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A jornalista Julia Ioffee escreveu há alguns anos no Washington Post o inglório artigo “Não me deseje feliz Natal”. De acordo com a jornalista, “é indelicado e alienante presumir que eu sigo a sua religião” (sic). Segundo o acarretamento lógico desde Sócrates, mandar para aquele lugar continua multicultural e uma linguagem universal.
Já a BBC passou o dia 25 de dezembro mais pentelha do que ir assistir a missa do Galo com Richard Dawkins (é, nem ele encheu o saco nesse ano). A cada 2 horas, a estatal inglesa jogava um pouco de água contaminada no champagne das pessoas normais do Ocidente, apenas pelo prazer do desprazer.
De acordo com a BBC, “o período de dezembro pode agravar sintomas de depressão devido à pressão social por felicidade”. Onde já se viu desejar “feliz Natal” a alguém? Isto é pressão para que ela seja feliz! Uma pessoa triste vai se sentir pressionada, e vai ficar mais infeliz. O correto é desejar em alto e bom som que ela se lasque e que você está pouco se lixando para ela - pressão social zero.
A BBC também foi uma das que mais repetiu a logorreia de que o Natal não pode ser comemorado no dia 25 de dezembro, e que a data, na verdade, é a festa do Sol Invicto no calendário romano. Este tipo de chamada, que (como o nome diz) chama a atenção de adolescentes que acham que descobriram a pedra filosofal, ignora que a festa do Dies Natalis Solis Invicti (atenção ao nome) foi instituída pelo imperador Aureliano em 278 d. C., com o cristianismo já com dois séculos e meio nas costas. Não há provas do culto ao Sol Invictus em 25 de dezembro antes de 360 d. C. [https://padrepauloricardo.org/blog/o-natal-a-saturnalia-e-frodo-bolseiro], uma geração após a conversão ao cristianismo do imperador Constantino, em 315 d. C. - enquanto a patrística dos séculos II e III já citava o Natal em 25 de dezembro.
Ou seja, a festa que a BBC, naquela chatice de todo Natal, clama como origem pagã do Natal foi, na verdade, uma medida política posterior ao florescimento do cristianismo, e quando ele já era quase dominante no Império, justamente para tentar esconder o Natal e os romanos não associarem a data ao cristianismo crescente. Exatamente o que a própria BBC hoje o faz. E exatamente o que fez o faraó Akhenaton, abolindo os outros deuses egípcios e declarando-se filho de um único “deus” sol, ou o mesmo que Mao Tsé-tung o fez durante a Revolução Cultural chinesa. Ou o que fez Anthony Fauci durante a pandemia.
A mesma BBC lembrou que, séculos atrás, a ceia de Natal tinha cabeça de javali. Mas que “os excessos do fim de ano eram incompatíveis com estilo de vida cristão”. Ou seja, Jesus pode ceiar, transformar água em vinho, multiplicar pães e peixes. Já a ceia de Natal agora precisa ser problematizada, senão é incompatível com o cristianismo. Onde as pessoas acham que podem comer e continuar cristãs?! No post seguinte, ainda a BBC “explicou” o que uma ceia farta “faz com o seu cérebro”. Algo certamente melhor do que ler BBC em dezembro… ou em qualquer época entre o Gênese e o Apocalipse.
A BBC ainda entrevistou uma psicanalista para afiançar: “Se você for comparar a sua família com a do anúncio de peru, talvez você se deprima”. Fico imaginando quanto a doutora estudou para descobrir que propagandas apresentam o zênite da felicidade ideal, e não famílias reais tão chatas a ponto de ter uma psicanalista problematizadora na ceia de Natal. Até passar o Natal sozinho na sarjeta é mais tentador.
E ainda a mesma BBC (Jesus Cristo!!!!) aproveitou para afirmar que a Lapônia, região da Finlândia tratada como “terra do Papai Noel”, tem um “sombrio passado nazista”. Claro que o mesmo adolescente que já estava dizendo que Jesus nunca existiu e que a Igreja Católica apenas plagiou a “antiquíssima” cerimônia do Sol Invicto, conforme aprendeu uma manchete antes, já está agora acreditando que o Papai Noel tinha uma suástica escondida abaixo do manto vermelho… mas a reportagem, em tom trágico, apenas relata que a Finlândia, depois de expulsar o temível Exército Vermelho de Stalin na Segunda Guerra, liberou passagem para o Exército alemão - que dizimou as cidades finlandesas em agradecimento.
Isto tudo para citar algumas das reportagens sobre o Natal da BBC.
Greta Thunberg, embora não seja jornalista (na verdade, é impossível definir o que Greta Thunberg é, sem um adjetivo bem pouco airoso), postou mais um clichê: que “Jesus era um palestino nascido sob ocupação”. Nem a Palestina existia naquela época e nem o moderno Estado de Israel: os romanos foram chamar a região de “Síria Palestina” em 135 d. C., depois da derrota da Revolta dos Barcoquebas. O mantra “Jesus é um palestino” apareceu até na Times Square.
Palestina é o nome de uma região (tal como “Vale do Jequitinhonha” ou “Escandinávia”, de onde vem Greta), sendo a tentativa de se criar um Estado palestino um movimento recente, com curioso passado de apoio nazista (oh, ironia!) nas mãos do Mufti de Jerusalém, Amin al-Husseini, que fundou o nacionalismo palestino e encontrou-se em 1941 com um certo Adolf Hitler [https://www.tabletmag.com/sections/history/articles/the-nazi-roots-of-islamist-hate] para lidar com a questão “anti-colonial” e o “problema” judaico na região. Já Hassan al-Banna, fundador da Irmandade Muçulmana, traduziu Mein Kampf para o árabe com o curioso título de “Minha Jihad” (sic) [https://www.fairobserver.com/politics/fascistic-tendencies-in-the-muslim-brotherhood/]. A tentativa de pintar Jesus como “palestino” esbarra em alguns problemas que, misteriosamente, nunca são comentados por jornalistas.
Greta criou o movimento Fridays For Future, cuja gematria gera 666, para cabular aulas às sextas-feiras (o que metade da minha escola também fazia antes de virar modinha). Claramente, na escola de Greta, as aulas de história eram às sextas-feiras.
Enquanto isso, a Folha condenou à eternidade a matéria “Tradições como o Natal (sic) levam crianças a naturalizar o consumo de carne, indica estudo”. Ainda bem que há estudiosos estudando que “tradições” naturalizam o que é natural. Ou você já viu índio ou esquimó vegan?
Também a Folha soltou um deprimente “Entenda a origem racista de ‘Jingle Bells’, canção tradicional de Natal”. Até mesmo o site de auto-proclamado “fact-checking” Snopes, mais esquerdista do que Karl Marx, já havia cantado a bola há anos que não há nenhuma referência a racismo na música, e que lembrar do contexto da época faria com que tudo antes da Abolição (levada a cabo por Lincoln, um direitista, e pelo Partido Republicano, um partido direitista, que foi criado para abolir a escravidão) seja tratado como “racista” e “escravocrata”.
Por fim, apenas para encerrar os exemplos, teve o jornal digital Politico. Na véspera de Natal, o jornal publicou o inacreditável, infame e desonrado artigo “Como a extrema direita roubou o Natal” [How the far right stole Christmas]. A autora, Hannah Roberts, “argumenta” (perdoe a hipérbole) que os “extremistas de direita” querem agora transformar o Natal [Christmas] em uma festa… cristã. E que ainda se pintam como pessoas que estão defendendo a civilização contra uma suposta (sempre suposta!) esquerda secular e hostil.
Isto depois de lermos tanto em outros jornais que o Natal é nazista, que Jesus é palestino, que o Natal não existe, que é festa do Sol Invicto, que o Natal aumenta a depressão, que o Natal é a pior coisa inventada desde o pernilongo, que o Natal é ofensivo aos sem-religião e judeus e muçulmanos, que o Natal não deve ser comemorado porque comer é um ato de opressão a quem está com o Bolsa Família atrasado e que Jesus, que não existiu, era um socialista LGBQTPQP+ palestino com cara de terrorista.
Agora descobrimos que o Natal na verdade é uma maravilha, mas que a “extrema direita” está dizendo que o nascimento de Jesus Cristo é algo cristão. A mesma esquerda que passou as últimas décadas exigindo que se diga “boas festas” [happy holidays] ao invés de “feliz Natal”, ou que inventou que deve-se dizer X-Mas no lugar de Christmas para apagar Jesus do Natal.
Enfim, abrace um jornalista neste Natal. Faça uma vaquinha e dê um carrinho de controle remoto ou uma boneca que fala para aqueles seus colegas problematizadores entrando nos 40. Diga que não faz mal que o pai deles foi comprar cigarro em 2001 e nunca mais voltou: eles ainda podem ser felizes de outras formas, sem escangalhar o Natal alheio.
Muitos jornalistas ganhando cueca como presente de Natal geram problematizadores infernais. Ou são muitas cuecas como presentes de Natal que geram jornalistas?




