Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Entrelinhas

Entrelinhas

Notas sobre política e variedades. Edição: Mariana Braga (marianam@gazetadopovo.com.br)

Bragança aponta “duas opções péssimas”: manter Lula ou ficar com Alckmin

(Foto: Zeca Ribeiro/Agência Câmara)

Ouça este conteúdo

O deputado federal Luiz Philippe de Orléans e Bragança (PL-SP) analisou, em entrevista à coluna Entrelinhas, o atual cenário brasileiro e apontou que as soluções políticas disponíveis para o país no momento são "péssimas". Segundo ele, tanto a manutenção do governo de Luiz Inácio Lula da Silva quanto a possibilidade de impeachment são opções insatisfatórias. "Manter o Lula no poder é péssimo para o Brasil, mas também fazer o impeachment seria péssimo. Afinal, quem assume depois dele? O problema está em quem vem depois, não apenas no próprio Lula", comentou, referindo-se ao vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).

Para ele, o Brasil só deixaria de estar em maus lençóis com a queda de toda a administração governamental. "O ideal seria que caísse toda a chapa, Lula e Alckmin, e todos os ministros envolvidos com um governo que tem relações suspeitas com terrorismo, narcotráfico e corrupção", afirmou, lembrando, no entanto, que a lei não prevê essa possibilidade. O deputado descreveu o grupo político que está no poder como "cúmplices de um sistema espúrio".

"O Centrão precisa mudar de lado"

Além disso, o congressista acredita que o grupo "fisiológico" do Congresso pode ser um obstáculo para a verdadeira transformação do país nas próximas eleições presidenciais. Ele vê a mobilização popular como um fator essencial para que os parlamentares de centro mudem de posição em relação às principais pautas da Oposição. "Eu acredito que só com pressão das ruas é que veremos o Centrão deixar o governo", disse. Para ele, a mudança precisa ser radical e envolver todos os atores do atual sistema político. "É um movimento de reforma, um movimento antissistema, e é isso que precisamos para salvar o Brasil", concluiu.

O parlamentar destacou a necessidade dessa "mudança substancial" até 2026. "O Centrão precisa sair do governo. Se eles realmente querem mostrar que estão do lado da população, precisam abandonar agora o governo e se unir à Oposição", reforçou. Dessa forma, o parlamentar enfatizou que o PL da Anistia deverá ser pautado no Congresso como resposta a uma pressão popular, especialmente se respingar na adesão dos parlamentares de centro.

Para o deputado, o projeto que prevê a anistia dos investigados pelo 8 de janeiro é uma questão humanitária. "Não vejo porque não avançar com o PL da Anistia, independentemente de quem está no poder. Isso tem que ser tratado com seriedade, não é uma questão partidária, é uma questão de humanidade", garantiu. "A omissão dos deputados do centro é uma falha humana, uma falha legislativa. Eles estão permitindo que continuemos a viver com presos políticos, sem um devido processo legal", declarou.

Bragança fala em "pior judiciário do mundo"

Cinco vezes durante a entrevista, Orléans e Bragança caracterizou o judiciário brasileiro como "o pior do mundo". O deputado ainda apontou que o Brasil vive uma "ditadura do judiciário com o executivo", caracterizando um sistema autoritário que, em sua visão, tem como objetivo consolidar um poder totalitário. Ele fez críticas à atuação do Supremo Tribunal Federal (STF), apontando para a falta de isenção dos ministros, especialmente diante de casos de grande repercussão, como o recente indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Em relação ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, que fez a denúncia contra Bolsonaro, o parlamentar também não economizou críticas. Para Orléans e Bragança, é ingênuo acreditar que o PGR agiu de forma autônoma e sem influências da Suprema Corte na elaboração de seu relatório. “A ideia de que agiu sozinho, sem nenhuma influência do STF, é uma expectativa completamente inocente e infantil. É claro que houve colusão e possivelmente até ameaças”, afirmou.

O deputado destacou uma fala do presidente do STF, Luís Roberto Barroso, que admitiu publicamente que o judiciário se transformou em uma corte política. “Ele mesmo afirmou isso numa manifestação pública que fez algum tempo atrás”, relembrou o parlamentar, avaliando que essa declaração é um reflexo de um comportamento que já pode ser observado nas decisões recentes da corte. “Certamente, haverá uma tendência, um viés político, tal como eles têm se manifestado nos últimos tempos. Não há porque mudarem esse comportamento de repente, a não ser que haja uma intervenção externa tão forte contra esse judiciário que os faça reverter suas posições”, destacou Luiz Philippe de Orléans e Bragança.

O mundo está de olho no Brasil

O congressista também chamou a atenção para o crescente reconhecimento internacional da crise jurídica no Brasil. “O que me impressionou é que jornais como o New York Times e o Washington Post, tradicionalmente de viés progressista, já estão reconhecendo que o judiciário brasileiro é um sistema nocivo. Eles estão fazendo um balanço honesto sobre a situação política e jurídica do Brasil”, observou. Para ele, o fato de publicações de esquerda estarem fazendo uma avaliação crítica do contexto nacional é um indicativo claro de que a situação está sendo amplamente reconhecida fora do país.

“O judiciário brasileiro é caríssimo e não entrega justiça. A cúpula é a pior do mundo. E, para mim, há um conjunto criminoso no poder no Brasil. Pessoas que agem em prol do crime organizado, e isso reflete diretamente no sistema judiciário”, declarou ainda Luiz Philippe de Orléans e Bragança, reforçando sua opinião de que a corrupção e a falta de imparcialidade estão no centro da crise que afeta o Brasil. “A justiça hoje age em prol do criminoso, e não em prol do cidadão e dos inocentes”, concluiu.

VEJA TAMBÉM:

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.