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Fernando Haddad disse que “acordou preocupado com a democracia”. É preciso notar que a frase embute duas notícias. Convém analisar cada uma delas separadamente.
A primeira notícia contida na declaração acima é a de que Fernando Haddad acordou. Essa é a primeira avaliação a se fazer: é uma notícia boa ou má?
Para analisar se “Haddad acordou” é uma informação positiva ou negativa, o melhor caminho é observar o que ele já fez acordado. Como ministro da Educação, por exemplo, o atual ministro da Fazenda comandou três edições problemáticas do Enem. Foram anos consecutivos em que o concurso apresentou erros significativos na aplicação das provas e fraudes que tumultuaram a vida dos candidatos. Haddad acordado tem, portanto, dificuldades para aplicar uma prova de vestibular.
Ainda como ministro da Educação, ele conduziu aquelas proposições de reforma linguística supostamente inclusivas. A ideia era adotar como normalização idiomática desvios de pronúncia como “nós pega o peixe”. Torturar a norma culta do idioma com demagogia populista não pode ser considerado uma boa notícia.
Também em estado de vigília, Fernando Haddad governou a cidade de São Paulo com indicadores sofríveis — como são sempre os resultados petistas no poder executivo. Foi, é e sempre será o mesmo mandamento que o guia hoje na Fazenda: gastar e taxar.
A partir dessa rápida observação curricular, podemos concluir, portanto, que “Haddad acordou” não é uma boa notícia. Considerando tudo o que ele já fez acordado, seria melhor que continuasse dormindo.
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A segunda notícia contida na declaração de Fernando Haddad (“acordei preocupado com a democracia”) requer uma análise mais meticulosa. O que significa “preocupação com a democracia” na ótica de Haddad?
Na democracia de Fernando Haddad, uma decisão do Congresso Nacional sobre a política tributária não vale nada. Na democracia de Haddad, Lula e companhia, se o parlamento contraria a sanha arrecadatória de um governo perdulário, não há problema nenhum. Basta levar a questão para o tapetão e correr para o abraço.
Segundo o conceito de democracia adotado por Haddad e pelo governo ao qual ele serve, os melhores parâmetros para liberdade de expressão vêm da China. Inclusive, o presidente da república, em pessoa, pediu ao ditador chinês que designasse uma pessoa de sua confiança para ajudar na regulação da comunicação digital no Brasil. Acordado, Fernando Haddad confia e pratica esse tipo de democracia.
Isto posto, o melhor que podem desejar os que se preocupam com as preocupações democráticas de Haddad é que ele durma bem.





