
Ouça este conteúdo
A jornalista Cristina Graeml, que chegou ao segundo turno no pleito para a prefeitura de Curitiba em 2024, foi filiada ao União Brasil na sexta-feira (26). Ela anunciou sua pré-candidatura ao Senado em aliança com o senador Sérgio Moro, líder estadual da sigla e pré-candidato ao governo do Paraná. Ao lado dela, Moro reforçou que Cristina entra para "a parte do partido que nunca esteve com o PT". Em entrevista exclusiva à Gazeta do Povo, Cristina falou sobre sua mudança de sigla, a visão sobre o papel do Senado, os conflitos envolvendo o Supremo Tribunal Federal, a prisão de Jair Bolsonaro e o futuro da direita no Brasil.
Entrelinhas: Por que a senhora decidiu mudar de partido neste momento e se filiar ao União Brasil?
Cristina Graeml: Para os eleitores é muito importante entender. De fora, a gente imagina que política partidária é simples, mas não é. Os partidos funcionam como empresas, têm donos, decidem quem vai disputar cada cargo. Eu senti isso na pele em 2024, quando não consegui legenda para disputar a prefeitura de Curitiba. Fui candidata por um partido pequeno, o da Mulher Brasileira, que nem me apoiou no segundo turno, mesmo eu sendo a primeira mulher a chegar a essa etapa na capital.
Depois, fui acolhida pelo Podemos, com muita gratidão ao senador Álvaro Dias e à deputada Renata Abreu, que até lançaram minha pré-candidatura ao Senado em 2026. Mas o cenário mudou. Estive em 65 cidades nos últimos meses e percebi a força da união com Sérgio Moro. Por isso, hoje, estamos juntos no União Brasil com o lema Força, União e Coragem.
Entrelinhas: O que aliança com Moro representa no cenário político do Paraná?
Cristina Graeml: É muito natural. Nossas pré-campanhas conversam com o mesmo eleitorado e trazem as mesmas bandeiras: combate à corrupção, segurança pública e enfrentamento ao crime organizado. Moro tem coragem, mostrou isso como juiz. Eu, como jornalista, também sempre enfrentei os poderosos. Agora, juntos, levamos essa energia para a política.
Entrelinhas: O Senado será palco central em 2026, especialmente por causa do STF. Como a senhora se posiciona sobre isso?
Cristina Graeml: Eu sempre fui crítica ao Senado atual. Há senadores combativos, como o próprio Sérgio Moro, mas eles são minoria. A eleição de 2026 é uma oportunidade histórica: renovar dois terços do Senado. Precisamos de parlamentares firmes, dispostos a enfrentar abusos do STF, inclusive com impeachment, se necessário. Hoje vivemos insegurança jurídica grave, jornalistas e humoristas condenados por falar a verdade. Isso só acontece porque o Senado não age. Eu serei no Senado a mesma Cristina do jornalismo: combativa, firme e corajosa.
Entrelinhas: Por que a senhora não ingressou no PL, partido de Bolsonaro, por ter proximidade com ele?
Cristina Graeml: Sempre tive relação respeitosa com o presidente Bolsonaro. Como jornalista, falava com ele por meio da assessoria, mas durante a eleição municipal tivemos contato direto. Ele chegou a oferecer legenda do PL para minha candidatura ao Senado, mas esbarrei em problemas internos do partido aqui no Paraná. Ele mesmo me disse: “Procure outro partido, o Brasil vai precisar de senadores conservadores”. Fui para o Podemos naquele momento, agora estou no União. Mas sigo conversando com parlamentares do PL e acredito que a centro-direita e a direita precisam estar unidas para salvar o Brasil em 2026.
Entrelinhas: Hoje Bolsonaro está preso em regime domiciliar. Qual sua avaliação sobre esse caso?
Cristina Graeml: A prisão é ilegal. Ele não foi denunciado pela PGR no processo de coação, então não poderia estar cumprindo prisão domiciliar com tornozeleira. Juristas como Sebastião Coelho e Ludmila Lins Grilo têm mostrado isso. O que vemos é abuso de autoridade e mais uma prova de como o Judiciário foi contaminado.
Entrelinhas: Além dos temas nacionais, quais as preocupações do Paraná que você pretende levar para o Senado?
Cristina Graeml: Os prefeitos e vereadores querem um senador municipalista. Estão preocupados com a reforma tributária, que vai concentrar recursos em Brasília e deixar estados e municípios de mãos atadas. Meu compromisso é abrir as portas do Senado para as lideranças locais e trazer de volta os recursos que pertencem ao Paraná.
Mas, claro, sem perder de vista o que o Brasil enfrenta: corrupção, insegurança pública e degradação moral. Vou lutar por Curitiba, pelo Paraná e pelo Brasil.





