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Rejeição a Boric dispara em meio a boatos e crise econômica
| Foto: Reprodução Twitter

Bastaram sete semanas para a popularidade do recém-eleito presidente do Chile despencar. Aos 36 anos, Gabriel Boric é a mais recente demonstração de que uma narrativa lacradora e demagógica pode até vencer uma eleição, mas está condenada ao fracasso quando enfrenta o teste da realidade. Que sirva de lição a quem teima em acreditar no canto da sereia do populismo de esquerda.

O índice de rejeição ao jovem político subiu mais de 30 pontos desde a sua posse, em 11 de março. No mesmo período, geralmente de lua-de-mel do novo presidente com a sociedade, a desaprovação aos seus antecessores Michelle Bachelet e Sebastian Piñera era de pouco mais de 20%; a rejeição a Boric já supera os 50%.

Desorientado e inexperiente, o presidente se comportou, nas primeiras semanas do mandato, como se continuasse em campanha. Ignorando os problemas urgentes do país, como a violência e o custo de vida, ele prometeu, por exemplo, transformar o Chile de uma potência mineradora em um modelo latino-americano de economia verde: um modelo que transcenderia o capitalismo e o neoliberalismo. Aham.

Desde que o ex-líder estudantil de braços tatuados assumiu o cargo, a criminalidade no Chile aumentou, a inflação saiu de controle, e a qualidade dos serviços públicos piorou. Enquanto isso, o presidente continua dando prioridade a agendas identitárias que mais dividem do que unem os chilenos.

Além disso, Boric se tem mostrado inábil na relação com o Congresso, onde ele não dispõe de uma base de apoio consolidada para implementar suas propostas – como a reforma tributária e a reforma da Previdência. Na semana passada, o projeto que permitiria aos chilenos sacar 10% do dinheiro depositado para a aposentadoria foi sumariamente rejeitado pelos deputados, por seu potencial inflacionário (a inflação no Chile já é de 9,4% ao ano, uma das maiores do continente).

O apoio da sociedade chilena ao trabalho da Assembleia Constituinte (“Convención Constitucional”) também despenca, diante de propostas estapafúrdias, como a da extinção do Senado. A nova Constituição será votada em plebiscito no próximo dia 4 de setembro, e o governo vê aumentar a cada dia o risco de uma derrota: hoje, apenas quatro em cada 10 chilenos dizem confiar no trabalho dos deputados constituintes.

Boric vem perdendo apoio sobretudo entre os chilenos mais pobres, que são mais impactados pela inflação e pela alta do custo de vida: nas classes mais baixas, a rejeição ao presidente chega a 61%. Ameaças de uma greve nacional começam a pipocar pelo país. começando pelos caminhoneiros.

Tudo isso é consequência da criação, durante a campanha eleitoral, de expectativas impossíveis de cumprir. E, como costuma acontecer com líderes tíbios e incompetentes, as críticas e pressões não vêm apenas da oposição: os comunistas que ajudaram a eleger Boric não têm poupado críticas à sua gestão, questionando a viabilidade política do programa anunciado na campanha. Já os ativistas profissionais estão acusando o presidente de ser um traidor, um “amarelão” que se esqueceu do povo.

Boric e a namorada: beijo encenado para tentar conter onda de boatos
Boric e a namorada: beijo encenado para tentar conter onda de boatos

Para completar o inferno astral, Boric também enfrenta uma onda crescente de boatos que sugerem que seu relacionamento amoroso com sua namorada Irina Karamanos é de fachada: ela teria sido contratada para interpretar o papel de primeira-dama, já que Boric seria gay.

A reação, previsível, tem sido acusar os propagadores dos boatos de heteronormativos – quando, na verdade, heteronormativa seria a atitude de Boric, se verdadeira (além de revelar a propensão sua para a mentira: até porque, nessa altura do campeonato, é lamentável alguém precise contratar uma mulher para tentar esconder sua sexualidade).

Para tentar frear essa onda de boatos, na segunda-feira passada Boric posou para fotógrafos dando um beijo em Irina que pareceu bem pouco natural, diante do palácio de La Moneda – o que gerou uma saraivada de memes nas redes sociais, piorando a situação.

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