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O senador Eduardo Girão (Novo-CE) critica o início da atual gestão de Davi Alcolumbre (União - AP) na presidência do Senado Federal. O novo líder da Casa foi eleito no início do mês, substituindo Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Girão, que disputou essa vaga da presidência neste ano, alertou em outra entrevista à coluna e ao programa Entrelinhas sobre “como as coisas poderiam piorar”: segundo ele, os parlamentares “sentiriam saudade até de Pacheco”.
Desta vez, Girão inicia a conversa com a coluna destacando que existe uma inatividade no Parlamento durante as duas semanas desde a eleição de Alcolumbre. Isso, de acordo com o senador, já torna a atual gestão pior do que a anterior. “Foi antes do que a gente imaginava essa saudade, viu?”, reforça. “Nós não tivemos nenhuma atividade no Senado Federal há duas semanas. Zero. Nem discurso”, desabafa. Para o congressista, essa ausência de discussões sobre temas importantes, como as denúncias contra o governo Lula e o Supremo Tribunal Federal (STF), reflete um esforço para silenciar a oposição.
Girão denuncia "silenciamento da oposição"
“Quem ganha com isso? Quem é o beneficiado com esse silêncio, com o plenário fechado durante duas semanas?”, questiona o senador. Girão acredita que esse cenário favorece o governo e o STF, que buscam evitar críticas. Ele também lamenta o fato de o Senado Federal não ter discutido temas cruciais, como a visita recente de Pedro Vaca, relator da Organização dos Estados Americanos (OEA).
“O que aconteceu durante esses dias da visita do relator da OEA para o Brasil, na tribuna do Senado? Nada. Ele estava fechado”, analisa. Anteriormente, a vinda desse representante da Comissão Interamericana dos Direitos Humanos (CIDH) era esperada pela direita do Congresso como a oportunidade de expor mundialmente as irregularidades do Judiciário, as prisões políticas e a censura à oposição.
Além disso, o senador revela seu desconforto com os altos benefícios recebidos pelos parlamentares, enquanto a Casa não produz à altura. “Eu me sinto constrangido de receber um salário de 46 mil reais todos os meses, com todo tipo de apoio da estrutura, assessores, gabinete podendo contratar até 250 mil reais por mês”, desabafa.
Girão não quer se reeleger ao Senado em 2026
Em seguida, o parlamentar ainda revela à coluna que, após oito anos no Senado, considera esse período "muito tempo" e se posiciona contra a reeleição, ressaltando que é essencial "oxigenar" a política com a chegada de novos rostos.
“Eu, de princípio, por princípios, sou contra a reeleição. Acho que é importante renovar a Casa com novos políticos, pessoas que venham das ruas para cá”, opina Girão. Segundo ele, a renovação é vital para o fortalecimento da democracia. “Só assim conseguiremos ter uma democracia realmente pujante”, completa.
Da mesma forma, o senador comenta sobre o desafio de abrir espaço para novos políticos em um cenário dominado por figuras tradicionais. “Com 70 milhões de reais de emendas, todos os anos, para senadores, é difícil alguém de fora da política entrar aqui dentro”, reconhece.
Apesar das dificuldades, Girão enfatiza que continuará trabalhando para combater a “velha política”. “Nós vamos trabalhar firmemente para que não se perpetuem esses políticos da má política, da velha política, do 'toma lá dá cá', do balcão de negócios”, conclui.





