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Govtechs: Cidade conectada
A dica principal para as govtechs conquistarem projetos públicos é identificar corretamente a demanda do mercado governamental.| Foto: Evening Tao / Freepik

Há três níveis de governo, certo? O federal, o estadual e o municipal. As govtechs, em sua maioria, costumam atender a municípios. Sendo assim, o principal impacto para esse setor se dará em 2024, ano de eleições municipais. Mas isso não significa que a última eleição presidencial não tenha causado algum efeito dentro do ecossistema.

O que quero dizer é que há mudanças no governo federal que contam com transformações na área de inovação e uso de tecnologia, como: licitações, folhas de pagamento, compartilhamento de dados, entre outros. Novas tecnologias podem englobar diversos ministérios. Entretanto, até agora nada mudou expressivamente no cenário, por isso muitas govtechs anseiam pelas próximas eleições, que certamente impactarão o segmento de forma mais contundente.

O ano de 2023 promete bastante investimento para o ecossistema no Brasil. O Banco BRB, por exemplo, lançou o BRB Venture Capital, um fundo para investir R$ 50 milhões em startups. Será gerido pela KPTL e Bossanova Investimentos e direcionado para serviços financeiros, agronegócio e administração pública. Já destinado para govtechs, especificamente, há o Cedro Capital, que levantou mais de R$ 50 milhões em investimentos à área. Portanto, aqui já totalizamos mais de R$ 100 milhões direcionados para as startups que abrangem o setor público.

Essas ações dão ânimo e recursos necessários para o desenvolvimento e impulsionamento de novas soluções que visam transformar o futuro das instituições públicas no Brasil. Então, para este e o próximo ano, muitos aportes prometem acontecer.

O governo Lula, por sua vez, já criou o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos. Mais um ponto positivo para o segmento, já que há uma pasta exclusiva para tratar do assunto. Além disso, também existem outras divisões que dialogam com a inovação e o empreendedorismo. Dessa maneira, é possível observar a intenção de investimentos na área nos próximos anos.

Uma iniciativa pontual, direta e prática também vem da Petrobrás, que lançou a maior seleção pública para projetos socioambientais da sua história, por meio de edital que vai destinar R$ 432 milhões para 50 projetos, anunciado pelo presidente Jean Paul Prates, no dia 07 de fevereiro. Esse investimento representa dez vezes mais do que foi investido no ano anterior.

Em termos globais, para mensurar o tamanho desse mercado atualmente, temos o GovTech Maturity Index (GTMI), que avalia anualmente quatro eixos principais: sistemas governamentais centrais, prestação de serviços públicos, engajamento de cidadão e facilitadores de govtech.

Nas áreas pontuadas, é possível observar o avanço do Brasil. Na penúltima pesquisa, o país ficou bem ranqueado, conquistando o sétimo lugar. Já em 2022, avançou para a segunda posição. Trata-se de uma projeção muito boa, ainda mais porque são avaliados 198 países.

Essa colocação pode ser atribuída às iniciativas expressivas em nosso país como, por exemplo, à plataforma de serviços públicos digitais, que conta com 150 milhões de usuários, o que corresponde a 80% da população brasileira com mais de 18 anos. Com a ferramenta, é possível ter acesso à carteira digital de trabalho, à CNH digital, a sistemas como o ENEM, SISU e FIES, entre outros serviços de fortes impactos econômicos e sociais.

Existem setores que precisam urgentemente de inovação, como a área da educação, com melhoria de performance e inteligência de dados para os gestores e pais, por exemplo. Na área de segurança, e gestão ambiental também há uma carência de soluções, assim como a área de healthtech, que possui gargalos de atendimento no serviço público de saúde.

Um exemplo que podemos mencionar é o atendimento de médicos em unidades básicas de saúde, em bairros mais carentes e cidades distantes de grandes centros. Existem pacientes que viajam quilômetros em busca de atendimento especializado. Já existe uma solução sendo implementada no sul do país que corrige esse obstáculo, a AgilizaMed.

Outra startup de destaque é a Cidade Conectada, um super app desenvolvido para estreitar a comunicação entre o cidadão e a prefeitura. A população pode usufruir de todos os serviços de uma prefeitura por meio de um celular.

Nesse sentido, a dica principal para as govtechs conquistarem projetos públicos é identificar corretamente a demanda do mercado governamental. A startup precisa constatar, de fato, se há uma dor latente e se essa demanda se aplica em mais municípios e/ou estados. Assim, é possível replicar tanto a solução quanto o negócio.

Além de mapear o mercado da forma mais incisiva possível, é preciso se conectar a players que vão desenvolver a startup dentro do ecossistema como, por exemplo, uma venture builder. Companhias do tipo contam com a inteligência do mercado govtech para alavancar mais facilmente a solução para diversas instituições públicas do Brasil.

Diante disso tudo, não tem como negar que existe um mar de oportunidades para soluções govtech em terras brasileiras. Basta voltar os olhares aos setores que são carentes de inovação e tecnologia, como a área da educação, segurança, gestão ambiental, saúde e assim por diante. A fórmula é relativamente simples: atente-se aos desafios que os cidadãos ainda enfrentam e crie soluções de alta performance para superá-los.

*Por Diogo Catão, CEO da Dome Ventures, uma Corporate Venture Builder GovTech que nasceu com o propósito de transformar o futuro das instituições públicas no Brasil.

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