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Danilo de Almeida Martins

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Vida

Nem João, nem Judas: para alguns, Moraes é Pilatos

O ministro Alexandre de Moraes. do STF. (Foto: Alejandro Zambrana/Secom/TSE.)

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Amado por uns, odiado por outros, a atuação do ministro Alexandre de Moraes é manchete em quase todas as mídias e jornais não só do Brasil, como também do exterior. Em sua grande maioria, os conservadores o têm como o grande vilão, epicentro dos problemas políticos e jurídicos do país, um traidor da pátria, assim como a figura de Judas. Os progressistas, por sua vez, tomaram-no como herói, guardião das instituições democráticas. Dentre os ministros, o mais amado, tal como foi João Evangelista entre os discípulos.

Em meio a esta polarização, há um grupo social que ainda não o rotula dessa forma, até mesmo por causa de sua própria condição etária. De fato, somente com o passar de alguns anos é que uma pessoa pode se colocar como de esquerda ou de direita, considerar-se como conservadora ou progressista. Educação, influências sociais, religião, valores morais e outros tantos fatores são determinantes para que alguém se decida por uma ou outra opção.

Nosso ministro Moraes ainda não se deu conta de que sua liminar vem matando progressistas e conservadores, à razão de dois por dia, segundo os dados do SUS

Em razão disso, os nascituros não qualificam o ministro Alexandre de Moraes seguindo esta estrutura sociológica guiada pela polarização hoje reinante. Como ainda não fazem o uso da razão, não têm plena convicção de seus valores e não optaram por nenhuma direção política. Entretanto, se idealizarmos a percepção dos bebês a respeito da figura do ministro, diante da sua decisão monocrática na ADPF 1141 que liberou o procedimento da assistolia fetal, fácil deduzirmos que eles o enxergam como Pilatos, o personagem bíblico que presidiu o julgamento de Jesus, na sua crucifixão.

Fetos com viabilidade de vida extrauterina que se converteriam nos progressistas ou conservadores de amanhã são submetidos a um lento processo que os queima quimicamente por dentro até sua morte, em uma impiedosa e excruciante tortura de iniquidade semelhante à sofrida por Jesus, também condenado sem nenhuma culpa.

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Tal como no relato evangélico, onde Pilatos questiona Jesus sobre o que seria a verdade, nota-se que uma desordenada cegueira impede que o julgador consiga percebê-la, mesmo que a própria verdade – em pessoa – esteja bem diante de si. Por isso, para acalmar sua própria consciência, profere sua sentença às pressas, negando direito à defesa, sucumbindo à pressão do Sinédrio ou, no atual caso, das feministas.

Imerso em uma crise político/jurídica sem precedentes, concentrado apenas em destruir ou salvar a democracia (a depender do ponto de vista), nosso ministro Moraes ainda não se deu conta de que sua liminar vem matando progressistas e conservadores, à razão de dois por dia, segundo os dados do SUS.

Entretanto, de forma semelhante ao que ocorreu na história, a vã atitude de lavar as mãos de nada valerá para aqueles que, no futuro, iriam aplaudir ou censurar sua obra. Estes, de direita ou de esquerda, já estarão incinerados quimicamente.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

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