

Sereias: funciona toda vez.
Então, já que eu gostei da brincadeira de colocar poemas da canadense Margaret Atwood por aqui e já que ninguém reclamou, fica aí a terceira tradução da série. Esse é um pouco menos “pé no chão”, com uma pitada de simbologia, de metáfora e até um tom mitológico.
Mas, no fundo, é sobre a nossa terrível vaidade de querermos acreditar que somos únicos, entre tantos…
O canto da sereia
Esta é a canção que todos
gostariam de aprender; a canção
que é irrestível:
a canção que força os homens
a saltar ao mar em esquadrões
mesmo vendo as caveiras na praia
a canção que ninguém conhece
porque todos os que a ouviram
morreram, e os outros não se lembram
Será que eu te conto o segredo
e se eu contar, você me tira
dessa fantasia de pássaro?
Eu não gosto daqui
agachado nesta ilha
com essa aparência pitoresca e mítica
com esses dois maníacos emplumados,
eu não gosto de cantar
neste trio, fatal e valioso.
Eu te conto o segredo,
Para você, só para você.
Chegue mais perto. Esta canção
é um pedido de ajuda: me ajude!
Só você, só você pode,
você é único
Finalmente. Ai
é uma canção enfadonha
mas funciona todas as vezes.
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