Paisagismo na cidade, paisagismo e cidade: infraestruturas verdes

Infraestruturas verdes tornaram-se suporte indispensável para o desenvolvimento e manejo das questões ambientais nas cidades contemporâneas. De forma pioneira, qualificam o paisagismo como sistema integrado em que a implantação de tecnologias de alto desempenho passa a contribuir decisivamente com a solução dos problemas associados à água, ao clima e à ecologia urbana, bem como para a criação da identidade local apoiada em espaços públicos mais estimulantes e sustentáveis. As repercussões da paisagem fragmentada e degradada vão além da simples perda de biodiversidade, refletindo os efeitos devastadores da desorganização e alterações climáticas. A reconexão de áreas naturais com o restauro de habitats danificados tornou-se uma maneira inteligente de gerenciar os capitais naturais por meio de soluções dinâmicas.

Considerada parte essencial do paisagismo urbano, a infraestrutura verde é uma rede estrategicamente planejada de áreas de alta qualidade que conserva valores dos ecossistemas naturais e suas funções, como mananciais, controle ambiental, regulação climática, recreação e lazer, projetada e gerenciada para fornecer uma ampla gama de serviços ecossistêmicos interconectados na escala do planejamento urbano e regional. Investimentos em infraestrutura verde dinamizam trabalhos de diversas escalas como planejamento, arquitetura, engenharias, restauração e manutenção destes ecossistemas. Trata-se de estratégia de implantação de espaços abertos urbanos, paisagens que mimetizam funções ecológicas e hidrológicas dos ambientes naturais e que transformam o paisagismo em infraestrutura urbana relacionada ao manejo das águas pluviais, ao conforto ambiental, à sustentação da biodiversidade, à acessibilidade, além de agente de qualificação da paisagem urbana.

Na escala de projeto, os espaços que compõem uma rede de infraestrutura verde podem ser integrados como um grande mosaico em praticamente todas as paisagens urbanas, expandindo seu desempenho e acelerando sua aplicação, tendo impacto significativo no incremento da qualidade ambiental em áreas urbanizadas. O reconhecimento e aproveitamento dos serviços que a natureza pode realizar no ambiente urbano traduzem-se em diversas tipologias que se somam no trabalho em rede, funcionando como um sistema integrado de macrodrenagem que qualifica o espaço urbano e minimiza os efeitos das mudanças climáticas, principalmente em regiões tropicais onde os índices pluviométricos são mais intensos. Dentre as principais tipologias utilizadas, podemos considerar: parques e praças, áreas de preservação permanente, jardins de chuva, canteiros pluviais, biovaletas, lagoas pluviais, tetos verdes, além da arborização do sistema viário. Estes componentes contribuem também com a melhora do microclima e serão detalhados em nova coluna sobre o tema.

Infraestruturas verdes vêm sendo utilizadas como caminho para uma maior coexistência com a natureza em áreas urbanas ao trazer, de forma sistêmica, aspectos naturais que valorizam e qualificam este espaço. Para seu bom funcionamento, é de fundamental importância utilizar espécies da vegetação nativa por melhor se adaptarem ao microambiente e propiciarem a permanência das espécies da flora e da fauna locais, com resiliência e conectividade ambiental do empreendimento em relação à natureza do lugar em que se insere.