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Entrelinhas

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Entrevistas exclusivas com protagonistas da política. Edição: Mariana Braga (marianam@gazetadopovo.com.br)

Entrevista

“Ser deputado é mais perigoso do que ser policial de rua”, diz Palumbo

(Foto: Vinícius Loures / Câmara dos Deputados )

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O deputado federal Delegado Palumbo (MDB-SP) comentou em entrevista à coluna Entrelinhas sobre as dificuldades enfrentadas no ambiente político. "Nunca pensei que ser deputado seria mais perigoso do que ser delegado de polícia", refletiu, lembrando-se do seu tempo nas operações especiais da Polícia Civil. Para ele, o ambiente político se tornou mais hostil do que a atuação policial, com parlamentares sendo perseguidos por suas opiniões.

Palumbo também chamou atenção para a discriminação que, segundo ele, ocorre dentro do próprio Congresso, com uma diferença de tratamento entre os parlamentares da direita e da esquerda. "Os deputados de direita sofrem perseguições e a esquerda, muitas vezes, recebe tratamento diferente", afirmou, citando que membros do Partido Socialismo e Liberdade (Psol) conseguem, segundo ele, impunidade por "comportamentos inaceitáveis". Ele destacou que, enquanto isso, Marcel Van Hattem (Novo-RS) foi indiciado pela Polícia Federal (PF) e Nikolas Ferreira (PL-MG) foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

Em relação à liberdade de expressão, Palumbo declarou que a esquerda busca limitar as falas dos opositores, ao contrário da direita. "A direita acredita na liberdade e na democracia”, opinou, reiterando sua preocupação com o que ele considera uma tentativa de limitar o debate político e invalidar a imunidade parlamentar dos congressistas da Oposição. O deputado contou ainda que enfrenta desafios ao fazer oposição dentro de um partido da base aliada do governo Lula, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB).

Lewandowski: "Polícia não sabe prender"

O deputado federal opinou sobre a declaração do ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Lula, Ricardo Lewandowski, que afirmou que "a polícia não sabe prender". Para o parlamentar, a fala foi "inapropriada e infeliz”. Ele acredita que, como ministro, Lewandowski deveria apoiar as forças policiais, em vez de criticá-las. Palumbo, que tem experiência como delegado, destacou que os policiais arriscam suas vidas no combate ao crime e, muitas vezes, veem criminosos sendo soltos logo após a prisão.

O parlamentar fez críticas ao sistema judiciário, afirmando que a falha não está na atuação da polícia, mas no processo judicial. "Não é a polícia que solta traficante com 800 quilos de maconha numa audiência de custódia", disse. Ele lembrou que Lewandowski, como juiz no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), foi o responsável pela criação das audiências de custódia, que, segundo ele, acabam beneficiando criminosos. "Será mesmo, ministro, que é a polícia que prende mal? Ou são os senhores que julgam mal?", questionou.

"PL da Anistia tem potencial para passar"

Sobre o que chamou de "hipocrisia no sistema judicial", Palumbo citou casos como o de Débora Rodrigues, que foi presa por escrever a frase "Perdeu, mané", proferida pelo ministro Luís Roberto Barroso, na estátua do Supremo Tribunal Federal (STF). O parlamentar lembrou que, enquanto ela está presa há dois anos sem julgamento, o deputado André Janones, que confessou "rachadinha", não enfrenta consequências. "É com muita revolta que vejo essas disparidades", reforçou.

Palumbo ainda comentou sobre o Projeto de Lei (PL) da Anistia, destacando que acredita que o projeto tem potencial para passar, mas lamentou que alguns parlamentares e partidos, como o Psol, resistem à sua aprovação. "Eu acredito que esse projeto é uma questão de justiça, e a vontade popular não pode ser ignorada", frisou.

Falando sobre as estratégias para garantir a aprovação do PL da Anistia, Palumbo destacou a importância da pressão popular e de uma articulação mais firme no Congresso. "A pressão das ruas é importante, mas os parlamentares precisam se envolver de forma mais efetiva", observou. Ele também mencionou que o apoio de alguns membros do Centrão e de políticos como Gilberto Kassab, presidente do Partido Social Democrático (PSD), pode ser crucial para a aprovação da proposta. "O Centrão tem que se posicionar de forma clara, e não é hora de hesitar", declarou.

"Covardia do Congresso"

Sobre a atuação do Supremo Tribunal Federal, o deputado criticou o que considera ser uma postura excessiva e um abuso de poder. "O Supremo não pode ser absoluto. Nós, do Congresso, precisamos ter a coragem de combater os abusos", defendeu. Ele mencionou casos como a prisão do ex-deputado Daniel Silveira, que, para ele, nunca deveria ter acontecido. "Falar não leva ninguém à cadeia", disse.

Para ele, a situação do Congresso é cada vez mais difícil, com parlamentares "se acovardando" diante dos abusos do poder judicial. "A covardia no Congresso é o que tem permitido que o Supremo se torne mais forte, enquanto nós ficamos menores", concluiu, reiterando a necessidade de um movimento mais firme dentro da Casa Legislativa para combater os “excessos judiciais e garantir que a voz do povo, representada pelos deputados e senadores, seja respeitada”.

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