A Controladoria-Geral da União (CGU) apontou, em novo relatório, que o INSS ignorou alertas e não tomou medidas efetivas para impedir descontos não autorizados nos benefícios de aposentados e pensionistas, mesmo após alertas do TCU e da própria CGU. A fraude foi revelada pela Operação Sem Desconto, que identificou 11 entidades envolvidas no desvio de valores.
Apesar de uma Instrução Normativa interna e da recomendação do TCU para adotar biometria facial e assinatura eletrônica, o INSS só implementou parcialmente os controles a partir de julho de 2024 — e com soluções consideradas “precárias” pela CGU. O bloqueio efetivo dos repasses só ocorreu após a operação da PF, em abril de 2025.
Auditorias internas e da CGU já indicavam que cerca de 91% dos beneficiários negavam ter autorizado os descontos, e muitos sequer sabiam da existência deles. A falta de acesso ao extrato físico desde 2020 e o desconhecimento do aplicativo Meu INSS dificultaram a detecção das cobranças irregulares. A CGU criticou a confiança do INSS na promessa das entidades de enviar documentação adequada e alertou para o risco de ressarcimento aos prejudicados.
Damares protocola CPMI do INSS
A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) protocolou um pedido de criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar a fraude bilionária no INSS, que teria atingido cerca de 9 milhões de aposentados e movimentado R$ 6,3 bilhões. O requerimento conta com apoio de 223 deputados e 34 senadores — mais que o mínimo necessário. Damares afirma que a CPMI busca apurar responsabilidades de todos os governos, incluindo o de Bolsonaro. A oposição mudou de estratégia após a CPI da Câmara ser travada por Hugo Motta (Republicanos-PB). O governo tenta barrar a iniciativa, alegando que é um “factoide” e teme o uso político da investigação. A ministra Gleisi Hoffmann e o deputado José Guimarães atuam nos bastidores para frear a comissão, enquanto o presidente Lula responsabiliza o governo anterior pela fraude e diz “não ter pressa” para investigar.
Lula tenta culpar Bolsonaro por fraude no INSS, mas desvio triplica em seu governo
Com o presidente Lula fora do país desde a semana passada, ministros do governo ficaram encarregados de gerenciar a crise gerada pelas fraudes nos descontos indevidos de aposentados e pensionistas do INSS. A ausência do presidente, que só se pronunciou dias depois, deu espaço para disputas internas no governo e desgaste político. Durante viagem à Rússia, Lula culpou o governo Bolsonaro pelas irregularidades, afirmando que a "quadrilha" foi criada em 2019. Contudo, os valores desviados aumentaram significativamente já durante seu mandato — passando de R$ 706 milhões em 2022 para R$ 2,8 bilhões em 2024. O escândalo levou à demissão do presidente do INSS e do ministro da Previdência, Carlos Lupi. A investigação também envolveu entidades suspeitas, como o Sindinapi, cujo vice-presidente é Frei Chico, irmão de Lula. Aliados do Planalto temem que a estratégia de responsabilizar o governo anterior acabe expondo o atual, caso sejam encontradas ligações diretas.
Lula é alvo de moção de repúdio após participar de evento com líderes autoritários
O presidente Lula (PT) virou alvo de um pedido de moção de repúdio na Câmara dos Deputados por participar do “Dia da Vitória” na Rússia, evento promovido por Vladimir Putin e marcado pela presença de 19 líderes autoritários, como Maduro, Xi Jinping e Díaz-Canel.
O pedido foi apresentado pelo deputado Zucco (PL-RS) à Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional. Segundo ele, a presença de Lula afronta a ordem internacional, os valores democráticos da Constituição brasileira e serve como propaganda do regime russo. Zucco também acusa o presidente de comprometer a neutralidade do Brasil ao aparecer ao lado de ditadores, o que, segundo ele, mina a legitimidade do país como mediador internacional. O Itamaraty, por meio do ministro Mauro Vieira, minimizou a situação, dizendo que “não vê problema nenhum” na participação do presidente no evento.
Missão oficial na Argentina aponta perseguição e risco de tráfico humano contra refugiados do 8/1
Os senadores Magno Malta, Eduardo Girão e Damares Alves participaram de uma missão oficial na Argentina para apurar a situação de brasileiros presos ou refugiados após os atos de 8 de janeiro de 2023. A visita, feita pela Comissão de Direitos Humanos do Senado, incluiu reuniões com autoridades argentinas e advogados que defendem os brasileiros.
Segundo os parlamentares, há relatos de violações de direitos humanos, ausência de devido processo legal e más condições nos presídios. Eles alertaram ainda sobre o risco de tráfico humano entre os foragidos e denunciaram abusos do sistema judiciário brasileiro. Um relatório será enviado à CDH. A missão foi acompanhada por uma entidade americana de direitos humanos.
"Não existe direita sem Bolsonaro", diz Tarcísio em evento nos EUA
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou que não há direita no Brasil sem Jair Bolsonaro. A declaração foi feita durante um evento do grupo Esfera, em Nova York, nesta segunda-feira (12). Apesar de inelegível por decisão do TSE, Bolsonaro segue sendo apontado como principal nome da oposição.
A fala ocorreu após o ex-presidente Michel Temer sugerir que governadores da oposição se unam em torno de uma candidatura única em 2026. Além de Tarcísio, também são cogitados os nomes de Ratinho Junior, Zema, Caiado e Eduardo Leite.
Correios têm prejuízo bilionário e culpam “taxa das blusinhas”
Os Correios fecharam 2024 com prejuízo de R$ 2,6 bilhões, resultado quatro vezes maior que o registrado em 2023. A estatal atribuiu o rombo à queda nas receitas com encomendas internacionais, afetadas pela chamada “taxa das blusinhas” — como ficou conhecida a cobrança de impostos sobre remessas de até US$ 50, principalmente da China. Segundo a empresa, a perda gerada por essa medida foi de R$ 2,2 bilhões só neste ano.
Para conter a crise, os Correios anunciaram um pacote de medidas para reduzir R$ 1,5 bilhão em despesas em 2025. As ações incluem suspensão de férias, redução da jornada de trabalho com corte proporcional de salários, desligamento voluntário e retorno obrigatório ao trabalho presencial para a maioria dos funcionários.
STF mantém julgamento de Zambelli por invasão ao CNJ
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, rejeitou o pedido da defesa da deputada Carla Zambelli (PL-SP) para suspender o julgamento da ação penal em que é acusada de envolvimento na invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ocorrida em 2023.
A defesa alegava que a Câmara deveria avaliar o caso com base no artigo 53 da Constituição, que permite sustar processos por crimes cometidos após a diplomação do parlamentar. No entanto, Moraes afirmou que os crimes ocorreram antes da diplomação de Zambelli para o atual mandato e que a fase de julgamento já foi iniciada, o que impede a intervenção da Câmara.
A Primeira Turma do STF já formou maioria para condenar Zambelli a 10 anos de prisão e à perda do mandato, além de multa de R$ 2 milhões por danos materiais e morais. O hacker Walter Delgatti, que confessou participação no ataque ao sistema, também é réu no processo. Já votaram pela condenação os ministros Alexandre de Moraes (relator), Cristiano Zanin, Flávio Dino e Cármen Lúcia. Falta apenas o voto do ministro Luiz Fux.
O programa Entrelinhas é transmitido ao vivo pelo canal da Gazeta do Povo no YouTube, de segunda a sexta-feira, às 15h. Sob apresentação da jornalista Mariana Braga e Frederico Junkert, o programa oferece análises aprofundadas e entrevistas exclusivas com protagonistas da política nacional, abordando os principais temas que impactam o cenário político brasileiro.




