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O bilionário Elon Musk, em participação por videoconferência em evento em Barcelona em 2021
O bilionário Elon Musk, em participação por videoconferência em evento em Barcelona em 2021| Foto: EFE/Alejandro García

Semana passada escrevi um artigo aqui demonstrando meu otimismo com a perspectiva de que a chegada de Tucker Carlson ao Twitter poderia abrir caminho para uma nova fase do jornalismo independente nas redes sociais. Essa esperança foi um pouco abalada com o anúncio da nova CEO da rede social de Elon Musk.

Primeiro, é importante lembrar que meu otimismo estava mais baseado na figura de Carlson do que na de Musk. Conheço suficientemente o histórico do CEO da Tesla para duvidar da santidade madreteresiana que tem sido projetada sobre ele por alguns internautas. Assim também não podemos apostar cegamente em Carlson, uma vez que suas questões contratuais com a Fox permanecem nebulosas.

Musk não é exatamente um ícone antissistêmico. Mas ele teve sucesso em agradar os setores mais conservadores por meio de suas posturas, opiniões e atitudes.

Por que, então, o “banho de água fria”? A esperança generalizada é que o Twitter se transforme num espaço mais amistoso para os produtores de conteúdo, com respeito às diferentes opiniões e sem privilegiar um determinado viés e preterir outro. Porém, sabemos que Musk já se definiu (Elon Musk: The Way Of The Future) como “metade democrata, metade republicano”. Em outra ocasião, afirmou que não era conservador, mas registrado como independente. Em 2022, ele confessou que sempre optou por candidatos democratas, mas que tinha intenções de escolher uma opção republicana para primeira vez nas disputas de 2024.

Por isso, podemos concluir que Musk não é exatamente um ícone antissistêmico. Mas ele teve sucesso em agradar os setores mais conservadores por meio de suas posturas, opiniões e atitudes que culminaram com a demorada e polêmica aquisição do Twitter. Essa bem sucedida aproximação com os republicanos foi seriamente comprometida com o anúncio, na semana passada, da escolha da nova CEO do Twitter. O nome selecionado trouxe calafrios para aqueles que estavam esperançosos com uma guinada do Twitter para a liberdade. Mas o que haveria de tão ruim na pessoa escolhida?

A grande questão é: como aumentar a publicidade sem mudar a política de moderação e desagradar a base de fãs do Twitter?

Linda Yaccarino, a nova CEO do Twitter, parece ter sido escolhida por Musk devido às suas habilidades publicitárias. Executiva experiente do ramo publicitário, sua função será trazer de volta os anunciantes que se afastaram da empresa após a chegada de Musk, insatisfeitos com as revisões nas políticas de moderação e revisão de conteúdo. Por isso, o receio é que a escolha poderá trazer de volta recursos de propaganda, mas desagradar profundamente os fãs de Musk, que o “cultuam” por sua suposta “defesa das liberdades”.

De acordo com seu perfil no site de sua antiga empresa, na condição de responsável por parcerias do grupo NBCUniversal, Yaccarino foi capaz de gerar mais de US$ 100 bilhões em anúncios. É exatamente isso que Musk está precisando. Porém, a que custo?

Os anunciantes do Twitter foram embora exatamente devido à flexibilização das políticas de moderação, o que, por outro lado, agradou a base de “fãs” de Musk e atraiu de volta ao Twitter os setores mais conservadores. Mas como Musk e Yaccarino conseguiriam aumentar a publicidade sem desagradar a base de fãs? Haveria um caminho possível que agradasse gregos e troianos? A chegada da nova CEO tem motivado anunciantes, mas desesperado apoiadores. E agora?

O que mais tem assustado os apoiadores de Musk são informações que estão no próprio LinkedIn de Yaccarino. Nele, a CEO revela que tem profundo envolvimento com o Fórum Econômico Mundial, presidindo uma equipe da organização dedicada ao “futuro do trabalho”. Além disso, integra o “comitê diretor dos governadores da indústria de mídia, entretenimento e cultura”. Alguns fãs de Musk entram em pânico com essas informações.

A grande questão é: como aumentar a publicidade sem mudar a política de moderação e desagradar a base de fãs? Como agradar a base de fãs, confirmar as opções pela liberdade, e conseguir aumentar a receita. Creio que um dos lados ficará na berlinda no final das contas. E o grupo mais cotado para ser preterido com a nova CEO são os apoiadores de Musk. Posso estar errado. Talvez eles consigam realizar um milagre e agradar gregos e troianos. Só o tempo dirá. Aguardemos. E você, o que acha? Deixe sua opinião nos comentários. Deus abençoe vocês.

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