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“Taxação dos super ricos!”, diziam as palavras de ordem, em vermelho, na plaquinha branca erguida por Lula no dia 02 de julho, durante uma caminhada com lideranças do PT na Bahia. A julgar pela reação da população presente, a proposta – ou então as autoridades petistas – não são nada populares. Nomes como os de Jerônimo Rodrigues, governador do estado, e Jaques Wagner, senador, foram vaiados no local.
Houve também aplausos, é claro, mas as vaias são, no mínimo, surpreendentes. Afinal, a Bahia é governada há 18 anos e meio pelo PT. Trata-se do estado onde Lula historicamente vence com folga: nas eleições de 2022, a Bahia entregou 72,12% dos votos válidos para o petista no segundo turno. Mas se as eleições fossem hoje, o cenário seria bem diferente. Pesquisa Genial/Quaest, divulgada em fevereiro, revelou que a desaprovação de Lula subiu 19 pontos percentuais na Bahia, atingindo 51%, enquanto a aprovação despencou de 66% para 47%. Um verdadeiro balde de água fria para o governo.
Mas, afinal, o que está acontecendo? Levantamento recente do Paraná Pesquisas mostra que 67% dos brasileiros já não acreditam na promessa eleitoral da “cerveja e picanha” de Lula, enquanto 71% culpam o presidente pela alta dos preços nos supermercados. Desesperado com a queda de popularidade e o desastre de comunicação que virou o seu governo (belo trabalho, hein, Sidônio?), Lula tem pisado fundo no acelerador de medidas populistas, como a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil. Mas, para financiar as propostas gastadoras, o governo precisa aumentar impostos. É daí que surge a nova campanha de propaganda petista: a “taxação dos super ricos” e a velha narrativa da guerra dos “ricos contra os pobres”.
É claro que o sistema tributário precisa ser aperfeiçoado - hoje os pobres são mais taxados do que os ricos proporcionalmente, por conta do alto peso dos impostos indiretos sobre mercadorias e serviços -, mas não é isso que Lula está buscando. Ele não está propondo um rearranjo dos problemas centrais do sistema tributário nem cortes de privilégios como jatinhos para ministros, viagens esbanjadoras de Janja, supersalários ou penduricalhos. Não. Ele está sim criando uma narrativa eleitoreira para colocar a maior parte da população ao seu lado contra um pequeno grupo, que quer pintar como o bode expiatório dos males do Brasil e da incompetência do seu governo.
A hipocrisia de Lula deixa tudo mais claro. Vamos começar pela tal taxação: Lula poderia dar o exemplo e começar por ele mesmo. O petista declarou possuir mais de R$ 7 milhões aplicados em uma previdência privada, mas disse que não é “frustrado por ser pobre”. Ele engana ao se colocar do lado dos pobres. Tal valor, convenhamos, não rima com “pobre” em lugar nenhum do mundo, muito menos no Brasil. Pelos parâmetros do próprio governo, Lula é um super rico e deveria ser taxado como tal. E isso sem falar dos imóveis e outros bens de Lula, inclusive os não declarados, como aqueles que o levaram a ser condenado na Lava Jato.
E não é só o patrimônio declarado que coloca Lula na ala dos super ricos: o não declarado também pesa. Durante a Lava Jato, o ex-presidente foi acusado de ter recebido, direta ou indiretamente, mais de R$ 80 milhões em propinas, o que resultou em multas e cobranças superiores a R$ 18 milhões pela Receita Federal. Como imposto no bolso alheio é refresco, Lula recorreu ao ministro Gilmar Mendes, do STF, que com sua canetinha mágica - que mais parece uma varinha mágica tal o grau de coisas incrivelmente absurdas que saem dela - fez os R$ 18 milhões de impostos simplesmente sumirem. Assim fica fácil defender a taxação dos super ricos, né, Lula?
Além disso, Lula se comporta como um verdadeiro milionário. Em uma visita ao sertão nordestino, o presidente ostentou um tênis da grife italiana Ermenegildo Zegna, avaliado em R$ 10.500,00 – o equivalente a cerca de sete salários mínimos dos trabalhadores que ele tanto diz defender. Também já foi visto com gravatas da francesa Louis Vuitton, custando entre R$ 1 mil e R$ 3 mil. E a primeira-dama, Janja? Essa então se comporta como uma super-hiper-mega-ultra rica: até para ir ao ginecologista ela pega carona de jatinho da FAB com o ministro Alexandre de Moraes. É de fazer inveja ao jet-set internacional; nem a realeza europeia vive tão bem. Esse é o mesmo que criticou a classe média porque “ostentam um padrão de vida acima do necessário”.
Agora, Lula quer convencer você de que o único culpado pela sua vida estar ruim é o Congresso, que recentemente derrubou o decreto que aumentava o IOF e assim poupou os brasileiros de financiarem ainda mais as viagens de luxo de Janja e as lagostas e vinhos dos ministros do STF. Segundo o presidente, toda vez que ele tenta tributar milionários “há uma rebelião”. Contudo, isso não faz sentido, porque a medida não atingia os super-ricos, mas toda a população. E aí, contra a rebelião que se opôs à suposta taxação dos milionários, o PT e o governo resolveram partir para a “guerra nuclear”: ressuscitaram a narrativa de “ricos contra pobres”, “nós contra eles” – uma campanha de ódio e desinformação que o PT domina como ninguém desde sua fundação.
A iniciativa irritou o Congresso e rachou até partidos da base aliada, como PP, União Brasil e Republicanos, todos com ministérios no governo. Esses partidos rapidamente responderam a Lula nas redes sociais. A disposição bélica do PT tem tudo para piorar o que já está ruim: pesquisa Genial/Quaest publicada ontem revelou que 51% dos deputados federais avaliam como negativa a relação com o governo; 46% têm uma visão negativa do governo Lula; e 57% não acreditam que o governo conseguirá aprovar suas propostas daqui para a frente. Se essa última percepção se confirmar, quem sairá ganhando é o povo brasileiro, que já não aguenta mais esse desgoverno.




