Um enigma ronda o futuro da candidatura de Jair Bolsonaro à Presidência da República. Ele manterá a competitividade ao longo da campanha sem uma coligação robusta (ou menos fraca que do que ir sozinho com seu magrelo PSL) e que garanta mais recursos e tempo de tevê? Ou conseguirá transformar em bom negócio para o eleitor o fato de não ter rabo preso com os partidos tradicionais?
A quatro dias da convenção que irá aclamá-lo oficialmente como candidato a presidente, o deputado não tem resposta para nenhuma das perguntas. Pior do que isso: trilha um caminho que prejudica a defesa de ambas as possíveis estratégias. “Só não vamos fazer pacto com o diabo”, disse Bolsonaro no último dia 13, ao justificar a aliança estadual de sua legenda com o MDB de Jader Barbalho, no Pará.
Como sabemos a cada nova fase da Lava Jato, o demônio da política brasileira não está apenas numa sigla. A questão é que Bolsonaro não conseguiu até agora fechar acordo nem com cramulhõezinhos do sistema partidário. O martírio das tentativas frustradas começou com o PR de Valdemar Costa Neto, que garantiria ao capitão da reserva mais 45 segundos no horário eleitoral (o PSL tem 8 segundos).
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Apesar dos vestígios de enxofre no ar, o PR é uma das noivas mais cobiçadas da pré-campanha. Pelo PT, até José Dirceu foi acionado para se aproximar de Valdemar. Pelo PDT, Ciro Gomes aproveitou o não da legenda a Bolsonaro para seguir na sua toada “total flex” em busca de parceiros à esquerda e à direita.
Há meses sabia-se que o senador Magno Malta (PR-ES) era o preferido de Bolsonaro para a vaga de vice-presidente. Malta preferiu concorrer à reeleição. Além disso, não houve acordo entre os dois partidos para alianças estaduais no Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso e Distrito Federal.
Até aí, entende-se: enroscos similares acontecem nas conversa com legendas maiores, como PSDB e PT. O fiasco de Bolsonaro foi anunciar, nesta terça (17), que seu vice seria o general da reserva Augusto Heleno, do PRP, e ter de voltar atrás menos de 12 horas depois – novamente por desacordos em alianças estaduais. Para quem não conhece o Partido Republicano Progressista, não há motivos para vergonha: a legenda está sempre no campeonato dos mais nanicos dos nanicos (agregaria 4 segundos de tevê ao PSL).
Nesta fase da campanha, Bolsonaro ainda pode bater no peito e alegar que não consegue acordo com a politicalha, mas o povo está com ele. Vale lembrar que ele lidera a corrida presidencial, tecnicamente empatado com Marina Silva (Rede), segundo o mais recente Ibope*. O detalhe é que ainda estamos na pré-campanha.
E, a cada negociação frustrada, a consistência de Bolsonaro até outubro permanece um mistério.
Metodologia
A pesquisa foi feita de 21 a 24 de junho com 2 mil pessoas em 128 municípios, mostra a intenção de voto dos brasileiros no primeiro turno das eleições para Presidente da República. Também aponta a avaliação sobre o desempenho do governo federal, o grau de confiança no presidente Michel Temer e a aprovação do governo em nove áreas de atuação, entre elas, saúde, educação, segurança pública e combate à fome e ao desemprego. O levantamento foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número BR-02265/2018. A margem de erro é de dois pontos porcentuais para mais ou menos. O contratante é a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
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