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Franklin Ferreira

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Desvio de rumo

Lula em Moscou: a subserviência brasileira ao Eixo do Mal

Presidentes Lula, do Brasil e Putin, da Rússia (Foto: Ricardo Stuckert | Presidência da República)

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A política externa brasileira alcançou, sob o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, um novo nível de decadência moral e diplomática. No dia 9 de maio de 2025, o presidente brasileiro se juntou, na Praça Vermelha, em Moscou, ao ditador Vladimir Putin e a um conjunto de autocratas e tiranos do mundo para prestigiar o tradicional “Desfile da Vitória”. Lula, ao se posicionar lado a lado com esses líderes, envia ao mundo um recado inequívoco: o Brasil, sob seu comando, não está comprometido com os valores democráticos ocidentais, mas caminha rumo a uma aliança tácita com regimes totalitários. Não se trata de um mal-entendido diplomático. É um gesto consciente. Uma escolha política deliberada. E essa escolha carrega consequências.

O desfile da vergonha

Historicamente, o “Desfile da Vitória” rememora a derrota da Alemanha nacional-socialista e seus aliados europeus fascistas ao final da Segunda Guerra Mundial. Os soviéticos a celebram em 9 de maio, um dia após a data consagrada pelos Aliados ocidentais (8 de maio), devido ao fuso horário em Moscou à época da rendição alemã. A Rússia, herdeira política da União Soviética, manteve essa tradição como instrumento de propaganda interna e externa, uma cerimônia carregada de simbolismo militarista e revisionismo histórico.

Desde a ascensão de Putin, o evento tornou-se mais um espetáculo de força militar, no qual carros blindados, mísseis balísticos, drones e tropas desfilam diante de um líder que invadiu a Geórgia (2008) e a Ucrânia (2014 e 2022), reprime a imprensa e persegue opositores, inclusive ordenando o assassinato de críticos e dissidentes no exterior. Assim, o “Desfile da Vitória” é uma vitrine para projeção de poder militar e celebração do imperialismo russo.

Aliás, os mísseis exibidos no desfile em Moscou são do mesmo tipo dos usados para matar civis ucranianos, destruir escolas e hospitais, e infligir terror sobre cidades inteiras. A presença de Lula nesse palco de horrores não é somente um constrangimento estético — é uma adesão simbólica e política ao projeto totalitário russo.

Companheiros de tirania

O presidente brasileiro não estava sozinho. Ao seu redor, formou-se uma constelação de líderes totalitários. Kim Jong-un, ditador hereditário da Coreia do Norte, comanda um dos regimes mais opressores do mundo, onde campos de concentração ainda existem, e a mera posse de uma Bíblia pode significar a morte. Nicolás Maduro, na Venezuela, chefia uma ditadura que empurrou 7,7 milhões de venezuelanos para o exílio, destruiu a economia nacional e usa a perseguição e tortura como política de Estado. Xi Jinping, na China, perpetua um regime de vigilância totalitária, genocídio cultural contra uigures e repressão violenta contra cristãos, tibetanos e qualquer dissidência. Também estavam presentes o tirano de Cuba, Miguel Díaz-Canel, o representante da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, e o presidente do Irã, Masoud Pezeshkian. Durante uma reunião entre representantes do governo brasileiro e autoridades russas, Lula causou surpresa ao mencionar a possibilidade de cooperação internacional na área de energia nuclear, envolvendo Rússia e China. Mas, poucos segundos após citar o tema sensível das “usinas nucleares”, a transmissão ao vivo foi cortada pela parte russa .

Em outro momento, Lula atacou Israel, fazendo novas acusações falsas contra o país. Ele afirmou que Israel comete genocídio na Faixa de Gaza e que, sob o “pretexto de combater terroristas”, estaria matando mulheres e crianças. E, depois, chegou a comparar sua alçada ao poder à revolução de Mao Tsé-Tung, responsável pela morte de pelo menos 50 milhões de chineses e pela implementação de um dos regimes mais brutais da história.

Lula, ao se postar entre esses líderes, empresta legitimidade ao projeto geopolítico totalitário e imperialista dessas nações. No palco internacional, há gestos que dizem mais que palavras. Lula endossou a ideologia russa com sua presença na Rússia. E o fez como chefe de Estado de uma das maiores democracias do hemisfério ocidental, arrastando consigo a imagem do Brasil.

O Brasil no Eixo do Mal

O termo “Eixo do Mal” tem sido utilizado, após a Guerra Fria, para denunciar regimes que lutam contra os princípios ocidentais fundamentais da liberdade, entre eles Rússia, China e Irã. O Brasil, até então, jamais havia sido cogitado como parte desse grupo — mesmo nos momentos de maior isolamento diplomático, manteve-se ao lado do Ocidente.

Mas a diplomacia lulista opera sob outra lógica. Ela não busca a neutralidade nem a mediação. Busca alinhamento com um bloco totalitário, revisionista, antidemocrático, antiocidental e violador sistemático dos direitos humanos. Ao justificar sua presença em Moscou como “um gesto de paz”, Lula insulta a inteligência diplomática global e a coerência moral. Sentar-se com Putin, Kim, Maduro, Díaz-Canel et caterva não promove a paz — promove cumplicidade com o totalitarismo e guerras expansionistas.

Silêncio cúmplice da imprensa

A participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no “Desfile da Vitória” em Moscou gerou reações contraditórias na imprensa brasileira. A Folha de S.Paulo classificou a viagem como um “erro diplomático patente”, criticando a presença de Lula ao lado de líderes totalitários e o uso da fita de São Jorge, símbolo associado ao nacionalismo russo. O jornal alertou para o impacto negativo na credibilidade do Brasil. Em editorial intitulado “O dia da infâmia da política externa brasileira”, o Estadão acusou Lula de alinhar o Brasil a regimes totalitários, destacando a incoerência entre o discurso multilateralista e a legitimação do militarismo e imperialismo russo.

O Globo limitou-se a uma nota genérica antes da viagem, evitando críticas diretas a Lula. A ausência de um editorial após as imagens do presidente na Praça Vermelha sugere omissão, possivelmente influenciada por interesses comerciais. Entre 2023 e 2024, a Rede Globo recebeu R$ 177,2 milhões da Secretaria de Comunicação do governo Lula. Em 2024, a emissora concentrou mais de 50% da verba publicitária federal, coincidindo com um aumento de 138% em seus lucros, ou seja, R$ 2 bilhões. Esses números levantam suspeitas de que o silêncio de O Globo está associado à dependência financeira do governo do PT.

As diferentes reações de alguns dos principais jornais do Brasil revelam claramente a vulnerabilidade da imprensa brasileira à influência estatal. Quando o governo controla a narrativa, o jornalismo perde sua liberdade e se torna mero porta-voz oficial do sistema. Ou seja, a viagem de Lula a Moscou expôs as fragilidades do jornalismo brasileiro.

O silêncio dos movimentos homossexuais

A presença de Lula em Moscou também expôs uma contradição grave no discurso dos movimentos progressistas no país. Num movimento carregado de ironia e contradição, Lula, celebrado como defensor das minorias no Brasil, confraternizou com regimes que reprimem violentamente os homossexuais.

Na Rússia, leis censuram e perseguem homossexuais. No Irã, enfrentam perseguição severa, podendo ser presos, torturados ou até condenados à morte. Na Coreia do Norte, são punidos com prisão ou morte. Na China, enfrentam censura, discriminação social e repressão estatal indireta. Na Autoridade Palestina e na Faixa de Gaza, enfrentam perseguição social, legal e violenta, com leis criminalizando a homossexualidade. Esses são os novos aliados de Lula na política externa brasileira.

Onde estavam os ativistas homossexuais quando Lula foi a Moscou? O silêncio de organizações, artistas e influenciadores ligados a esta minoria, que condenaram governos anteriores por muito menos, é ensurdecedor. A ausência de críticas desse segmento a Lula sugere um duplo padrão: direitos humanos parecem importar apenas quando o “inimigo” é de direita. Mas, ao se associar a ditadores que perseguem homossexuais, Lula deslegitima o discurso desse segmento no Brasil, tratando-o como mero joguete, e escancara a incoerência moral da esquerda. Pode-se especular que esse silêncio por parte das organizações homossexuais ocorra por lealdade ao PT, medo de perder verbas estatais ou priorização de interesses políticos do BRICS.

A diplomacia da vergonha

O Brasil, ao alinhar-se abertamente com regimes totalitários como Rússia, China e Irã, distancia-se do concerto das nações que ainda preservam a liberdade, os direitos humanos e o estado de direito. Em vez de se firmar como um mediador confiável e defensor da paz, isola-se nas mesas de negociação e compromete relações com democracias consolidadas. Assim, o governo brasileiro não apenas abdica da neutralidade: adere ideologicamente a um eixo que celebra o poder acima da dignidade humana. Quem confraterniza com opressores não pode se apresentar como defensor dos oprimidos. A diplomacia lulista não é pragmática — ela é cínica.

Nesse cenário, em que até a imprensa vacila e, muitas vezes, se curva a interesses comerciais ou publicitários estatais, ganha mais espaço um contraponto crescente: a resistência moral baseada na fé cristã. Nas redes sociais, onde ainda há liberdade de expressão, vozes independentes seguem firmes e vigilantes — não por militância partidária, mas por fidelidade a princípios superiores. Homens e mulheres comuns e jornais independentes, como a Gazeta do Povo, questionam a associação cúmplice com ditadores guiada não por cálculo político, mas pela convicção de que a verdade deve ser dita, ainda que custe caro.

É aqui que a fé cristã aparece como força transformadora — e a fé é fundamento essencial em tempos de relativismo e doutrinação ideológica. Para milhões de brasileiros que professam a fé no Senhor Jesus, o único Messias de Israel, a política não é apenas um campo de gestão técnica, mas um espaço onde se dá testemunho de valores cristãos. A presença de Lula ao lado de tiranos que perseguem cristãos, silenciam a imprensa e criminalizam dissidentes e minorias não é apenas um erro diplomático — é uma afronta direta à tradição cristã, que nos chama à verdade, à justiça e à defesa da dignidade humana. É essa fé que nos impulsiona a cobrar coerência, a rejeitar a hipocrisia e a afirmar, sem hesitação, que nenhuma aliança política justifica a conivência com o mal.

A esperança não vem de partidos políticos, mas de uma consciência livre diante do único Deus. Dela nasce o anseio de uma nova esfera pública, onde liberdade se une à responsabilidade moral e o testemunho cristão se torna coragem cívica. Enquanto parte da imprensa se cala por conveniência e setores do poder se rendem à lógica da força bruta, os cristãos — humildes, crentes, conectados e conscientes — mostram que a verdade não se cala. A fé cristã, enraizada no coração do povo brasileiro, resiste como farol em meio à escuridão. E lembra a todos que nem o dinheiro, nem o poder, são maiores do que a consciência que teme a Deus. Portanto, oremos, usando a Palavra de Deus (Sl 5,1-12):

Dá ouvidos, Senhor, às minhas palavras e acode ao meu gemido. Escuta, Rei meu e Deus meu, a minha voz que clama, pois a ti é que imploro. De manhã, Senhor, ouves a minha voz; de manhã te apresento a minha oração e fico esperando.

Pois tu não és Deus que se agrade com a iniquidade, e contigo não subsiste o mal. Os arrogantes não permanecerão na tua presença; odeias todos os que praticam a iniquidade. Tu destróis os que proferem mentira; o Senhor abomina o sanguinário e o fraudulento.

Eu, porém, pela riqueza da tua misericórdia, entrarei na tua casa e me prostrarei diante do teu santo templo, no teu temor. Senhor, guia-me na tua justiça, por causa dos meus adversários; endireita diante de mim o teu caminho. Porque na boca dos meus adversários não há sinceridade; o íntimo deles está cheio de crimes; a garganta deles é sepulcro aberto, e com a língua lisonjeiam. Declara-os culpados, ó Deus; que eles caiam por seus próprios planos. Rejeita-os por causa de suas muitas transgressões, pois se rebelaram contra ti.

Mas alegrem-se todos os que confiam em ti; cantem de júbilo para sempre, porque tu os defendes; e em ti se gloriem os que amam o teu nome. Pois tu, Senhor, abençoas o justo e, como escudo, o cercas da tua bondade.

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