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Trump em tribunal de Nova York: ex-presidente foi informado sobre 34 acusações de falsificação de registros comerciais e liberado em seguida.
Trump em tribunal de Nova York: ex-presidente foi informado sobre 34 acusações de falsificação de registros comerciais e liberado em seguida.| Foto: EFE/EPA/Seth Wenig

O destino legal de Trump é sem dúvida a maior variável da corrida presidencial de 2024. Trump foi preso na cidade de Nova York no início deste mês por 34 acusações criminais de falsificação de registros comerciais decorrentes de supostos pagamentos de suborno a Stormy Daniels. Esta é apenas uma das várias investigações criminais que recaem sobre o 45.º presidente dos Estados Unidos.

No condado de Fulton, na Geórgia, o promotor distrital Fani Willis abriu um inquérito sobre os esforços de Trump para anular o resultado da eleição de 2020 no estado. Na época, Trump telefonou para o secretário de Estado da Geórgia, ao qual disse: “Eu só quero encontrar 11.780 votos”. Membros do grande júri reunido por Willis deram indícios de que votaram para indiciar Trump, ou seja, esse anúncio pode acontecer a qualquer momento.

Há também duas investigações federais sendo conduzidas pelo conselheiro especial Jack Smith. A primeira diz respeito ao envolvimento de Donald Trump nos esforços para derrubar a eleição de 2020 e a “insurreição” de 6 de janeiro. A segunda é sobre o manuseio de documentos classificados por Trump. O ex-presidente despachou várias caixas de registros para sua casa em Mar-A-Lago. Em agosto de 2022, o FBI vasculhou a casa em busca de mais provas. É interessante notar que esse ataque a Mar-A-Lago não teve efeito visível nas pesquisas primárias do Partido Republicano para 2024. Aliás, depois que Trump foi indiciado, sua vantagem aumentou de 18,3% para 23,7% na média do FiveThirtyEight e de 15,8% para 28,7%, na média do RealClearPolitics.

O destino legal de Trump é sem dúvida a maior variável da corrida presidencial de 2024

A batalha pela nomeação republicana deve ganhar força neste verão, já que tudo indica que o governador da Flórida, Ron DeSantis, entrará oficialmente na corrida após o encerramento da legislatura da Flórida, neste mês de maio. Existem rumores de que DeSantis lançará sua campanha no Dia da Independência, 4 de julho. Pouco depois, em agosto, a Fox News já tem em seu programa o primeiro debate primário da temporada.

Resta saber se Trump realmente participará do referido debate, pois ele já boicotou tais eventos antes. Em janeiro de 2016, ele faltou a um debate da Fox News em Iowa devido a uma rivalidade com a moderadora Megyn Kelly. Depois, em outubro de 2020, ele hesitou quando a Comissão de Debates Presidenciais propôs um debate virtual após Trump ser diagnosticado com Covid. No entanto, é difícil imaginar que Trump resista aos debates das primárias republicanas por muito tempo. Esses fóruns, com seus palcos lotados e audiências barulhentas, foram uma parte importante de seu sucesso em 2015-2016. O fato é que ninguém mais poderia comandar os holofotes de forma tão eficaz quanto ele.

Ainda seria assim? Afinal, já se passaram mais de oito anos desde que Trump participou pela última vez de um desses debates primários (em 10 de março de 2016); então, ele pode não estar tão afiado quanto antes. Isso também levanta a questão de saber se algum de seus adversários tentaria seriamente enfrentar Trump nesse cenário.

Durante os debates de 2016, vários adversários tentaram derrubar Trump nos debates – Jeb Bush, Marco Rubio, Rand Paul, Ted Cruz, John Kasich, Carly Fiorina –, mas nenhum deles conseguiu prejudicar a posição de Trump nas pesquisas. Parece óbvio que, diante da situação atual do ex-presidente, seus oponentes de debate terão muito mais munição. Por exemplo, eles podem alvejar Trump por perder a eleição de 2020, pelo 6 de janeiro ou pelo caso com Stormy Daniels, para citar apenas algumas de suas vulnerabilidades.

Por outro lado, Trump tem agora muito material novo para usar. Mike Pence e Nikki Haley, que lutaram repetidamente para se diferenciar do presidente a quem serviram, certamente serão alvo das espetadas de Trump. E quanto a DeSantis? Trump será impiedoso contra seu adversário mais sério, e é certo que ele trará à tona, repetidas vezes, a alegação de que seu apoio nas primárias para governador de 2018 foi fundamental para a carreira de DeSantis.

À medida que 2023 se transforma em 2024, Trump estará indo e vindo para a cidade de Nova York, já que sua próxima audiência está marcada para 4 de dezembro. Os promotores estão propondo iniciar o julgamento em janeiro de 2024, enquanto a equipe de defesa de Trump defende uma data posterior. O momento se torna crítico, pois esse julgamento se iniciará exatamente quando as primárias republicanas começarem. O Comitê Nacional Republicano ainda não finalizou o calendário das primárias de 2024, mas a previsão para a data do caucus de Iowa é 8 de janeiro; das primárias de New Hampshire, em 16 de janeiro; e das primárias da Carolina do Sul, em 27 de janeiro.

É difícil imaginar que Trump resista aos debates das primárias republicanas por muito tempo. Esses fóruns, com seus palcos lotados e audiências barulhentas, foram uma parte importante de seu sucesso em 2015-2016

Assim, a possibilidade real de um julgamento de Donald Trump ocorrer simultaneamente com as primárias republicanas é grande. E há também a possibilidade de que Trump também tenha de comparecer a julgamentos em Atlanta e/ou Washington durante o mesmo período. Uma data já definida é da Convenção Nacional Republicana, que ocorrerá de 15 a 18 de julho. Tradicionalmente, a votação oficial da nomeação é feita no segundo dia, então o candidato do GOP de 2024 será escolhido em 16 de julho.

Obviamente, isso levanta uma série de questões: acusações e julgamentos adicionais irão reunir ainda mais os republicanos em apoio a Trump ou convencê-los de que Trump está simplesmente envolvido demais? E se Trump for condenado enquanto tiver uma pluralidade, ou mesmo a maioria, de delegados? Esses delegados tentariam nomear outra pessoa na convenção ou, em vez disso, dobrariam a aposta em Trump?

Finalmente, há a questão de como tudo isso afetaria uma revanche nas eleições gerais entre Trump e Joe Biden, mas isso ficará para um artigo futuro.

Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos
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