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Ideia da semana – O prazer não é tudo que importa

Divulgação
Cena do filme Vanilla Sky: baseado na ideia de Nozick.

Muita gente já escreveu e falou que nós, humanos, somos movidos pelo prazer e pela dor. Pelo desejo de um e pelo medo de outra. E que nosso comportamento seria moldado para seguir esses dois objetivos: conseguir o que é prazeroso e evitar o que nos causa dor. Assim, o prazer seria uma espécie de bem superior, e a dor o seu oposto.

Esse pensamento dá origem a um tipo de filosofia que se chama hedonismo. E também dá origem ao utilitarismo, que por sua vez pode definir que não há “certo” e “errado”, mas só utilidade, prazer, ou a ausência dele. E nos anos 1970, um filósofo norte-americano achou um jeito bem interessante de contestar isso.

A ideia de Robert Nozick, um professor de filosofia de Harvard, é de que, se nós queremos mesmo o prazer acima de tudo, nós deveríamos ficar fascinados caso alguém inventasse uma máquina que nos desse todos os prazeres possíveis. Algo como uma realidade virtual em que mergulharíamos e onde nossos prazeres fossem dados, nossas vontades fossem satisfeitas e não precisássemos encarar mais a realidade com seus tormentos.

Nozick, em seu livro “Anarquia , Estado e Utopia”, diz que, se criassem essa máquina, a prova de erros, poderíamos nos fazer a pergunta: é isso que queremos?

Boiar em líquido com fios ligados ao corpo, recebendo sensações de prazer de um mundo ilusório? Se o prazer for mesmo sinônimo de bem, não resta dúvida de que nossa resposta seria entrar de cabeça na tal “máquina de experiências”. Mas, é claro, ele imagina que nós não faríamos isso.

Nozick fornece três respostas para nossa recusa diante da máquina.

1 – Nós queremos fazer certas coisas, e não apenas ter a experiência de fazê-las.

2- Nós queremos ser um certo tipo de pessoa (alguém flutuando em um tanque é uma mancha indeterminada, diz ele).

3- Estar ligado à máquina de experiência nos limita a realidades produzidas pelo homem (nos limita ao que nós podemos fazer).

Hollywood já se aproveitou de temas semelhantes depois disso, em filmes como “Matrix” e “Vanilla Sky”. E dizem que isso é semelhante à ideia do filme hilariante do romance “Infinite Jest”, de David Foster Wallace.

A pergunta é: você entraria na tal máquina?

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