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Guilherme Macalossi

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Governo

Lula escolhe a gastança para se reeleger

Gleisi ministra
A deputada Gleisi Hoffmann, o presidente Lula e o ministro Alexandre Padilha. (Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República)

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Lula continua derretendo. A última pesquisa Ipsos-Ipec aponta novo patamar na avaliação negativa do governo Lula, que cresceu 7 pontos desde dezembro, chegando a 41%. 58% dos entrevistados disseram não confiar no presidente. Escrevi na Gazeta do Povo ainda em janeiro que o petista enfrentava “o pior momento de seu terceiro mandato”, e que “o que pode acontecer, na medida em que persistir a comédia de erros do lulopetismo” é o eleitor “trocar de governo em 2026”.

A sinalização da população está dada e precificada nas pesquisas de opinião. A cada novo levantamento os índices de aprovação encolhem, evidenciando que o desgaste de Lula e seu governo não apenas não foi estancando como bem provavelmente continuará. Muitos imaginaram que a entrada de Sidônio Palmeira no ministério da Comunicação Social teria o poder miraculoso de mudar o rumo das coisas, como se o problema fosse apenas de comunicação. A inflação demonstra de forma cristalina exatamente o contrário. Não há publicidade oficial que dê conta de um aumento de preços de 1.31% apenas no mês de janeiro.

Lula já escolheu que sua chance para se manter no poder reside na lógica do “gasto é vida”, máxima popularizada no governo Dilma Rousseff e que serviu como epitáfio para economia brasileira em 2015 e 2016

Os resultados políticos da rejeição impactaram a reforma ministerial do governo Lula. A expectativa de que o centrão ampliaria seu espaço acabou frustrada porque ninguém ali gosta de correr riscos, e a percepção é de um descompasso irremediável. Na falta de quadros para além base de esquerda, Lula optou por soluções caseiras. Chamou Gleisi Hoffmann para as relações instituições e deslocou Alexandre Padilha para a Saúde. Classifiquei as escolhas do presidente como um “mergulho no lulopetismo profundo”.

A nomeação de Gleisi demarca a inflexão definitiva do governo para a esquerda. E isso deve se refletir principalmente na seara econômica. Já na semana passada, durante o anúncio das medidas do governo para tentar conter a inflação nos alimentos, Fernando Haddad não se fez presente. Se a política vive de gestos, símbolos e imagens, a ausência do ministro da Fazenda fala por si só.

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Mesmo que a redução de qualquer tarifa deva ser comemorada, é importante entender a decisão do governo Lula não como uma repentina e surpreendente adesão ideológica ao livre mercado, e sim como a aposta num subterfúgio parafiscal de maneira a não enfrentar a inflação pelo combate ao descontrole dos gastos públicos. A tônica até 2026 não será de equilíbrio financeiro, mas de mais demanda por consumo.

Em entrevista para a Globonews, Simone Tebet admitiu que o próximo presidente “não governa com esse arcabouço fiscal” e que a janela de oportunidades para um ajuste nas contas pode vir logo depois da próxima eleição. Conveniente. Lula já escolheu que sua chance para se manter no poder reside na lógica do “gasto é vida”, máxima popularizada no governo Dilma Rousseff e que serviu como epitáfio para economia brasileira em 2015 e 2016. Quanto mais definha a aprovação do governo, mais custará o esforço de reeleição e o tamanho do boleto que o país terá de pagar no futuro.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

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