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A bala que não acertou a cabeça de Donald Trump foi parar no pescoço do jovem ativista conservador Charlie Kirk. Foi alvejado por Tyler Robinson, um extremista de esquerda posicionado no alto de um prédio. A cena, de brutal sanguinolência, foi testemunhada por centenas de estudantes durante um evento de debate público na Universidade de Utah Valley, na última quarta-feira. A multidão em pânico corria desesperada enquanto o sangue jorrava de sua jugular. Sua morte é também a morte do debate público como se conhecia, e ilustra que a violência política não é monopólio de nenhum grupo ideológico.
Estrela em ascensão do movimento Make America Great Again (MAGA) e apoiador do presidente americano, Kirk se notabilizou pelas posições de direita no debate público, amalgamando milhões de seguidores nas redes sociais. Era armamentista, contra a imigração desenfreada e crítico das políticas de gênero implementadas por adeptos do progressismo woke. Por defender essas e outras posições com grande contundência, teve quem achasse que sua morte está mais do que justificada.
Como se, além de merecer ser assinado, fosse ele, Kirk, e não o homem que puxou o gatilho, o verdadeiro responsável pelo crime. É o fim da civilização, de qualquer traço de empatia e humanidade. Estamos na época da criminalização da divergência, em que o oposto deve ser obliterado. Parte considerável da esquerda, incluindo alguns sedizentes “antifascistas” comemoram sua morte nas redes sociais exercitando o bom e velho “ódio do bem”. Se aquele que foi morto era equivalente ao demônio, então o ato está naturalmente justificado.
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Os valores de Kirk poderiam causar desconforto e até ojeriza em muitos, mas ele os exercitava mediante o contraditório. O evento que serviu de palco para seu assassinato era apenas uma das ocasiões em que se expunha para dialogar com os divergentes. Tyler Robinson achou que a melhor resposta a ele não era outro argumento, mas uma “boa bala”, para ficar com a expressão cunhada por Mauro Iase num discurso para sindicalistas em 2015 sobre como lidar com a direita e conservadores.
Se a sociedade validar o discurso de justificativo do assassinato, como se viu de forma macabra nas redes sociais desde o disparo contra Kirk, se tomará como normal e aceitável que adversários políticos sejam executados. Bastará, para tanto, reivindicar que o crime tenha sido em nome de alguma causa tida como “nobre”. É história que a humanidade conhece, e cuja trajetória leva à guilhotina, à câmara de gás e ao genocídio.
Conteúdo editado por: Jocelaine Santos




