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Fazia algum tempo que eu não escrevia por aqui. No entanto, enquanto planejava uma palestra para o Smart City, maior evento de cidades inteligentes das Américas, refleti profundamente sobre os desafios da educação. O cenário? Criatividade em baixa, leitura em queda, evasão escolar alarmante, apagão docente, inclusão deficiente, professores exaustos e tecnologia avançando sem rumo. Mais do que preocupante, esse cenário é assustador. E para que você não pense que estou falando sobre "achismos", trago aqui alguns índices e suas fontes para nossa reflexão:
- Criatividade: Uma das habilidades mais valorizadas pelo Fórum Econômico Mundial, está em baixa no Brasil. Segundo a OCDE/PISA, estamos entre os piores países em desempenho nesta área.
- Leitura: 53% dos brasileiros não leram nenhum livro em 2024 (Retratos da Leitura no Brasil).
- Alfabetização: 56% das crianças do 2º ano do Ensino Fundamental não aprenderam a ler e escrever no Brasil (UNICEF).
- Evasão Escolar: Quase 70 milhões de brasileiros com 18 anos ou mais estão fora da escola ou não concluíram a educação básica (Censo Escolar).
- Apagão Docente: Se a situação não mudar, teremos um déficit de 235 mil professores até 2040 (INEP).
- Inclusão: Aumento de 48% nas matrículas de alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), sem contar outros transtornos (TDAH, TOD, etc), e a escola não está preparada para promover uma inclusão real (Censo Escolar).
- Saúde Mental: 15,12% dos professores se afastaram do trabalho, e 77% desses afastamentos foram por problemas de saúde (Censo Escolar).
- Tecnologia: 95% da população de 9 a 17 anos usa internet no país, e o tempo de exposição às telas só aumenta, causando danos à concentração, aprendizagem, além de desinformação, riscos de crimes e ataques cibernéticos (DESMURGET).
E agora? O que podemos fazer para reverter esse cenário?
Essas respostas valem milhões. A verdade é que, como diria Edgar Morin, não há soluções simples para problemas complexos. E os problemas apresentados aqui são de extrema complexidade. Envolvem questões econômicas, históricas, sociais e culturais com raízes profundas. Contudo, como diz o hino nacional, nós, brasileiros, conquistamos a igualdade com braço forte e não fugimos à luta, mesmo quando a vontade de esmorecer é grande.
Quando pensei no título deste artigo e usei o termo "UTI", pensei em U (urgentemente), T (temos de) I (interferir). Então, vamos lá: arrisco aqui algumas possíveis ideias, e pequenas, porém importantes iniciativas para começar a mudar esse rumo caótico e transformar a educação para melhor.
1. Governos, Empresas e Sociedade Civil: Um Trabalho em Conjunto
É hora de dar as mãos. Criar políticas públicas, incentivos e promover uma cultura de apoio mútuo pode ajudar bastante. Não adianta culpar apenas o governo pelo caos na educação. Se você é pai ou mãe, o que está fazendo para acompanhar a vida acadêmica do seu filho? Está reforçando a aprendizagem em casa? Se é empresário, como tem contribuído com a sociedade?
2. Criatividade: Um Currículo para o Futuro
Precisamos de um currículo que estimule a criatividade, a experimentação e o pensamento crítico. As crianças devem ter acesso a diferentes estímulos, participar de projetos, olhar para além da "grade" curricular e conectar o que aprendem na escola com o mundo real.
3. Leitura: Incentive o Hábito de Ler
Incentivar a leitura desde cedo, com livros interessantes e atividades lúdicas, é essencial. E não apenas no ambiente escolar. Leia para uma criança ou leia na frente dela. Não adianta pedir para a criança ler se você está sempre no celular. Lembre-se: as palavras podem até inspirar, mas o exemplo arrasta.
4. Formação Docente: Investir nos Professores
Os cursos de licenciatura estão repletos de teoria que nunca será usada em sala de aula. Por isso, é essencial investir na formação continuada de professores, garantir salários dignos e boas condições de trabalho. Isso é o mínimo para ajudá-los com os desafios do cotidiano escolar.
5. Inclusão: Tornar a Escola Realmente Inclusiva
A inclusão vai além de uma simples matrícula. Precisamos de escolas mais inclusivas, com profissionais capacitados e recursos acessíveis. Mas para isso, é necessário investir na formação docente, além de proporcionar conhecimento e estratégias para as famílias e empresas.
6. Tecnologia: Usar com Responsabilidade
A tecnologia pode ser uma aliada na educação, mas precisa ser usada de maneira eficiente. Ferramentas interativas e conteúdos relevantes devem seguir as premissas da cidadania digital. As famílias precisam ter maior controle sobre o uso de tecnologias pelos filhos. Devemos falar sobre os riscos da tecnologia, alertar sobre os problemas e reforçar que ferramentas como o ChatGPT não são a solução para todos os desafios. E claro, a exposição às telas precisa ser reduzida.
7. Saúde Mental: Prevenção é a Melhor Solução
É essencial oferecer apoio psicológico para alunos e professores. Combater o estresse e o burnout deve ser prioridade, além de trabalhar a educação socioemocional de forma contínua.
8. O Papel das Iniciativas Gratuitas
Aqui no Instituto GRPCOM, oferecemos gratuitamente aos professores os projetos Ler e Pensar e Televisando, ferramentas que podem ajudar a enfrentar muitos dos desafios da educação. Se você é professor ou conhece algum, encaminhe este artigo a ele e ofereça essa oportunidade. As inscrições estão abertas até 30 de abril e esses projetos podem trazer soluções práticas para os problemas citados aqui.
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Clique para conhecer o Ler e Pensar
A educação é a chave para o futuro do Brasil. Vamos juntos construir um futuro mais criativo, leitor, inclusivo e justo.




