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O advogado de Jair Bolsonaro, Paulo Cunha Bueno, criticou a divulgação de parte do depoimento do tenente-coronel Mauro Cid, publicado pelo jornal O Globo. Em publicação na rede social X neste domingo (26), ele afirmou que a defesa do ex-presidente foi "surpreendida pelos reflexos de uma investigação que se tornou insólita por sua disfuncionalidade legal". Bueno classificou a divulgação como um exemplo dos "detestáveis e recorrentes vazamentos seletivos".
Segundo o advogado, a defesa de Bolsonaro tem sido prejudicada por não ter acesso integral aos termos da colaboração premiada de Cid. Ele destacou a contradição do sigilo do caso, uma vez que "enquanto lhe é sonegado acesso legal aos termos da referida colaboração, seu conteúdo, por outro lado, veio e continua sendo repetidamente publicizado em veículos de comunicação". Para ele, essa situação viola o direito à ampla defesa dos investigados.
Bueno enfatizou que a divulgação do depoimento de Mauro Cid apenas reforça a desigualdade de acesso às informações do inquérito, prejudicando a defesa do ex-presidente. Ele opinou que "enquanto as defesas são impedidas de ter ciência plena do teor das acusações, as informações são livremente disseminadas na imprensa, criando um cenário de desequilíbrio processual". O advogado destacou que essa dinâmica compromete o direito à ampla defesa e fere os princípios do devido processo legal.
Ele ainda classificou a situação como um reflexo de investigações "semissecretas", nas quais "às defesas é dado acesso seletivo de informações, impedindo o contexto total dos elementos de prova". Bueno expressou indignação com o que chamou de "distorção da legalidade", alertando que a preservação do Estado Democrático de Direito depende da transparência e da garantia de direitos iguais entre acusação e defesa.
Paralelamente, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmou nesta segunda-feira (27) que não há elementos para indiciar a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) no inquérito sobre a suposta tentativa de golpe. A fala ocorre após os dois terem sido citados no primeiro depoimento da delação de Mauro Cid.
Rodrigues explicou que a colaboração premiada de Cid não implica automaticamente em responsabilização. "São apontados elementos que podem nos levar a coletar provas para responsabilizar, ou não, essas pessoas", declarou.
Conteúdo editado por: Mariana Braga





