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Daniel Lopez

Daniel Lopez

Jornalista e teólogo, autor de ‘Manual de Sobrevivência do Conservador no Séc. XXI’. É doutor em linguística pela UFF

Geopolítica genealógica

Marte, tecnocracia, super bebês: o destino secreto de Elon Musk

Elon Musk discursa após a posse de Donald Trump (Foto: EFE/EPA/ALLISON DINNER)

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Numa entrevista recente, Errol Musk, pai do magnata da tecnologia, revelou sua inspiração para o nome do filho. O pai afirmou que, quando era criança, costumava brincar de foguetes e estudar livros em alemão sobre aviação. Inclusive, o livro do ex-major da SS Wernher von Braun, o gênio da ciência espacial que foi trazido da Alemanha para os Estados Unidos pela Operação Paperclip e que acabou fundando a NASA em 1958. O título do livro era Projeto Marte, escrito em 1953. Nele, von Braun previu que um homem chamado “Elon” conduziria a humanidade a Marte e seria consagrado como uma espécie de “Imperador Marciano”. Errol Musk afirmou que leu este livro sobre Marte e se inspirou neste personagem para dar nome ao filho, Elon Musk.

Ele também declarou que, ao casar-se com Maye Musk, descobriu que o avô da esposa se chamava John Elon Haldeman, o que também serviu de incentivo na escolha do nome do filho. Curioso é o fato de Elon Musk não apenas ter o mesmo nome do personagem de Von Braun, mas carregar a mesma missão de colonizar Marte. Até que ponto isso foi programado para ele ou se trata apenas de uma estranha coincidência é muito difícil de delimitar.

Parece que Musk segue esta visão de mundo de seu pai. Ela já argumentou muitas vezes que a humanidade precisa urgentemente aumentar a taxa de natalidade. Do contrário, enfrentaríamos uma catastrófica crise demográfica

Porém, outro estranho precedente na genealogia de Musk foi seu avô materno, Joshua Norman Haldeman, filho de John Elon Haldeman, que nasceu nos Estado Unidos mas foi morar no Canadá ainda jovem. Nos anos 30, Joshua passou a integrar o chamado “Movimento Tecnocrata”, que partia da visão de que engenheiros e cientistas seriam os mais qualificados para governar, e não o povo. Eles compareciam aos eventos em uniformes cinza padronizados e se cumprimentavam com saudações. Este detalhe causa estranheza, principalmente quando descobrimos que Errol, o pai de Musk, afirmou numa entrevista de 2024 que Joshua simpatizava com a Alemanha nazista durante a 2ª Guerra Mundial.

Alguns acreditam que Musk, por exemplo, estaria seguindo esta mesma linha em sua fala recente na Cúpula de Governos Mundiais, onde explicou que teremos em breve robôs humanoides operados por inteligência artificial e que não haverá necessidade de dinheiro no futuro próximo. O Movimento Tecnocrata acabou sendo proibido no Canadá, e Joshua chegou a ser preso acusado de participação em organizações ilegais. Alguns críticos afirmam que Musk está seguindo os mesmos caminhos de seu avô, estando empenhado em instalar uma tecnocracia distópica.

Após o fracasso do Movimento Tecnocrata, Joshua ingressou no Partido do Crédito Social, do qual foi presidente nacional. O objetivo do grupo era combater a deficiência de poder de compra por meio da emissão de dinheiro adicional aos consumidores e da oferta de subsídios aos produtores. O objetivo seria desassociar a produção do sistema de preços mas mantendo a propriedade privada das empresas e o lucro. Isso é muito semelhante ao que Musk acabou de sugerir nos EUA. O magnata da tecnologia afirmou nesta semana que ele e o presidente Trump discutirão um “dividendo DOGE”, que seria uma espécie de reembolso de imposto repassado a todos os contribuintes. É como se eles repassassem para a população uma parte dos valores que haviam sido desviados por instituições como a USAID. Alguns analistas entendem que esta seria uma estratégia para preparar a população para a renda básica universal, uma proposta que Musk já endossou muitas vezes.

O próprio pai de Musk contribui com outras estranhezas. Errol Musk teve dois filhos com a enteada Jana Bezuidenhout, filha de Heide Bezuidenhout, que foi casada com Errol por 10 anos. O pai de Musk conheceu a enteada quando ela tinha apenas quatro anos de idade. Quando criticado sobre o caso, Errol afirma que a única coisa para a qual estamos na Terra é para nos reproduzir, defendendo que, se pudesse ter outro filho, ele teria.

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Parece que Musk segue esta visão de mundo de seu pai. Ela já argumentou muitas vezes que a humanidade precisa urgentemente aumentar a taxa de natalidade. Do contrário, enfrentaríamos uma catastrófica crise demográfica. O próprio Elon possui, pelo menos, 12 filhos. Exceto um, todos os demais foram gerados por fertilização in vitro ou barriga de aluguel. Críticos afirmam que se trata de um procedimento padrão da elite, que se preocupa com programas de reprodução para manter um controle genético sobre sua linhagem. Quase uma eugenia.

O estranho é que Donald Trump acabou de assinar uma ordem executiva para tornar a fertilização in vitro mais acessível para os americanos comuns. Muitos temem que isso abra margem para que alterações não desejadas e não autorizadas pelos pais sejam inseridas sem o conhecimento e consentimento dos progenitores. Outro aspecto é o projeto do Vale do Silício de criar “super bebês”. Uma matéria recente afirma:

“A família faz parte do próximo boom a atingir o Vale do Silício: tecnologia de fertilidade para produzir ‘super bebês’. Empreendedores de tecnologia de alto perfil como o CEO da Open AI Sam Altman, a CEO da 23andMe Anne Wojcicki e o empresário bilionário Peter Thiel estão apoiando startups com nomes como Orchid Health, Gattaca Genomics e Genomic Prediction. Essas empresas prometem dizer aos futuros pais como ‘mitigar mais riscos’ e capitalizar o ‘potencial da vida’. Eles se oferecem para rastrear embriões para condições multigênicas, como doenças cardíacas, diabetes e depressão. ‘Vai ficar uma loucura não rastrear essas coisas’, disse o fundador e CEO da Orchid”.

Vale lembrar que Peter Thiel é ex-patrão e mentor político do vice-presidente dos EUA J.D. Vance, que, por sua vez, também é um investidor na área de biotecnologia. Especialistas criticam a ideia dizendo que há limitações nesta tecnologia, e contestando o desejo dos pais de terem controle total sobre os filhos. Mas e se o objetivo final for o controle do Estado sobre os filhos? Por que Musk tem 13 filhos por inseminação ou barriga de aluguel? Estaria ele cumprindo o destino colocado por seu pai e seus avós? Somente o tempo dirá.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

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