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Às vésperas da manifestação deste domingo (03), na Avenida Paulista, em São Paulo, além de outras agendadas pelo país, o pastor Silas Malafaia conversou com a Gazeta do Povo sobre o ato, criticou o Supremo Tribunal Federal, o Senado e o presidente Lula. Além disso, expôs as perspectivas para as eleições de 2026, comentou sobre o impacto internacional da Lei Magnitsky e rebateu acusações contra Jair Bolsonaro. O pastor ainda deu sua opinião sobre o documentário Apocalipse nos Trópicos, que o cita.
Entrelinhas: Pastor, o senhor já participou de diversas manifestações nos últimos anos. Qual é a diferença desta para as anteriores?
Silas Malafaia: A diferença é que agora não é só gritar, não é só fazer uma passeata. É parar o país pacificamente. Eu não concordo com quebra‑quebra, nada disso. Mas nós precisamos marcar posição e pressionar. Se o povo não reagir, vamos ter que esperar 2026. Só a paralisação pacífica, a manifestação em todo o Brasil, vai mostrar que nós não aceitamos essas injustiças.
Quatorze horas, em todas as cidades brasileiras. Vamos marcar nossa posição na Avenida Paulista, que é o tambor político do Brasil. Essa é a nossa hora e a nossa vez de exercer a nossa cidadania. Anistia total e vamos seguir a vida em paz, que é isso que o Brasil precisa.
Entrelinhas: Para o senhor, só uma pressão popular pode mudar o cenário brasileiro antes de 2026?
Silas Malafaia: Exatamente. Se tivéssemos um Senado forte, bastava uma ligação do presidente do Senado para o presidente do STF: “Amigo, ou para, ou nós vamos apresentar aqui um pedido de impeachment”. Nem precisava pautar, era só conversar antes. Mas não: rabo preso, alguns devendo, outros atrás de cargos e espólios que o governo Lula oferece. Então, agora, só a revolta do povo, parar pacificamente o país. Sem quebra-quebra, mas parando a nação. Se não for isso, só 2026.
Entrelinhas: Recentemente, Lula disse que mandatos de 4 e 5 anos já não são suficientes. Serão eleições justas se Bolsonaro não estiver elegível em 2026?
Silas Malafaia: Lula está só mostrando o que ele é e a intenção dele. Querem fazer uma democracia de farsa, uma eleição de farsa, como na Venezuela e na Nicarágua. Querem dominar e controlar, e estão trabalhando para isso: controlando o STF, mandando gente para lá, controlando as instituições, controlando grande parte da imprensa com grana. Agora, deixa eu ser franco: ainda tem muita água para rolar nessa questão de Bolsonaro. Por mais caótica que pareça, ainda não está definido se ele vai ser candidato ou não. E Bolsonaro, elegível ou inelegível, vai decidir essas eleições.
Entrelinhas: O senhor menciona possíveis nomes para 2026? Michelle é a principal opção?
Silas Malafaia: Não existe só Michelle. Tem Tarcísio, tem Ratinho, os filhos do presidente, o Flávio ou o Eduardo. Eu ainda acho que a família do presidente tem que ter muita cautela, mais do que todo mundo, porque se eles começarem uma briga para ver quem é quem, vai sinalizar para o povo brasileiro que Bolsonaro já era. Então eles têm que ter muito cuidado e sabedoria. Mas, por enquanto, eu não acho que tenha apenas uma pessoa. Eu acho que há vários, e vamos esperar a história para ver. Para mim, Bolsonaro continua como candidato.
Entrelinhas: O senhor tem sido crítico do ministro Alexandre de Moraes. Por que, na sua opinião, os pedidos de impeachment não avançam no Senado?
Silas Malafaia: Eu vou na ferida. Eu lamento ter que dizer isso aqui. Sabe por que o projeto de impeachment de Alexandre de Moraes não foi pautado? Porque, lamentavelmente, além da gente ter a esquerda, nós temos uma direita vagabunda. Temos a direita séria, mas também uma grande parte que se vende por cargo. Esse é o nosso problema. Se todo centro e direita que está no Senado fosse de gente séria, a casa caía para Alexandre de Moraes. Mas parte da direita que está lá se vende. Qual é a solução? 2026. Cinquenta e quatro vagas de senadores. A gente tem que escolher a dedo quem vai mandar pra lá, gente séria, comprometida com o povo e com as leis. Porque tudo isso o que está acontecendo é omissão do Senado.
Entrelinhas: Sobre a Lei Magnitsky, qual o impacto esperar para o Brasil e para Alexandre de Moraes?
Silas Malafaia: Eu acredito que o americano, que é muito estrategista, não vai fazer tudo de uma vez. Vai vir por etapas. Primeiro vai atingir Alexandre de Moraes. E depois vai engrossando o caldo, à medida que o Brasil fica com essas bravatas nacionalistas à la Cuba e Venezuela. Vai interferir na nossa economia. Existe uma união antiga entre americanos e europeus: quando se trata da liberdade dos povos, eles se unem. Vai ter retaliação pior, inclusive para ministro que gosta de passear e fazer negócio na Europa. A pressão vai aumentar. E eu espero que isso faça acabar com a farsa desses inquéritos de perseguição política contra Bolsonaro e a direita.
Entrelinhas: O escândalo dos aposentados do INSS vai “acabar em pizza” após a decisão da PGR de arquivar investigações contra ministros do governo Lula?
Silas Malafaia: Lula é um fanfarrão e a esquerda é uma piada. Querer botar no colo de Bolsonaro as fraudes do INSS é a coisa mais sem vergonha que eu já vi. Todo brasileiro sabe que quem controla a entidade sindical é a esquerda. Se a esquerda tivesse certeza de que a culpa era de Bolsonaro, por que nenhum deputado ou senador do PT assinou a CPMI? Esses caras são cínicos. E mais uma vergonha: o procurador-geral não quer investigar uma roubalheira que envolve ministros ou ex-ministros com histórico de outros fatos. O STF deixou de ser Suprema Corte pra ser um tribunal político, e a PGR segue o mesmo caminho.
Entrelinhas: Qual sua opinião sobre o documentário Apocalipse nos Trópicos, que circula entre a esquerda e é dirigido por Petra Costa, de Democracia em Vertigem? O que tem a dizer sobre esse filme?
Silas Malafaia: Eu sou um camarada que dou entrevista para todo mundo. Há uns dois anos, uma diretora me procurou falando que queria fazer um documentário me acompanhando durante dois anos. Perguntei para quem era, e me enganou — disse que era empresa internacional, mas era gente da esquerda. Se eu soubesse, teria cuidado nas palavras. Dei entrevistas falando de tudo, inclusive sobre Lula. Esse documentário da esquerda lulista é ridículo. Fala que Lula foi preso por conluio entre Moro e Dallagnol — uma piada. Lula foi condenado por unanimidade em todas as instâncias, inclusive pelo STF, que reconheceu os crimes. E, nessa, o advogado dele acionou o STF e não conseguiu soltá‑lo. Então dizer que Lula foi preso por conluio é mentira.
O filme denigre os evangélicos, inclusive a mim, colocando‑me como se eu fosse o tal "chefão do mundo evangélico que Bolsonaro obedecesse", uma bobagem. Mostra Lula recebendo oração, dizendo que não usa religião. É um filme para justificar Lula e atacar evangélicos, colocando uns três malucos falando bravatas evangélicas. É uma vergonha, uma tremenda safadeza, resumindo a ópera.





