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O jornal canadense Financial Post publicou na semana passada um artigo do renomado cientista político, economista e estatístico dinamarquês Bjorn Lomborg, com o sugestivo título “A energia solar e a eólica são caras”, no qual contesta de forma categórica as expectativas otimistas colocadas nessas duas formas de geração de eletricidade supostamente limpa.
Lomborg é pesquisador visitante na Hoover Institution da Universidade de Stanford e tornou-se celebridade internacional com suas críticas bem fundamentadas ao catastrofismo ambiental e climático. Ideias essas expostas em livros como O Ambientalista Cético – revelando a real situação do mundo (2002), Falso alarme: como o pânico das alterações climáticas nos custa bilhões, atinge os mais pobres e não salva o planeta (2024) e outros, alguns deles publicados no Brasil.
No texto, ele é categórico: as evidências globais mostram que nenhum país que dependa fortemente de energia eólica e solar tem custos de eletricidade baixos
Citando o exemplo do Canadá, ele afirma que o reduzido fornecimento de energia eólica custa mais de 1 bilhão de dólares canadenses (câmbio atual: C$ 1 = US$ 0,70) aos habitantes de Ontário, a província mais populosa e rica do país.
Segundo Lomborg: “Um estudo revisado por pares revelou que os custos econômicos do vento são pelo menos três vezes maiores que os seus benefícios. Somente os donos da energia eólica ganham dinheiro; os ‘perdedores são principalmente os consumidores de eletricidade, seguidos pelos governos’, conclui o estudo.”
Em seguida, comenta a grande deficiência de tais fontes, a intermitência:
“(...) As sociedades modernas precisam de energia 24 horas por dia. A intermitência das energias solar e eólica significa que é se precisam de backups, geralmente fornecidos por [usinas de] combustíveis fósseis. O que significa que os cidadãos acabam pagando por dois sistemas de energia: as renováveis e seus backups. Além disso, são necessárias muito mais linhas de transmissão para levar a energia eólica e solar aos usuários, enquanto, sendo menos usados, os combustíveis fósseis de reserva têm menos horas para recuperar os seus custos de capital. Ambos os efeitos aumentam ainda mais os custos.”
E observa:
“Os dados mais recentes da Agência Internacional de Energia (AIE) de quase 70 países revelam uma correlação clara entre o uso de energia solar e eólica e os preços médios mais altos de energia para residências e empresas. Em países que usam pouca ou nenhuma energia solar e eólica, o custo médio de eletricidade é de cerca de 16 centavos por quilowatt-hora (em dólares canadenses de 2024). Para cada aumento de 10% na participação da energia solar e eólica, os custos de eletricidade aumentam em quase oito centavos por kWh. Esses números são de 2022, mas os resultados foram essencialmente os mesmos em 2019, antes dos impactos da pandemia de Covid-19 e da guerra Rússia-Ucrânia.
“Na Alemanha, em 2022, a eletricidade custava US$ 0,43 por kWh – mais que o dobro do preço no Canadá e mais de três vezes o da China. A Alemanha instalou tanta capacidade solar e eólica que, em dias ensolarados e ventosos, ela satisfaz quase 70% das necessidades do país – um fato que a imprensa relata avidamente. Mas dificilmente a mesma mídia menciona os dias escuros e sem vento, quando as energias renováveis não fornecem quase nada. Nos últimos meses, em duas ocasiões, quando estava nublado e quase sem vento, as centrais solares e eólicas forneceram menos de 4% da demanda diária de energia no país.”
Lomborg deixa uma forte crítica ao governo canadense:
“No Canadá, a abundante energia hidrelétrica fornece 58% da sua eletricidade, razão pela qual houve menos esforço para desenvolver energia eólica e solar, que fornecem apenas 7%. Mas o desejo de dar um sinal de virtude é forte. A visão do governo federal para o sistema elétrico em 2023 declara que abandonar os combustíveis fósseis é um ‘imperativo científico e moral’ e ‘a maior oportunidade econômica das nossas vidas’.
“No entanto, a maior conclusão da evidência global é que, entre todas as nações do mundo – muitas com ambições verdes muito grandes –, nenhuma obtém muita energia das fontes solares e eólicas e tem baixos custos de eletricidade. (...)”
E o “ambientalista cético” sequer tocou em outro aspecto crucial das fontes eólicas e solares, os seus consideráveis impactos ambientais.
Quando se afirma que a energia do sol e dos ventos é limpa, costumam-se deixar de lado, por desconhecimento ou conveniência, alguns fatos elementares:
1) A fabricação dos materiais usados nos painéis solares e aerogeradores exige enormes quantidades de metais como cobre, cobalto, níquel, grafite, terras raras e outros. Um aerogerador padrão consome nove vezes mais materiais do que uma turbina termelétrica equivalente.
Estudos da própria AIE e do Serviço Geológico da Finlândia estimam que a demanda de minérios necessários para atender a expansão do uso de tais fontes prevista até 2050 irá requerer um aumento de várias vezes nos níveis atuais de produção, perspectiva claramente inviável, devido à inexistência de jazidas comerciais na escala necessária e aos enormes impactos ambientais de tal expansão hipotética.
2) A mineração desses materiais, principalmente, as terras raras (neodímio, praseodímio, disprósio, etc.) gera grandes volumes de lamas químicas contendo metais pesados, que poluem solos e aquíferos. A China, principal produtora daqueles materiais e equipamentos, tem tido sérios problemas com tais processos.
3) A disposição dos materiais das centrais eólicas e solares – pás de aerogeradores, placas, etc. –, cujas vidas úteis estão na faixa de 20-25 anos, também acarreta problemas, devido ao fato de serem de difícil degradação nos solos e conterem metais pesados, exigindo enormes “lixões” desses materiais. As possibilidades de reciclagem são limitadas, por serem processos complexos e caros.
Ademais, um aspecto crucial: a fabricação das pás dos aerogeradores e das placas solares envolve processos industriais de altas temperaturas que requerem combustíveis fósseis.
Trocando em miúdos, além de caras e nada limpas, as fontes eólicas e solares não são “autorreproduzíveis”. Ou seja, apenas desinformados ou interessados em negociatas de prazos limitados podem propor que sejam o pilar central da mal denominada “transição energética”.
Conteúdo editado por: Aline Menezes




