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Gustavo Maultasch

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Eleição

Flávio Bolsonaro e a opção conservadora

O senador Flávio Bolsonaro é o pré-candidato do PL a presidente da República
O senador Flávio Bolsonaro é o pré-candidato do PL a presidente da República (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)

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Quando em 2018 o Geraldo Azevedo afirmou que o general Mourão, vice da chapa de Bolsonaro, era um dos torturadores do regime militar, eu percebi que tinham transformado a direita brasileira num grande bicho de sete cabeças. De lá para cá, o fanatismo, a histeria, o pânico geral em que se encontra a elite brasileira têm conduzido o Brasil à atual escalada da censura e do autoritarismo.

Que a esquerda lírica fosse não apenas cair nessa histeria, como também aproveitá-la para concentrar poder, isso era até esperado. Que a direita lírica fosse copiar a esquerda lírica, eu diria que era um pouco menos esperado, mas também seria algo que se pudesse prever.

O que é realmente surpreendente, no entanto, é que depois de tudo o que a direita tem passado no Ocidente – depois de toda a censura e a perseguição –, a direita lírica continue-se agarrando à gravata borboleta e seja incapaz de baixar o charuto para enxergar o que acontece à sua frente.

A esquerda lírica todos nós já conhecemos: é a esquerda Caetano, Chico, Gil, aquela esquerda mais preocupada com a estética do que com o conteúdo de determinada discussão política. É o pessoal engajado do “sem anistia” (ou do “sem anestesia”), que sonha com um fascismo contra o qual lutar, que leva um livro embaixo do braço para votar, que escreve cartas de amor à democracia – tudo isso enquanto defende o fim das liberdades, protege a bandidagem, e defende terroristas e regimes tirânicos de esquerda.

O narcisismo está à frente do conservadorismo; ele está mais preocupado em manter a sua autoimagem de 'verdadeiro conservador' que em assumir a responsabilidade, como verdadeiro conservador, pelo destino do país e de suas instituições

Tudo bem que ele seja um tirano, mas você viu que máximo a coleção de vinil que ele tem? Realmente podem-se fazer críticas a ele, mas você se ligou que ele tortura pessoas enquanto recita poemas de autores trans? Não é lindo e inclusivo?

Na direita lírica, por outro lado, encontram-se os macunaímas de tweed, que enxergam a política com a mesma afetação estética: como associar-se a Jair Bolsonaro ou à sua família, se eles não representam “o verdadeiro conservadorismo”?

O problema dessa crítica a Bolsonaro é que ela é contraditória com o próprio conservadorismo, segundo o qual deve-se partir da realidade existente para diagnosticar cenários e planejar ações. Essa aceitação da realidade como ela é – e não de como ela deveria ser – significa que devemos não apenas aceitar as imperfeições humanas, como também saber eleger as possíveis ações dentre aquelas que são efetivamente possíveis.

E devemos aceitar também as nossas imperfeições e saber que, ao defender as nossas próprias convicções, talvez cometamos erros, e talvez os políticos que nos representem também os cometam. Faz parte da política e da vida, e não nos deve levar à inação.

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Mas o lírico, o sujeito que é refém de sua afetação estética, prefere nem correr o risco de eventualmente estar errado; antes ser derrotado e entregar o país ao comunismo que buscar defender a direita e, eventualmente, incorrer em algum erro. O narcisismo está à frente do conservadorismo; ele está mais preocupado em manter a sua autoimagem de “verdadeiro conservador” que em assumir a responsabilidade, como verdadeiro conservador, pelo destino do país e de suas instituições.

A maior parte da população brasileira quer uma agenda conservadora: estado como garantidor da ordem, da propriedade privada, da vida e das liberdades individuais, enquanto reduz o seu tamanho para que indivíduos possam perseverar rumo à sua prosperidade. Nos últimos anos, Bolsonaro e sua família são os únicos presidenciáveis que têm defendido essa agenda.

Flávio Bolsonaro tem imperfeições; mas algum presidenciável representa melhor que ele a opção conservadora?

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