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A escola, idealmente um espaço legítimo e seguro para o aprendizado e desenvolvimento, tem sido palco direto ou indireto de crescentes atos de violência, um fenômeno que ecoa as complexas dinâmicas da sociedade contemporânea. Longe de ser um problema isolado, a violência no ambiente escolar é um sintoma que exige uma profunda reflexão sobre as responsabilidades sociais e o papel fundamental da família.
A violência nas escolas não se manifesta apenas em agressões físicas, mas também em bullying, cyberbullying, discriminação, vandalismo e até mesmo em atos extremos de atentados. Essas manifestações afetam profundamente a saúde mental e o desempenho acadêmico dos estudantes e professores, potencializando um clima de medo, insegurança e esvaziamento do real propósito da instituição educacional.
Os ecos da violência se expressam além do confronto entre os estudantes; recentemente, acompanhamos por meio de expressiva divulgação nas mídias, o caso de um pai no Distrito Federal que agrediu uma criança durante a apresentação da Festa Junina (coleguinha do seu filho), como uma forma de coibir as ações de bullying que vinham ocorrendo entre as crianças. Numa escala ainda mais assustadora, dias atrás, foi noticiado uma situação em São Paulo, a qual o pai atropelou propositalmente um adolescente de 14 anos para vingar o machucado do filho que seria proveniente de uma briga com a vítima atropelada.
Enfim, a pauta aqui não é policial, até porque se fosse, teríamos uma infinidade de casos e gravidades ocorrendo por todo o país; mas as perguntas que permeiam este breve cenário são: O que está levando a violência a níveis tão sérios? Por que os pais/responsáveis (adultos da relação) estão agindo com tanta violência? A moeda da violência é devolver de forma ainda mais cruel?
Um ponto inicial de análise está na sociedade, como um todo, a qual carrega uma parcela significativa da responsabilidade pela violência que invade as escolas, por meio da exposição contínua à violência na mídia, a naturalização de comportamentos agressivos, as desigualdades sociais, a falta de investimentos em políticas públicas de educação e bem-estar social; entre outros aspectos. Além disso, a glamourização da violência em filmes, jogos e redes sociais, muitas vezes sem a devida contextualização ou crítica, pode dessensibilizar jovens e distorcer sua percepção sobre o certo e o errado.
A omissão parental, a negligência afetiva, a falta de acompanhamento na vida escolar dos filhos e a reprodução de padrões de violência no próprio lar são fatores que fragilizam o desenvolvimento socioemocional dos jovens, tornando-os mais vulneráveis a comportamentos agressivos ou a se tornarem vítimas. Pais e responsáveis que demonstram interesse genuíno pela vida de seus filhos, que conversam abertamente sobre os desafios que enfrentam e que oferecem apoio emocional, criam um ambiente propício para o crescimento saudável e para a formação de cidadãos conscientes. Mas sabemos que seja na esfera social ou familiar, precisamos aproximar este desafio de ações práticas e possíveis no cotidiano, pois combater a violência nas escolas exige um esforço conjunto e contínuo.
É fundamental que a responsabilidade social seja abraçada por todos: governos, que devem investir em educação de qualidade, programas de prevenção e assistência psicossocial; da mesma forma, a família precisa reafirmar seu papel central na educação e formação de seus filhos. Isso implica em dedicar tempo, dialogar, ensinar a importância do respeito ao próximo e do valor da paz. Algumas questões que podemos considerar nesta mobilização coletiva:
- Para as famílias: Estabelecimento de limites claros e consistentes, monitoramento consciente do conteúdo, participação ativa na vida escolar;
- Para as escolas: Mediação de conflitos, canais de diálogo e escuta ativa, programas de prevenção e conscientização, formação contínua dos professores;
- Para a sociedade como um todo: Combate à desinformação e à violência na mídia, redes de apoio comunitárias, discussão clara e orientativa sobre a saúde mental e políticas públicas claras e assertivas.
A violência nas escolas é um espelho da sociedade. Para transformá-la, precisamos olhar para dentro, reconhecer nossas falhas e, juntos, construir um futuro que resgate nossa essência humana, em torno do respeito, segurança e solidariedade.
Que atitudes podemos tomar, individual e coletivamente, para que nossas escolas voltem a ser espaços seguros e de harmonia? O que você pai, mãe, responsável tem feito nesta seara? E você professor, professora; que caminhos indicaria nesta ação coletiva?




