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Lula agenda
O presidente Lula.| Foto: Andre Borges/EFE

Não há nada tão fácil de fazer quanto o balanço dos “primeiros 100 dias do governo Lula”: após três meses de funcionamento, tudo o que o atual governo se mostrou objetivamente capaz de apresentar ao público foi um comercial de propaganda, pago com o dinheiro dos seus impostos, como se estivesse anunciando um detergente ou um pacote de margarina. Mais nada? Mais nada, absolutamente nada – e, ainda por cima, copiou o anúncio que o governo de Michel Temer fez para comemorar o seu segundo aniversário.

É, mais uma vez, a fotografia exata da ação de Lula, do PT e da esquerda quando estão no governo: como não fizeram nada de útil até agora, e não têm nenhuma possibilidade prática de apresentar algum projeto coerente para qualquer coisa que seja, mentem. É sua política de governo. Em vez de resultados, servem uma realidade que não existe; é muito mais fácil.

A prioridade absoluta de Lula é manter o Brasil preso no passado – a única possibilidade de sobrevivência política para ele e para o PT.

Lula não tem a menor realização, mesmo modesta, nesses três meses de atividade; é pouco tempo, claro, e ninguém poderia cobrar obras prontas num período tão curto, mas o problema é que ele não mexeu um milímetro em nada que pudesse melhorar qualquer coisa neste país. Ao contrário: tudo o que fez foi demolir, ou ameaçar de demolição, as coisas positivas que encontrou ao assumir o governo.

Liquidou o novo marco do saneamento, que abria o setor para o investimento privado – exige que 100 milhões de brasileiros continuem sem esgoto e 35 milhões sem água, na dependência das esmolas do “Estado”. Liquidou o novo ensino médio, essencial para a melhoria da necessidade mais desesperada da sociedade brasileira – um ensino público um pouco melhor do que se tem hoje. Liquidou a Lei das Estatais, que tenta defender as empresas do Estado da pilhagem feita pelos políticos. Tudo isso eram leis, aprovadas pelo Congresso Nacional após anos a fio de debate; com um mero ato de vontade, Lula jogou tudo no lixo. Sua prioridade absoluta é manter o Brasil preso no passado – a única possibilidade de sobrevivência política para ele e para o PT.

A política externa dos primeiros três meses de governo Lula é um insulto público às democracias, à liberdade e à lei internacional. Na última vez que abriu a boca – depois de abrir os portos do Brasil a navios de guerra do Estado terrorista do Irã – foi para dizer que a Ucrânia tem de entregar parte do seu território à Rússia; ele decidiu que os ucranianos não podem “querer tudo”.

A política econômica não existe. Tudo o que se fez até agora foi amontoar papelório incompreensível e inútil sobre um “arcabouço fiscal” que não estabelece uma única medida de ordem prática e se resume a uma série de devaneios a respeito do futuro remoto. A política ambiental levou a Amazônia a ter, em fevereiro último, o pior índice de queimadas de toda a série histórica. O desemprego volta a aumentar. Há férias coletivas na indústria automobilística. A Bolsa de Valores, há três meses, sofre um processo de destruição em massa de riquezas. O agronegócio, o único setor da economia brasileira que funciona, é sabotado todos os dias pelo governo.

Pior que tudo: em lugar de propostas decentes, ou de qualquer solução, para qualquer coisa, Lula joga na “taxa de juros” a culpa de tudo o que vai mal no Brasil de hoje. Pronto, está tudo resolvido: se os juros caíssem, todos os problemas estariam resolvidos para sempre, e o seu governo seria o melhor do mundo. É o governo através da mentira oficial e permanente, como exposto acima – os juros, em que Lula não manda, são o que segura hoje a inflação. Isso é muito ruim, diz ele. O presidente diz que a meta atual para a inflação está ”errada”; quer mais inflação, e não menos, porque acredita que imprimir dinheiro é criar “desenvolvimento” econômico. Qual será a inflação que ele gostaria: 100% ao ano, como na Argentina que tanto quer copiar?

Esses são os primeiros três meses. Imaginem os primeiros três anos.

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