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Entrevistas exclusivas com protagonistas da política. Edição: Mariana Braga (marianam@gazetadopovo.com.br)

Entrevista

Zé Trovão: Senado está “de joelhos” para o STF, mas Centrão não terá coragem de barrar anistia

(Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados)

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O deputado federal Zé Trovão (PL-SC) esteve no ato pela liberdade dos presos do 8 de janeiro, que aconteceu no domingo (16) em Copacabana, no Rio de Janeiro. Em entrevista exclusiva à coluna Entrelinhas, ele analisou o contexto político do país e as possibilidades de o Projeto de Lei (PL) da Anistia ser protocolado no Congresso, com apoio dos parlamentares de centro.

Fazendo críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Senado, o deputado acredita que a pressão popular é capaz de impulsionar a pauta no Legislativo. Ele também acredita que a renovação política será "obrigatória e necessária" para que o Brasil recupere a normalidade política e jurídica. O parlamentar acredita, no entanto, que a única opção para o Palácio do Planalto nas eleições do ano que vem é Jair Messias Bolsonaro. Para ele, o ex-presidente é "o plano A, o plano B e o plano C".

Zé Trovão ficou conhecido por liderar manifestações de caminhoneiros e fazer análises no YouTube. Em 2021, ele ganhou destaque no cenário político por suas articulações e declarações de apoio a movimentos em oposição a decisões de ministros do STF, especialmente no contexto da pandemia de Covid-19 e de algumas decisões que afetaram o governo federal. Ele também chegou a ser incluído em inquéritos da Corte antes de se candidatar a deputado federal e ser eleito em 2022 por Santa Catarina.

"Os senadores covardes, omissos, crápulas e ingratos vão pagar muito caro"

Zé Trovão

Entrelinhas: Sobre o movimento pró-anistia, que deve seguir para manifestações em outras cidades, o senhor acredita que ele tem o potencial de pressionar o Centrão no Congresso e ajudar na viabilização do PL da Anistia?

Zé Trovão: Eu duvido que algum deputado do Centrão tenha coragem de votar contra o PL da Anistia. O que vemos são partidos de esquerda que não têm mais juízo. Deputados de centro, como os do Partido Progressistas (PP), do Partido Social Democrático (PSD), do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e do Republicanos, não terão coragem de ir contra esse projeto. E, se tiverem, terão que enfrentar as consequências nas próximas eleições.

A esquerda tirou bandido da cadeia na Anistia [de 1979], a esquerda tirou guerrilheiros, assaltantes de banco, sequestradores. Agora, nós queremos tirar uma mãe de família que pintou com batom uma estátua e com as palavras "Perdeu mané". Nós queremos tirar uma senhora de quase 70 anos da cadeia, que foi condenada a 17 anos. Nós queremos tirar pessoas que não cometeram crime de golpe algum, porque não existiu golpe.

Entrelinhas: O senhor acredita que a anistia é a medida que pode pacificar o Brasil?

Zé Trovão: Sem dúvida, o PL da Anistia é fundamental. Não existe pacificação no país sem a liberação dos presos inocentes do 8 de janeiro. E essa resistência é política. Alguns poderes querem manter o bolsonarismo fora do jogo e, por isso, tentam criminalizar aqueles que não têm culpa de nada.

Entrelinhas: Segundo a Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMPR), o público em Copacabana foi de 400 mil pessoas, enquanto outros veículos de comunicação diminuíram esse número, apontando os dados da Universidade de São Paulo (USP), que estimou cerca de 18 mil. O que essa discrepância revela sobre o cenário político atual?

Zé Trovão: A imprensa tem uma capacidade impressionante de mentir e omitir a verdade. A diferença entre os números revela muito sobre o cenário político do nosso país. A mídia tenta manipular as informações, e isso é um reflexo do que estamos vivendo no Brasil.

Entrelinhas: O senhor acredita que a pressão pública pode influenciar também o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal?

Zé Trovão: Não, porque o julgamento de Bolsonaro não é jurídico, é político. O STF tem se perdido há muito tempo. Eles cometem tantos absurdos que não podem recuar, senão será o fim para alguns ministros. Eu não vejo bom senso na maioria deles. Porque o bom senso, a bússola moral desses homens, há muito tempo se perdeu.

Estão atacando Bolsonaro de maneira injusta, ele não cometeu crime algum. Não dá para a gente continuar achando que esta situação com o Bolsonaro pode ser uma situação normal. É, no mínimo, criminosa. Mais uma vez, a Corte Suprema, que deveria proteger, resguardar os direitos jurídicos do Brasil, ser o guardião da legitimidade jurídica, extraviou os seus caminhos, jogou fora tudo aquilo que o brasileiro tinha como sagrado.

Entrelinhas: Caso Bolsonaro esteja inelegível, a direita teria outros nomes para 2026? Algum plano B?

Zé Trovão: Jair é plano A, Messias é plano B, Bolsonaro é plano C.

Entrelinhas: Ainda sobre a manifestação de domingo, além da anistia, vimos cartazes pedindo impeachment do presidente Lula e do ministro Alexandre de Moraes. Houve espaço também para essas pautas?

Zé Trovão: Com certeza. O impeachment do Lula e de Moraes é algo que a população pede, e isso é natural. As pessoas estão cansadas, e a insatisfação é clara. Esse movimento vai continuar crescendo.

Entrelinhas: Pedidos de impeachment dependem da aprovação do Legislativo. Como o senhor avalia o posicionamento do Senado em relação à situação política e ao STF?

Zé Trovão: O Senado está de joelhos para o STF. Os senadores covardes, omissos, crápulas e ingratos vão pagar muito caro, porque eles deixaram de honrar a Constituição, protegendo o Brasil do STF, que não tem mais moral. Mas eu acredito que 2026 será o ano de uma renovação necessária e obrigatória. Eu acredito que nós, do Partido Liberal, vamos fazer mais de 30 senadores em 2026.

Entrelinhas: O senhor pretende disputar uma vaga no Senado?

Zé Trovão: Não. Eu vou buscar a reeleição como deputado. Não tenho chamado, não tenho pedido para que eu concorra à outra Casa. A Caroline De Toni (PL-SC) tem a vaga garantida por ser o segundo mandato como deputada federal, por ser a mulher mais votada do estado. Sou um homem que respeita a hierarquia e eu cheguei agora no PL. Só seria candidato ao Senado se fosse um pedido do presidente Bolsonaro. Santa Catarina tem uma safra muito boa, a Carol já é a nossa candidata, e o segundo nome, pelo que me parece, vai ser escolhido pelo governador, Jorginho Mello (PL-SC), em uma composição política catarinense.

Entrelinhas: As pesquisas mostram uma crescente desaprovação do governo federal. Como o senhor vê a atual gestão do presidente Lula, especialmente em relação à crise econômica e a inflação de alimentos?

Zé Trovão: Lula está completamente desintegrado politicamente. Ele não tem mais apelo popular. Seus eventos são apenas para sindicalistas pagos. A inflação está descontrolada, e ele não tem soluções reais. Além disso, a mentira que ele espalhou sobre zerar a alíquota dos alimentos é mais uma falácia.

Entrelinhas: Como a Frente Agropecuária a Câmara Federal, da qual o senhor faz parte, tem reagido a essa situação? O setor está se mobilizando?

Zé Trovão: A bancada do agro está firme, trabalhando para reverter as atitudes do governo, como a questão do Plano Safra. Estamos unidos e buscando soluções para o Brasil, apesar das dificuldades.

Entrelinhas: Diante desse cenário político, o senhor vê a Reforma Administrativa como uma saída, por isso vai liderar um encontro na semana que vem? Como o senhor tem organizado esse evento para que essa pauta seja discutida no Congresso?

Zé Trovão: Nós criamos um painel com políticos e empresários, para discutirmos a Reforma Administrativa. A ideia é, em conjunto com a sociedade, achar a melhor maneira de enxugar a máquina pública e torná-la mais eficiente. Por isso, esse encontro, que ocorre no dia 25, é fundamental para o futuro do país.

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