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O primeiro-ministro israelense, Naftali Bennett, fala durante uma reunião de gabinete no escritório do primeiro-ministro, em Jerusalém, em 22 de maio de 2022.
O primeiro-ministro israelense, Naftali Bennett, fala durante uma reunião de gabinete no escritório do primeiro-ministro, em Jerusalém, em 22 de maio de 2022.| Foto: EFE/EPA/RONEN ZVULUN

Israel pode caminhar para sua quinta eleição em menos de quatro anos. Nessa última segunda-feira, o premiê israelense, Naftali Bennett, e o chanceler, Yair Lapid, anunciaram que pretendem pedir ao Knesset a dissolução da casa e a convocação de uma nova eleição, prevista para o dia 25 de outubro. Em um novo capítulo de emoções na política israelense, o que pode acontecer nas próximas semanas?

É importante lembrar aos nossos leitores que a política israelense é presença constante aqui em nosso espaço e que, quando da formação do atual governo, em junho de 2021, explicamos qual era a sua principal bandeira: não ser Benjamin Netanyahu. A motivação da frente ampla era retirar do poder o líder do Likud, o maior partido de direita do país e a maior força do parlamento.

Frente ampla 

O recordista de permanência no cargo de premiê isralense é julgado por acusações de suborno, fraude e quebra de confiança, e os então opositores afirmavam que tirar ele do cargo de premiê era essencial para que as investigações caminhassem. Com isso, foi formada uma coalizão com oito partidos, incluindo um partido árabe, a esquerda verde e dois partidos da direita nacionalista.

Uma coalizão com apenas um assento de vantagem numérica, formada por grupos tão distintos e com apenas uma bandeira em comum não teria vida longa, como previsto. Como mencionamos antes, diversos parlamentares de direita que integram o governo foram acusados de serem traidores, por integrarem uma coalizão com essa composição, incluindo partidos árabes.

Esse foi o caso especialmente do premiê Naftali Bennett, do partido de direita nacionalista Yamina e um ex-aliado de Netanyahu. Desde a formação do atual governo, três parlamentares do Yamina saíram da coalizão de governo. Idit Silman, em abril, por divergências políticas; Amichai Chikli, também em abril, que foi expulso do partido por não votar de acordo com a bancada; mais recente, no dia 13 de junho, Nir Orbach saiu do Yamina e, segundo a imprensa israelense, pode se filiar ao Likud.

Não foi apenas na sua parte direita que a coalizão sofreu rachaduras. A parlamentar e diplomata árabe-israelense Ghaida Rinawie Zoabi, do Meretz, de esquerda, também saiu do governo, retornando pouco depois. Com as baixas, hoje, o governo possui apenas 59 dos 120 assentos no Knesset. O estopim do pedido de dissolução gira em torno das principais pautas da política israelense, segurança e os assentamentos na Cisjordânia.

Colonos na Cisjordânia 

Desde a guerra dos Seis Dias, em 1967, quando a Cisjordânia foi ocupada por Israel, vigora uma lei que dá aos colonos israelenses na Cisjordânia os mesmos direitos que os cidadãos de Israel. Hoje, são 475 mil colonos e a lei é chamada de Lei de Samaria e Judeia, os nomes israelenses para a região. Por razões de segurança, a lei precisa ser renovada pelo parlamento a cada cinco anos.

A oposição, formada principalmente pelo Likud de Netanyahu e pela direita religiosa, apoia em peso a lei. Mesmo assim, em uma astuta manobra política, a oposição votou contra a renovação, para expor o governo e causar ainda mais fricção dentro da coalizão de Bennet. Conseguiram, e a lei não foi renovada inicialmente. Caso isso não fosse revertido antes de 30 de junho, os colonos perderiam sua proteção legal

Ao mesmo tempo, em caso de dissolução do Knesset, as leis de segurança nacional, como essa, são renovadas automaticamente. Naftali Bennet, para evitar ser o responsável pela perda de segurança jurídica de centenas de milhares de colonos, não teve outra opção que não solicitar a dissolução do parlamento. Pelo acordo da coalizão, agora o premiê será Yair Lapid, líder do maior partido de governo, o Yesh Atid, que tem 17 assentos.

Eleições e a próxima crise 

A manobra política do Likud elimina as chances da existência de um governo de minoria. Hoje, existem duas opções. A primeira delas é a óbvia, a dissolução do Knesset e novas eleições. De um lado, Lapid, liderando uma campanha anti-Netanyahu, buscando ligar o opositor à corrupção e aumentar ainda mais sua bancada e a de seus aliados. Do outro, Netanyahu e seus aliados da direita religiosa, em uma agenda de segurança.

Hoje, as pesquisas indicam, para surpresa de ninguém, uma vitória do Likud, aumentando sua bancada, mas sem necessariamente conseguir romper o impasse entre os dois blocos. Nesse cenário, Netanyahu teria a prioridade em formar um novo governo. Existe ainda a possibilidade de Netanyahu seduzir Benny Gantz, o ministro da Defesa e líder do Azul e Branco, a cruzar a bancada. Caso consiga fazer isso no prazo, evita-se uma nova eleição e temos um novo governo dentro da atual configuração do Knesset.

De qualquer maneira, a estabilidade política está longe em Israel. Com uma possível nova eleição no horizonte, a próxima crise política também já está em gestação, com o debate sobre a nomeação do novo Chefe do Estado-maior das forças armadas e se ela pode ser feita por um governo interino, como promete ser. Com certeza ainda teremos mais colunas sobre a política israelense aqui no nosso espaço.

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