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Educação e Mídia

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Insights, tendências e reflexões – aproximações dos temas da Bett com a realidade escolar

Instituto GRPCOM participa da Bett Brasil 2025

(Foto: Acervo dos autores)

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No período de 28 de abril a 1º de maio de 2025, ocorreu em São Paulo – SP a Bett Brasil 2025, um dos maiores eventos da área de educação da América Latina, que anualmente apresenta as principais tendências e desafios das escolas, bem como oportuniza trocas de experiências, recursos, projetos, materiais e tecnologias aplicáveis da Educação Infantil ao Ensino Superior. Neste ano, o tema central do evento era Educação para enfrentar crises e construir futuros regenerativos; uma oportunidade significativa sobre os desafios das escolas e potenciais de desenvolvimento e qualificação das práticas pedagógicas. 

O Instituto GRPCOM esteve presente no evento, com Bruna Barbosa (Gestora do Projeto Televisando), Fabiane Picheth (Gestora do Projeto Ler e Pensar) e Maycon Moraes (Gestor da Plataforma EaD), que participaram nos dias 28 e 29 de abril, acompanhando palestras, workshops, rodas de conversa, fóruns e visitação em todo o pavilhão de expositores. Ambos consideraram que foi uma oportunidade significativa para conhecer as novidades, estreitar contatos e aprofundar reflexões sobre os temas mais latentes da realidade escolar brasileira, permitindo que aproximem estes mapeamentos dos planejamentos, discussões e projetos da Educação que coordenam no instituto. 

Dentre um cenário amplo que o evento apresentou, os gestores optaram em direcionar três grandes análises neste texto, são elas: 

  • O impacto do mundo digital na saúde socioemocional dos jovens; 
  • O legado educacional da gestão municipal; 
  • A aprendabilidade — um novo olhar sobre a habilidade de aprender continuamente. 

Na percepção e análise da Bruna Barbosa, uma das reflexões centrais da Bett esteve no impacto do mundo digital na saúde socioemocional dos jovens, segundo o Panorama da Saúde Mental 2024, 45% dos casos de ansiedade em jovens de 15 a 29 anos no Brasil estão associados ao uso intensivo de redes sociais. Em meio a tantos estímulos digitais, notificações que não param e uma vida cada vez mais conectada, é urgente refletir sobre os impactos desse cenário na saúde mental dos estudantes. Na Bett Brasil, a palestra “O impacto do Mundo Digital na Saúde Socioemocional dos Jovens”, com Rafaela Perim, consultora da Arco Educação, trouxe um olhar sensível (e necessário!) sobre como o excesso de telas está afetando o sono, a concentração e as relações sociais dos nossos jovens — e sobre o papel fundamental que a escola e a família têm para virar esse jogo.  

Mais do que apresentar dados preocupantes, Rafaela nos convidou a pensar em soluções reais. Como criar limites sem entrar em confronto? Como propor hábitos saudáveis sem parecer que estamos demonizando a tecnologia? Entre as estratégias, surgiram práticas simples, como pausas intencionais durante as aulas, uso consciente de dispositivos digitais e, principalmente, escuta ativa e empatia com os estudantes. Porque, no fim das contas, não se trata de proibir o uso das telas, mas de ajudar os jovens a construírem uma relação mais equilibrada com o mundo digital. E essa é uma missão que não cabe só à escola — é uma parceria que começa em casa, se fortalece na sala de aula e se reflete na sociedade. Dentre os caminhos possíveis para reverter esse cenário, estão iniciativas como trabalhar o letramento digital de forma transversal nos componentes curriculares, incentivar a criação de combinados com os estudantes sobre o uso das telas, oferecer momentos intencionais de desconexão e, promover uma escuta ativa em relação às emoções e aos desafios que eles enfrentam.  

Na análise e reflexões de Fabiane Picheth, o legado educacional da gestão municipal, foi a temática que mais chamou atenção, pois reforçou o impacto dos gestores que atuam como embaixadores da educação em suas cidades,  evidenciando que as  decisões políticas dos municípios em entender, tratar e focar a pasta da Educação como prioridade de planejamento e execução, realmente contribui para a qualidade da educação pública para além dos índices, pois reflete diretamente nas comunidades, na cidadania ativa e na qualidade de vida. 

No segmento da educação pública, Fabiane, participou do diálogo ativo entre Anna Penido (Diretora do Centro Lemann de Liderança para Equidade na Educação), Luziane Solon (Prefeita do município de Benevides – PA), Maria Silva Bacila (Secretária Executiva Pedagógica do Município de São Paulo) e Tatiana Klix (Diretora do Porvir), elas reforçaram que a atuação dos municípios em concentrar esforços na qualidade da educação pública, reflete na ampliação da arrecadação (ICMS educacional) que pode beneficiar melhorias em outras áreas e necessidades da cidade, mas acima de tudo influencia a participação, qualidade e co-responsabilidade de toda a população, ou seja, um investimento que traz frutos para toda a população. 

Dentre os temas que mais chamaram atenção do Maycon Felipe dos Santos, a aprendabilidade se destacou, o termo que vem do inglês Learnability (Learn + Hability) no português recebe a tradução de “aprendibilidade” e significa “aprender continuamente e com facilidade” ou ainda como “habilidade de aprender”. Já o termo “Aprendabilidade”, que também surge da mesma palavra learnability é cunhado pelo professor Edu Valladares, licenciado e bacharel em Letras pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e palestrante na Bett. Segundo ele, a Aprendabilidade vem como uma “habilidade de aprender com vulnerabilidade”, vulnerabilidade essa que Edu define como “apetite pelo risco”, ou seja, mesmo com medo de errar ou se envergonhar, se joga de cabeça no aprendizado.   

Para atuar e desenvolver a aprendabilidade com os estudantes, Valladares (que foi professor da Plataforma Descomplica durante 7 anos) define 3 eixos centrais: 

  1. Conexão: afeto, empatia, sensibilidade, escuta ativa, confiança e generosidade;  
  1. Habilidade: autoconsciência, autocontrole, autorresponsabilidade, autoconfiança, autenticidade e autonomia;   
  1. Estratégia: disciplina, método, design, processo, hábito e accountability   

Os dois primeiros, possuem características internas/pessoais que precisam ser trabalhadas e desenvolvidos antes do eixo estratégia, o qual possui uma conotação externa. O palestrante destacou a importância do processo pedagógico transformar as distrações em ferramentas para gerar aprendizagem, por exemplo: durante a sala de aula invertida podemos aplicar dinâmicas que instiguem conhecimentos prévios ou ainda “pequenos rumores/impressões” sobre o tema para potencializar a análise, trocas e organização das informações. O palestrante afirmou que a aprendizagem é um processo, nem sempre linear, o qual podemos buscar apoio nos 3R citados por Nira Bessler: 

- Repertório: é preciso se ter conhecimento e conteúdo;  

- Reflexão: é importante pensar de modo crítico o repertório adquirido, relacionando com suas próprias vivências e visões de mudo;  

- Realização: não basta apenas ter e refletir, é preciso colocar em ação, relacionar com a prática;   

Desta forma a aprendabilidade vai se desenvolvendo, ao nos conectarmos com os estudantes, explorando suas lacunas e potenciais, estaremos contribuindo significativamente para o desenvolvimento individual e coletivo. 

Enfim, este texto é um recorte de insights das inúmeras possibilidades e novidades que a equipe do Instituto GRPCOM conheceu na Bett, obviamente nos cabe reflexão e cuidado em entender, identificar, adaptar/utilizar e acima de tudo considerar nas escolhas a valorização dos estudantes, a ampliação da prática pedagógica ativa e colaborativa e a qualidade em sala de aula como um desdobramento e ganho para toda a sociedade. 

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