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Um tema recorrente nos estudos sobre o ser humano, em termos econômicos, psicológicos e sociológicos, é a relação entre a pessoa e o dinheiro. Há interpretações e teorias para todos os gostos, desde a tese de que dinheiro não traz felicidade até a crença de que sem dinheiro não dá para ser feliz.
De saída, é possível alguém ter dinheiro e ser infeliz, como é possível alguém não ter dinheiro e ser feliz. Essa segunda hipótese tem um problema: a vida humana requer um mínimo de alimento, abrigo e repouso; logo, a aquisição dos bens e serviços capazes de prover esse mínimo exige dinheiro suficiente para tanto.
Fala-se muito por aí que “dinheiro não traz felicidade”. É uma frase válida, desde que entendida como a ideia de que apenas o dinheiro não é suficiente para fazer alguém feliz. O dinheiro, sozinho, não cura muitas doenças do corpo e da alma, isso é claro. Mas, se ter dinheiro não é garantia de bem-estar físico e mental, também é verdade que a ausência de dinheiro provoca sofrimentos que inviabilizam a vida feliz e realizadora.
Sem dinheiro ou alguém que pague a conta, toda pessoa terá dificuldade de ser feliz e, no caso dos idosos, mais ainda
O dinheiro é o meio para obter os suprimentos da existência física e bens do espírito. Vale notar que a vida moderna elevou a quantidade de itens de bens materiais e serviços requeridos para uma vida confortável. E tudo isso custa dinheiro.
Convém notar que mecanização das atividades rurais propiciada pelas inovações tecnológicas expulsou a população camponesa para as cidades; nelas, o custo de vida é muito maior que o da vida no campo.
Outro aspecto é que o progresso tecnológico e os hábitos de vida nas cidades exigem enorme variedade de bens e serviços que a família moderna tem de comprar para viver, cuja magnitude chega a ser 20 vezes o número de itens que uma família rural dos anos 1960 comprava.
Além de tudo isso, o aumento da expectativa de vida da população fez a felicidade na terceira e na quarta idade depender essencialmente de fatores como saúde, conforto material, amizades, vida simples e sensação de segurança.
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O fato é que a obtenção de todos esses fatores de felicidade exige dinheiro. Logo, independência financeira passa a ser condição necessária para uma vida confortável e feliz, sobretudo na velhice e na aposentadoria.
Vamos ser realistas: sem dinheiro ou alguém que pague a conta, toda pessoa terá dificuldade de ser feliz e, no caso dos idosos, mais ainda. Pense nas repetidas cenas de pessoas velhas e doentes nas filas do SUS e dos postos de saúde implorando para que algum funcionário lhes dê um mínimo de atenção.
Durante toda a vida, a pessoa tem um fluxo de despesas diárias e constantes, enquanto sua renda pode ser interrompida por desemprego, doença, acidente, velhice, aposentadoria e outras emergências. Apesar disso, o sistema educacional sempre ignorou o assunto dinheiro, enquanto gastava tempo ensinando nomes de reis e rainhas.
Sobre a falta de educação financeira, principalmente a falta de ensino sobre noções de comércio, finanças, tributos e contratos, lembro um caso interessante. No dia 4 de agosto de 2003, os jornais estamparam a seguinte manchete: “Mike Tyson torra 300 milhões de dólares e pede falência”.
Nesta vida, ninguém escapa das questões de finanças, tributos, comércio e contratos
Tyson não herdou fortunas, não ganhou na loteria e não era empresário submetido à dureza da competição. Ele era o melhor boxeador do mundo e amealhou enorme riqueza com seu sucesso. Aí, fica a pergunta: como foi possível ele torrar a montanha de dinheiro que acumulou ainda jovem?
Há duas explicações possíveis: uma técnica, outra psicológica. A explicação técnica é a falta de alfabetização financeira. A psicológica é a completa incapacidade mental para lidar com ganhos, gastos, consumo e investimentos. Mike Tyson tomou decisões erradas sobre dinheiro o tempo todo e acabou indo à falência.
Aqui vale uma observação: nesta vida, ninguém escapa das questões de finanças, tributos, comércio e contratos. Assim, é essencial dominar pelo menos as ferramentas gerais sobre a relação do ser humano com dinheiro e com os temas econômicos da vida.
No mundo atual, os meios de educação e treinamento são tantos, tão variados, e em grande parte gratuitos, que somente quem não quer aprender continua sem qualificação para entender os princípios e as técnicas de gestão de suas finanças pessoais. Tudo é uma questão de escolha.
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos




