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Com o fortalecimento dos movimentos contra a imigração ilegal desenfreada na Europa e nos Estados Unidos, refletido no crescimento dos partidos e líderes nacionalistas e populistas de direita, a campanha de desinformação destinada a estigmatizar quem defende o fim da invasão de forasteiros ganhou novo fôlego.
Desta vez, o gatilho para a proliferação de notícias falsas ou distorcidas sobre os grupos que criticam o tsunami migratório que vem atingindo o Ocidente foi a manifestação histórica, que reuniu uma multidão em Londres na semana passada, contra a leniência e até a cumplicidade do governo trabalhista britânico, liderado pelo primeiro-ministro, Keir Starmer, em relação à questão.
Bastou a manifestação ser bem-sucedida, lotando as ruas londrinas, para que a ladainha contra a direita que se opõe à imigração ilegal – já entoada para tentar minar a ascensão de agremiações e líderes direitistas, como Marine Le Pen, na França, Alice Weidl, na Alemanha e o próprio Donald Trump, nos Estados Unidos – voltasse à tona com todo o vigor.
Movida pela esquerda e engrossada pelo chamado “centro democrático” e até por grupos de centro-direita que fazem vistas grossas ao fenômeno, a campanha difamatória procura rotular como “xenófobo” o movimento contra os imigrantes ilegais, como ele se fosse contrário à imigração de forma geral, inclusive a que é realizada por meio de canais oficiais, dentro dos trâmites legais previstos em cada país ou região.
Classificar gente comum, que se sente incomodada pela invasão de uma legião de alienígenas ilegais, como 'xenófoba', 'racista', 'extrema direita' e 'fascista' só pode ser má-fé. O mesmo se pode dizer sobre a 'vilanização' dos líderes da direita
Mas, como qualquer observador independente pode constatar, tal narrativa – que muitas vezes é impulsionada por instituições multilaterais, ONGs internacionais e grandes veículos de comunicação – tem um claro viés ideológico e está longe de refletir a realidade. Pelo que se tem notícia, nenhum grupo político relevante defende hoje, em país algum, a paralisação total da imigração, inclusive a que é feita dentro das regras do jogo, que continua a funcionar normalmente. Nem persegue os imigrantes que se integram às culturas locais, respeitando os costumes da população, apenas pelo fato de eles virem de outro país.
O que se questiona, na verdade, é a política de fronteiras abertas praticada nos últimos anos, que permitiu – e continua a permitir, em vários casos – o ingresso de milhões de ilegais, a maior parte dos quais é formada por imigrantes islâmicos, africanos e latino-americanos, sem que se tenha a menor noção de quem eles são e de quais são os seus antecedentes.
Justamente nesse período, de acordo com várias pesquisas, a violência deu um salto, com a proliferação de gangues e a explosão dos casos de estupro, assassinatos, ataques com facas, roubos e outros crimes. O fundamentalismo religioso também se tornou uma realidade, até pouco tempo atrás inimaginável, em muitos países ocidentais, deixando muita gente com o pé atrás em relação à imigração descontrolada.
Além dessa confusão entre a oposição aos imigrantes ilegais e a todo e qualquer imigrante ou estrangeiro, promovida muitas vezes de forma deliberada, a narrativa predominante por aí também procura classificar qualquer um que se levante contra a política de fronteiras abertas como “extrema direita”, “nazista”, “fascista” e “racista”, entre outros rótulos desabonadores. O objetivo evidente é deslegitimar os críticos e interditar o debate, desestimulando novas manifestações de apoio a medidas de contenção do fluxo migratório e à eventual expulsão dos alienígenas em situação irregular.
Na Inglaterra, a repressão aos críticos da imigração ilegal chegou a tal ponto que até as publicações sobre o tema em redes sociais e o porte de bandeiras do país nas ruas passaram a ser vistos como atos de hostilidade aos imigrantes. Tornaram-se alvo, muitas vezes, de ações policiais e até de prisão.
Como boa parte da resistência à imigração irregular tem como alvo os imigrantes islâmicos, em razão da dificuldade de assimilação do grupo à cultura dos países que os abrigam no Ocidente e do envolvimento desproporcional de seus integrantes em ações criminosas, conforme as estatísticas oficiais, muitos críticos são classificados também como “islamofóbicos”.
Com frequência, em vez de os perpetradores dos crimes serem punidos de forma exemplar, eles recebem penas brandas, quando chegam a ser efetivamente punidos, sob a justificativa de que os seus atos refletem “diferenças culturais”, enquanto as suas vítimas acabam penalizadas por suposto “ódio racial”.
É certo que há setores autoritários da direita no Ocidente que são realmente racistas, antissemitas e não querem ver ninguém que seja diferente por perto. Eles estão por aí, à espreita, prontos para disseminar o ódio a qualquer tipo de imigrante. Talvez até peguem “carona” no movimento contra a imigração ilegal que está em curso. Eles representam, no entanto, uma pequena minoria. Hoje, o que está acontecendo na Europa e nos Estados Unidos é um fenômeno bem mais amplo, que tem muito pouco a ver com as suas ideias odiosas.
Ao contrário do que diz a narrativa da esquerda e de outros grupos ideológicos, é até natural que uma parcela significativa de americanos e europeus se oponha à atual situação, diante da invasão dos imigrantes ilegais. E diante dos riscos que isso pode representar para a segurança da população e para a civilização ocidental, em face do ingresso de muitos imigrantes que não se adaptam às culturas dos países em que se instalam e até procuram desafiá-las à luz do dia.
De certa forma, é natural também que as nações exerçam algum tipo de controle sobre quem atravessa as suas fronteiras. É por isso mesmo que os departamentos de imigração e as polícias de fronteira tradicionalmente têm a missão de checar não apenas os antecedentes dos turistas que pretendem visitar os seus países, como dos que querem estudar ou se estabelecer neles e lá gozar as suas vidas, para evitar o ingresso de terroristas, traficantes de drogas, pedófilos e integrantes e apoiadores de regimes antidemocráticos.
Desde que o mundo se organizou em Estados nacionais, a partir do século 15, os países desenvolveram as suas próprias culturas, com características originais – e parece irrealista classificar quem queira defendê-las contra ameaças externas como extremistas que cultivam o ódio aos estrangeiros.
Defender o controle das fronteiras e o processo legal de imigração não significa ser contra os imigrantes. Na dose certa e com a verificação adequada sobre quem quer fazer de outro país o seu novo lar, os imigrantes costumam oferecer uma contribuição inestimável – na ciência, nas artes e em outros campos, como mostram os casos dos Estados Unidos e do Brasil, que se tornaram o que são, em boa medida, graças à contribuição dos imigrantes.
Como diz o psicólogo Gad Saad, professor da Universidade Concordia, em Montreal, no Canadá, e autor do best-seller A mente parasita, publicado no Brasil em 2021, questionar as fronteiras abertas não torna ninguém “racista” ou “xenófobo”. “Você pode ter um coração aberto, cheio de empatia e compaixão, e ainda assim rejeitar a abertura das fronteiras”, afirma Saad no livro.
Eu mesmo sou neto de imigrantes. Meus avós, tanto paternos quanto maternos, deixaram a Bessarábia, que era um enclave na Rússia czarista, por causa da perseguição aos judeus, e aportaram no Brasil, em Salvador (BA) e Aracaju (SE), em 1914/1915, há 110 anos. Aqui, integravam uma pequena comunidade judaica que lá se estabeleceu, da qual restam hoje poucas famílias, já que a maioria acabou mudando anos depois, por uma razão ou por outra, para grandes centros como São Paulo e Rio, mas sempre procuraram respeitar a cultura nacional e a legislação em vigor, ainda que mantendo as suas convicções religiosas e morais.
Seria, portanto, um total desatino da minha parte ser contra a imigração e deixar de reconhecer os benefícios que ela pode trazer, como mostram também, no caso do Brasil, os imigrantes italianos, japoneses, espanhóis, poloneses, libaneses, sírios e tantos outros que aqui se estabeleceram e deram enorme contribuição para moldar a chamada “cultura nacional” e para o desenvolvimento econômico do país, ao lado dos portugueses, africanos e indígenas.
Agora, o que está ocorrendo neste campo lá fora é algo bem diferente – e os números não deixam margem a dúvidas sobre a gravidade do fenômeno. Nos Estados Unidos, segundo dados oficiais, entraram nada menos do que 11 milhões de imigrantes ilegais no governo Biden, entre 2021 e 2024, contra 3 milhões no período de 2017 a 2020, no primeiro mandato de Trump.
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Só no ano fiscal de 2024, conforme os números do Comitê de Segurança Interna da Câmara dos Deputados dos EUA, foram 2,9 milhões. Muitas cidades e estados governados pelo Partido Democrata oferecem até generosos benefícios sociais aos alienígenas irregulares, com recursos dos pagadores de impostos, como hospedagem, seguro-saúde e até cartões pré-pagos para cobrir os gastos do dia a dia.
Na União Europeia, a situação não é diferente. De acordo com um relatório divulgado pelo Parlamento Europeu em janeiro deste ano, com base em dados da agência de fronteiras e guarda-costeira da região, cerca de 3,5 milhões de imigrantes ilegais entraram em países do bloco desde 2015, muitos dos quais também com acesso a benefícios sociais.
Segundo os números mais recentes do projeto MIrreM, financiado pela própria União Europeia, pela Universidade Metropolitana de Toronto, do Canadá, e pela agência de pesquisa e inovação do Reino Unido (UKRI), havia entre 2,6 milhões e 3,2 milhões de imigrantes ilegais vivendo em 12 países europeus (Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Inglaterra, Irlanda, Itália e Polônia), de 2016 a 2023. Isso sem contar os imigrantes que ingressaram nos países da região ilegalmente e foram legalizados nesse período.
Só no Reino Unido, segundo um estudo divulgado em outubro de 2024 por pesquisadores da Universidade de Oxford, há um total de 745 mil imigrantes ilegais, ou seja, um em cada 100 habitantes do país está em situação irregular. Estimativas independentes calculam, porém, que o número pode estar próximo de 1,2 milhão.
Apenas nos 12 meses encerrados em março de 2025, foram detectados 44.125 novos ingressos de imigrantes ilegais, quase 90% dos quais chegaram por meio de pequenas embarcações e quase 60% vieram de cinco países: Afeganistão, Irã, Síria, Eritreia e Sudão. Como boa parte dos ilegais vem de países islâmicos, o número de mesquitas no Reino Unido mais que duplicou em 30 anos, de 900, em 2004, para quase 2.183, em julho de 2025, conforme informações da MuslimsInBritain.org.
Ao mesmo tempo, os pedidos anuais de asilo na União Europeia, segundo a Eurostat, órgão oficial de estatísticas do bloco, passaram de 165 mil, em 2010, para 1,2 milhão, em 2015, sete vezes mais, e se mantiveram em cerca de 900 mil em 2024, 5,5 vezes mais do que há 15 anos. Isso inclui milhões de ucranianos que fugiram da guerra com a Rússia, mas ainda assim o aumento dos pedidos de asilo, um recurso usado por muitos ilegais do Terceiro Mundo para obter autorização de residência, revela muito sobre o impacto da imigração irregular para os países da região.
Neste cenário complexo e desafiador, não dá para “demonizar” quem questiona a política de fronteiras abertas implementada em muitos países. Classificar gente comum, que se sente incomodada pela invasão de uma legião de alienígenas ilegais, como “xenófoba”, “racista”, “extrema direita” e “fascista” só pode ser má-fé. O mesmo se pode dizer sobre a “vilanização" dos líderes da direita e das agremiações políticas que procuram defender os interesses de seus compatriotas.




