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Daniel Lopez

Daniel Lopez

Jornalista e teólogo, autor de ‘Manual de Sobrevivência do Conservador no Séc. XXI’. É doutor em linguística pela UFF

Geopolítica oculta

Será que Michelle Obama poderá salvar os democratas?

Uma estratégia elaborada de contenção de danos parece estar sendo montada no seio do partido democrata.

Ex-primeira-dama dos EUA Michelle Obama
A ex-primeira-dama dos EUA Michelle Obama fala ao público durante a celebração dos 50 anos de igualdade salarial no US Open Tennis Championships, em Nova York, em agosto de 2023. (Foto: CJ Gunther/EFE/EPA)

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Após o desastroso debate presidencial da última semana, ficou claro que Biden não possui condições cognitivas de continuar na presidência dos EUA. Até mesmo apoiadores tradicionais jogaram a toalha, exigindo que o atual presidente abandone a corrida. Muitos imaginam que a vice-presidente Kamala Harris seria a substituta natural. Porém, sua baixa popularidade preocupa, ainda que ela tenha recentemente ultrapassado Biden no mercado de apostas. Por outro lado, alguns estão clamando para que Michelle Obama seja o nome escolhido, mas ela mesma insiste que “isso não está na sua alma”. Enquanto isso, lideranças nacionais democratas se reuniram com Biden e disseram que ele está ótimo, e segue na disputa. A pergunta que fica é: eles estão sendo transparentes? Ou haveria uma elaborada jogada de marketing acontecendo?

Enquanto os democratas lutam para tentar convencer o mundo de que o octogenário Biden permanece em condições de liderar o país mais poderoso do planeta, alguns dos mais importantes doadores do partido do presidente estão insistindo que ele abandone a corrida. Este é o caso, por exemplo, do megadoador de Hollywood Ari Emanuel. Ele chegou a dizer que Biden “não é mais o candidato”, defendendo que talvez a única maneira de “forçar” Biden a deixar a corrida seria fazer “o dinheiro começar a secar”. Outra importante figura que está defendendo a saída de Biden da corrida é ninguém menos do que o cofundador da Netflix Reed Hastings, que tradicionalmente é um grande doador do partido democrata. Ele afirmou que “Biden precisa se afastar para permitir que um líder democrata vigoroso derrote Trump e nos mantenha seguros e prósperos”.

A estratégia seria Michelle Obama fazer uma entrada tardia, chegando como um azarão. Ela será poupada de fazer campanha por longos meses e chegará como uma surpresa de última hora

Porém, ao contrário do que os doadores estão pedindo, o partido tem insistido (pelo menos publicamente) na figura de Biden como a melhor opção. O que soa muito estranho. Será que eles irão esperar o dinheiro secar? Eu creio que existe a possibilidade de haver uma elaborada estratégia de marketing em jogo. Houve um encontro nesta última quarta-feira (3) na Casa Branca que reuniu todos os 24 governadores democratas. Eles saíram de lá dizendo que o presidente está ótimo, e que ele segue firme na disputa. A própria secretária de Imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, declarou ontem que os boatos de que o presidente estaria considerando a hipótese de abandonar a corrida são “absolutamente falsos”.

Eu já imagino outra hipótese. Creio que os 24 governadores decidiram que Biden irá sair. Apenas concordaram que o momento ideal de fazer este anúncio não seria agora, pensando em marketing estratégico. Talvez eles imaginem que podem usar essa mudança como uma espécie de surpresa a seu favor. Em palestra recente, o apresentador Tucker Carlson afirmou que Biden já está fora. Restaria uma dúvida apenas sobre quando anunciar publicamente isso. Mas qual seria o momento e a figura “coringa” que eles estão guardando?

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Alguns analistas acreditam que, apesar de toda a recusa em aceitar o desafio, Michelle Obama será a escolhida. Principalmente depois da divulgação de pesquisas em que ela venceria não apenas o Biden, mas também Trump. Por isso, creio que está muito claro que essa será a opção que resta. A estratégia seria Michelle Obama fazer uma entrada tardia, chegando como um azarão. Ela será poupada de fazer campanha por longos meses e chegará como uma surpresa de última hora.

Após a eventual divulgação de novas pesquisas mostrando que ela seria a única capaz de vencer Trump, e outros levantamentos confirmarem que Kamala não teria chance de superar o ex-presidente, Michelle Obama entraria em cena fazendo uma espécie de “campanha relutante”, colocando a decisão como um tipo de “sacrifício em nome do povo americano”. Ela diria: “Não está na minha alma, mas farei esse esforço para salvar a nação”. Creio que essa pode ser realmente a estratégia que está sendo preparada secretamente pelos democratas.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

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