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Denúncia: em 8/1 houve ordem para PM usar munição letal

Um novo e controverso capítulo sobre os eventos de 8 de janeiro de 2023 veio à tona, sugerindo que o dia poderia ter sido marcado por uma "carnificina ou genocídio". Após dois anos e oito meses dos fatos, foi divulgada a informação de que a ordem do então responsável pelas ações de segurança, Ricardo Capelli, interventor da segurança pública do Distrito Federal, era para que os policiais atirassem com munição letal para dispersar os manifestantes, aceitando o risco de mortes.

A esposa do coronel da PM, Jorge Naime, preso por suposta negligência no policiamento denuncia que o interventor deu as ordens, mas o coronel recusou-se a cumprir. Ele segue em prisão domiciliar, aguardando julgamento e sendo perseguido por opositores políticos.

A ordem negada e a insurbodinação heróica

A suposta ordem, descrita como ilegal, teria sido dada ao coronel Naime, um oficial da Polícia Militar com 30 anos de serviços prestados no policiamento da capital federal. Segundo Mariana Naime, esposa do coronel, Capelli teria autorizado o uso de munição letal devido ao esgotamento das munição não letal, exclamando: "Vamos reprisar o Capitólio e você está autorizado a usar munição letal".

O coronel Naime, contudo, recusou-se veementemente a cumprir a ordem. Ele teria respondido a Capelli que agiria "conforme a técnica e a lei" e que não obedeceria a uma ordem ilegal. Naime enfatizou sua experiência de mais de 30 anos lidando com manifestações na Esplanada dos Ministérios sem nunca ter precisado recorrer a tais medidas. É importante notar que Naime, chefe operacional da PM-DF, estava de férias desde 3 de janeiro e foi acionado para ajudar no policiamento na Praça dos Três Poderes devido à sua experiência em segurança de grandes eventos, chegando ao local quando a invasão dos prédios públicos já havia ocorrido. Ele tentou evacuar os prédios o mais rápido possível e estava avançando com as tropas de forma técnica quando encontrou Capelli.

Consequências para o coronel Naime

A insubordinação de Naime, que é vista por alguns como um ato heroico que salvou muitas vidas, teve graves consequências para o militar. Semanas depois de ter desobedecido a ordem, ele foi preso sob acusação de omissão no policiamento da praça. Naime ficou meses em regime de solitária em um quartel da PM e, atualmente, está em prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica, aguardando julgamento, que já foi adiado três vezes. Ele teve seu salário cortado, está impedido de sair de casa para trabalhar e sofre "tortura psicológica", com ameaças de ser reconduzido à cadeia.

"Aberração Jurídica": A Pressão Após a Revelação

A situação do coronel Naime se agravou após sua esposa, Mariana Naime, trazer à tona publicamente essas informações cruciais em entrevistas. Em resposta, um "amigo" de Ricardo Capelli teria solicitado ao ministro Alexandre de Moraes que o coronel fosse reconduzido à prisão. Este pedido é considerado uma "aberração jurídica" pelo advogado de Naime, pois foi feito por uma federação de associações de praças das polícias estaduais, através de um policial de baixa patente identificado como Cabo Vitório.

O advogado de Naime esclarece que essa federação não possui legitimidade para intervir em um processo penal dessa natureza e que o pedido, que não partiu do Ministério Público, representa uma tentativa de coação e de calar a esposa do coronel por expor fatos verdadeiros, já contidos em depoimentos gravados no processo. Cabo Vitório é descrito como alguém com histórico de processos de ataques contra diversos oficiais e que, após filiar-se ao PSB – partido de Capelli – mudou sua postura de denunciar a PM-DF como "bode expiatório" no 8 de janeiro para defender o interventor.

A busca pela justiça e pela verdade

Enquanto a verdade sobre o 8 de janeiro de 2023 continua a vir à tona, a história do coronel Naime é apresentada como um exemplo de heroísmo e resiliência diante do que é caracterizado como uma "justiça persecutória, vingativa e fora da lei". O caso levanta sérias questões sobre o estado de direito e a necessidade de responsabilização por abusos de autoridade, com apelos para que o Congresso Nacional atue pela pacificação do país e pela retomada de uma justiça equânime.

***Após a edição deste vídeo recebemos a informação de que a PGR se pronunciou, negando o novo pedido de prisão do Cel Naime, feito pela FENEPE.

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