Longevidade

Por Edilmere Sprada, Eduardo Novaes Ramires, Norton Mello e Raphael Di Lascio

Dimensões do longeviver

Por Edilmere Sprada, Eduardo Novaes Ramires, Norton Mello e Raphael Di Lascio
09/12/2022 12:36
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As blue zones, ou “zonas azuis”, são áreas do planeta onde se concentram os longevos. Nessas localidades, é comum encontrar pessoas com mais de 100 anos ainda ativas e saudáveis. O estilo de vida nesses locais ilustra bem o tema deste artigo. Longevidade não envolve apenas ficar muito tempo vivo, mas sim viver de forma equilibrada e satisfatória em todos os aspectos possíveis de nossas vidas.
O Brasil passa por uma rápida transição demográfica. A população, o governo e as empresas ainda estão muito atrasados nas iniciativas para lidar com a realidade de uma pirâmide populacional invertida, com muito menos jovens na base em relação aos idosos.
As pesquisas sobre o perfil do público consumidor idoso em nosso país ainda são poucas. Mesmo as grandes empresas ainda cometem grandes gafes ao se comunicar com o público sênior. As startups nacionais que focam nas necessidades do público maduro ainda são poucas, e em estágios iniciais.
Existem várias dimensões da longevidade. Uma delas é o déficit habitacional em nosso país, que só se agrava com o envelhecimento. Ainda são poucos os modelos de negócios imobiliários que potencializam a longevidade mais ativa e independente. Um movimento muito forte e mais atraente ao brasileiro é o Aging in Place (envelhecer em sua própria casa). Para tanto, precisamos de uma grande reforma no modo de pensar de arquitetos e engenheiros, para que desenvolvam maior empatia com o tema e possam elaborar edificações mais amigáveis para esse público. Então, poderíamos pensar em Aging in ANY Place, como o colega Martin Henkel lançou em tema transversal. Onde estivermos em nossa “envelhescência” seremos acolhidos e poderemos desenvolver nossas habilidades em plenitude, criando um “microcosmo” de blue zones a partir de nossa própria casa.
O público 60+ está participando mais da vida em sociedade e dos movimentos descentralizados. Esse ano, por exemplo, muitos mais longevos participaram e foram votar, o que demonstra seu interesse pelo momento, pela vida e o senso de utilidade. “Vou participar do que acredito”. A saúde mental do público da maturidade tem melhorado muito pela qualidade de vida e bem estar mais presentes. O idoso de hoje é e também precisa ser útil e produtivo, o que vem acontecendo. Estamos vivendo mais e melhor. A convivência intergeracional é importante, e todas as profissões e atividades precisam se ajustar para que cada vez mais essa convivência seja saudável e harmônica.
Não precisamos chegar aos 60 anos para pensar em como cuidar da longevidade, e sim durante a vida estar atentos para os sinais do que o mundo vem passando em formas de ações e palavras noticiadas como por exemplo o que falam das blue zones. Nestas regiões o cuidado é imprescindível. Vemos o cuidar da alimentação, do movimento, da espiritualidade, da rotina diária, de certos comportamentos que nos remetem a viver sempre mais e melhor, e não esquecer de cuidar da comunidade, um olhar para o outro.