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No último domingo (9), o influenciador Tiba Camargos, que junto com sua esposa tem um trabalho muito interessante de orientação a famílias, sofreu um grave acidente. Ao ver seu filho se afogando em um rio, ele pulou para salvá-lo, mas infelizmente acabou batendo a cabeça em uma pedra, sofreu traumatismo craniano e perdeu os movimentos do pescoço para baixo.
Não consigo sequer imaginar a dor da família do Tiba, que tem cinco filhos e espera mais um: sua esposa está no sexto mês de gestação. Só nos cabe orar e torcer pela rápida recuperação desse homem, que sempre levou uma mensagem de presença e proteção paterna.
Mas esse triste episódio tem algo importante a ensinar sobre paternidade: é a lição de um pai que não mediu esforços e se sacrificou para salvar seu filho. Alguém pode argumentar sobre a forma como fez. Ele poderia ter calculado melhor o risco, chamado alguém para ajudar, entrado na água de outra forma...?
A verdade é que é muito difícil manter a total frieza da razão quando se vê um filho em uma situação de risco gritando por ajuda. E o Tiba Camargos deu uma lição poderosa de coragem e sacrifício – valores essenciais a qualquer homem que deseja ser um bom pai.
O pai é a barreira de proteção entre os filhos e os perigos dessa vida
Inspirado por esse exemplo, e mesmo com um peso no peito, gostaria de trazer uma pequena reflexão sobre a proteção paterna, algo que o Tiba sempre se preocupou em enfatizar.
O princípio masculino da proteção àqueles que estão sob nossa responsabilidade é uma aspiração profunda e natural, enraizada no papel do homem como guardião da sua casa. Passa pela proteção contra perigos físicos, mas também contra qualquer ameaça que possa comprometer o bem-estar da família – seja no campo emocional, espiritual ou financeiro.
Assumir esse papel de barreira de proteção entre a família e qualquer eventual ameaça exige, antes de tudo, entender que o bem-estar dos que estão sob nossa responsabilidade deve vir antes do nosso. Isso não significa negligenciar nossas necessidades, mas reconhecer que a liderança masculina envolve sacrifícios diários para garantir segurança e equilíbrio ao lar.
E tudo isso tem a ver com a presença. Um pai presente protege naturalmente, porque a proteção lhe é instintiva. Tenho absoluta certeza de que o Tiba não pensou duas vezes em pular naquele rio, e se pudesse escolher entre ser vítima daquele acidente ou deixar seu filho se afogar, sem dúvidas ele optaria pela primeira opção.
Um pai presente tem os superpoderes que seu filho acredita
Há alguns dias assisti uma entrevista impactante de Jack Reynolds, um criminoso norte-americano condenado por molestar mais de 300 crianças durante as décadas de 1970 e 1980. Na entrevista, dada em 2017 ao canal americano WRTV, ele decidiu compartilhar seus métodos criminosos.
Em resumo, ele revelou que aproveitava da posição de árbitro de jogos juvenis e mirava crianças sem uma figura paterna forte e sem amigos. Disse que observava a conduta das crianças antes de abordá-las, mas olhava especialmente para suas famílias.
“Se eu achasse que o pai era uma ameaça, eu não abordaria a criança. Se eu achasse que a criança tinha amigos para quem ele contaria, eu não a abordaria”, revelou.
Um pai presente e atento é a ameaça suficiente que um abusador precisa para deixar de ver aquela criança como uma vítima em potencial. Mas também é o que fará com que um filho seja salvo de um afogamento, de um atropelamento, de uma agressão ou de tantos outros perigos que uma criança pequena está sujeita.
Um outro ponto que me chamou a atenção na entrevista é que o criminoso também mirava em crianças que não tinham amigos e que eram emocionalmente carentes. Isso porque sem amigos e sem validação afetiva dos pais, as chances de que a criança contasse para alguém sobre os abusos seriam reduzidas.
Como disse neste artigo, a presença ativa do pai, sobretudo por meio de brincadeiras físicas, é um dos principais mecanismos de desenvolvimento de competências emocionais e sociais na criança. Isso é comprovado cientificamente em um estudo de Daniel Paquette, pesquisador e professor canadense da Universidade de Montreal.
Ou seja, uma relação de qualidade com o pai fortalece as competências sociais da criança, o que contribui até mesmo para a proteção contra abusadores.
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O grande “segredo” da proteção paterna é: esteja presente
Nenhum dos esforços que você faz, como pai, é em vão, e tudo flui a partir daí: a presença não faz só com que o pai perceba e evite riscos e ameaças, mas também cria conexão afetiva, gera influência, transmite segurança emocional, fortalece a identidade dos filhos e ensina pelo exemplo.
Parece tão simples, mas ao mesmo tempo é desafiador estar realmente presente na vida dos filhos, de corpo e mente. E o Tiba Camargos, que sempre se preocupou em trazer ensinamentos sobre paternidade, conseguiu ensinar na prática que o amor de um pai vai até as últimas consequências.
Obrigado por mais essa lição, Tiba! Estamos aqui torcendo e orando pela sua recuperação.




