ganhou nenhum Oscar, não arrecadou rios de dinheiro nos cinemas e é pouco lembrado mesmo por quem gosta de Woody Allen. Mas é capaz, fácil, fácil, de nos colocar aquele tão desejado sorriso no rosto.

Por isso, desde já sou fã de Alice, a farmacêutica de Paris-Manhattan. Discutiu com o colega de trabalho e veio emburrado pra casa? Não esquenta. Vá assistir Poderosa Afrodite (Mighty Aphrodite, 1995). Não aguenta de dor de cabeça com a correria das crianças pela casa? Tire um tempo pra si mesmo e coloque Vicky Cristina Barcelona (2008) no DVD. Ficou com a imunidade baixa e não para de espirrar? Acredite, Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (Annie Hall, 1977) pode fazer milagres.

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E aí, quais são seus filmes preferidos do Woody Allen? Também acha que os filmes são capazes de curar alguns de nossos males? Comente aqui no blog e tenha um ótimo fim de semana (com muitos filmes, de preferência)!

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