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Entrelinhas

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Entrevista

Bragança analisa “Centrão na berlinda” e “clima para anistia”

Deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança (Foto: Zeca Ribeiro/Agência Câmara)

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Em entrevista concedida à coluna Entrelinhas, o deputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP) se posicionou novamente a favor da aprovação do Projeto de Lei da Anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. O parlamentar rebateu a análise de líderes da Câmara Federal, que dizem não haver “clima” para a tramitação do projeto. “O clima existe. É eles que não querem concordar que existe um clima”, declarou.

"Uma vez que você denuncia todas essas ações como sendo nocivas à cidadania brasileira e você aprova uma Anistia, tudo que foi feito de errado cai por terra”, destacou. Segundo o deputado, há um sentimento crescente entre parlamentares e a população pelo avanço da pauta, e a resistência em levar o projeto adiante se dá por interesses de um “pequeno grupo no Judiciário e nas lideranças partidárias”.

Centrão na berlinda sobre PL da Anistia: “Eles seguem a opinião pública”

Luiz Philippe também direcionou críticas ao Centrão, afirmando que muitos de seus membros evitam se posicionar com clareza diante da pressão popular. Para ele, os deputados desse bloco tendem a seguir a opinião pública ou a liderança partidária — o que, neste momento, coloca-os em uma posição de indecisão frente ao PL da Anistia.

“Eles não têm opinião pública. Se não tem população falando nada, eles vão seguir a liderança”, opinou. O deputado enfatizou a importância de uma mobilização social contínua para pressionar os parlamentares a se posicionarem. “A opinião pública tem que ser resiliente, tem que resistir. Ainda não vencemos, mas estamos nos trilhos", reforçou.

2026 à vista: “Não adianta só ocupar espaço e dizer que é de direita”

Ao projetar as eleições de 2026, Bragança destacou que a pauta da anistia será decisiva para os pré-candidatos da direita. Segundo ele, a próxima legislatura precisará tratar de temas estruturais, como a reforma do sistema judiciário, do sistema eleitoral e a revisão da reforma tributária. “A próxima eleição é fundamental para o Brasil, para que tenhamos uma chance de resgate da cidadania e do Estado de Direito”, avaliou.

O parlamentar criticou o que considera uma “falta de conteúdo” entre os presidenciáveis, que, segundo ele, focam na imagem e proximidade com Jair Bolsonaro, mas não apresentam propostas concretas. “Não adianta só ocupar o espaço, dizer que é de direita e, no segundo momento, não fazer reforma nenhuma”, observou.

Bragança critica reforma tributária: “Foi uma compra, não uma discussão”

Sobre a recente reforma tributária aprovada no Congresso, Luiz Philippe foi categórico ao afirmar que a proposta enfraquece o federalismo e ameaça a autonomia financeira de estados e municípios: “Foi a última gota d’água. Essa reforma destrói a capacidade de ajuste das realidades regionais”.

Ele citou o exemplo do setor ceramista em São Paulo, que pode ser afetado pela falta de liberdade local para ajustar alíquotas tributárias. Também criticou a criação de um comitê gestor centralizado em Brasília. “É uma utopia de planejamento central que nunca funcionou em nenhum país, muito menos em um país tão diverso como o Brasil”, apontou.

O parlamentar defende que a próxima legislatura “revise profundamente” a reforma tributária, que, em sua visão, compromete o desenvolvimento regional e concentra poder excessivamente na União.

Frente Parlamentar do Livre Mercado: balanço e desafios

Luiz Philippe também falou sobre sua atuação à frente da Frente Parlamentar do Livre Mercado, destacando o crescimento da iniciativa nos últimos dois anos e a necessidade de uma agenda liberal para o país, reforçando que “o Brasil não tem uma conjuntura favorável ao livre mercado”.

O deputado apontou problemas como a alta carga tributária, excesso de regulamentações e a dificuldade para empreender no país como entraves ao desenvolvimento econômico. “O atual governo trabalha contra o livre mercado de maneira indireta, com uma sanha arrecadatória”, analisou.

Ele destacou que a Frente atua em prol da economia como um todo, e não de interesses setoriais específicos, defendendo a desburocratização e o aumento da competitividade. Bragança passou o bastão para a deputada federal Carol De Toni (PL-SC) como presidente da Frente Parlamentar pelo Livre Mercado (FPLM) na Câmara dos Deputados da gestão 2025-2026 nesta terça-feira (08).

A posse da parlamentar aconteceu na inauguração da Casa da Liberdade, em Brasília. De acordo com a FPLM, será um espaço permanente dedicado à promoção do livre mercado, do empreendedorismo e das liberdades individuais.

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