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Viagem de Bolsonaro a Camboriú (SC). Segurança reforçada.
Viagem de Bolsonaro a Camboriú (SC). Segurança reforçada.| Foto: Alan Santos/PR

Arquivos “reservados” da Presidência da República registram viagens oficiais do então presidente Jair Bolsonaro para participar de “atividades eleitorais” durante a campanha presidencial de 2022. Os comprovantes de despesas pagas por cartões corporativos foram "desclassificados", ou seja, não estão mais em sigilo. Dados oficiais obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação revelam quanto custaram esses eventos de campanha eleitoral, parcialmente pagos com dinheiro do contribuinte.

No dia 29 de setembro, quinta-feira, o presidente deslocou-se para o Rio de Janeiro para eventos variados: participar de “atividade eleitoral” – o debate na Rede Globo de Televisão – e de “atividade privada” – votar no primeiro turno das eleições gerais. O debate terminou à 1h30 de sexta-feira. Naquele dia, passou por Poços de Caldas (MG) e seguiu para Joinville, de onde chegou às 19h. No domingo pela manhã, foi votar na Escola Municipal Rosa da Fonseca. A viagem custou R$ 452 mil, com R$ 211 mil gastos na locação de veículos e R$ 123 mil com diárias e passagens.

Documentos mostram despesas em atividades eleitoral e privada.
Documentos mostram despesas em atividades eleitoral e privada.

A passagem por Joinville foi rápida. Em 1º de outubro, o presidente e sua comitiva chegaram ao aeroporto da cidade às 14h32 para “participar de atividade eleitoral”. A comitiva se deslocou em comboio de veículos do aeroporto até a Rotatória Santos Dumont. Bolsonaro participou de “motociata” das 15h45 às 17h45. Em seguida, retornou ao aeroporto e partiu para o Rio de Janeiro às 18h.

O efetivo militar empregado no Sistema de Segurança Presidencial no município de Joinville consumiu 1.080 lanches, sendo 822 destinados a militares do Exército e 218 para policiais militares de Santa Catarina. O efetivo contava ainda com policiais rodoviários federai, policiais civis, bombeiros e enfermeiros. Foram servidos dois lanches para cada integrante do sistema de segurança.

Segundo dados da Presidência, a estada de Bolsonaro em Joinville durante 3,5 horas custou R$ 201 mil. Foram gastos R$ 81 mil com locação de veículos para o deslocamento terrestre do presidente, comitiva e seguranças e R$ 83 mil com diárias e passagens. Os pagamentos de despesas com cartões corporativos somaram e R$ 36,7 mil.

Dinheiro público também pagou despesas com seguranças e pessoal de apoio nos comícios pela reeleição do então presidente Lula em 2006. A então presidente Dilma Roussef igualmente teve despesas com seguranças pagas pela Presidência da República em eventos políticos na campanha pela sua reeleição, em 2014. Esta prática ficou clara nos gastos com cartões corporativos nos deslocamentos em agosto e setembro daquele ano, desclassificados após o término do seu mandato.

Documento "reservado" classificou motociata como "atividade eleitoral"
Documento "reservado" classificou motociata como "atividade eleitoral"

Compromisso político-religioso

Em 4 de outubro, o presidente foi a São Paulo para participar de “Atividades eleitorais”. Do aeroporto de Congonhas, seguiu em comboio direto para a Assembleia de Deus Ministério de Belém, onde ocorreu culto por ocasião da Convenção Fraternal das Assembleias de Deus, com duração de 1 hora. Dali, a comitiva partiu em veículos para a Igreja Evangélica Assembleia de Deus Brás – Ministério de Madureira, onde participou de culto.

Bolsonaro realizou “viagem presidencial” para São Luís no dia 15 de outubro, um sábado, com a “finalidade” de participar de “atividade eleitoral”. Pousou no aeroporto da capital maranhense às 17h40. A comitiva deslocou-se em veículos até o Santuário Assembleiano, onde ocorreu a atividade eleitoral “Neemias 2022”, com duração de 1 hora. A comitiva decolou para São Paulo às 20h50. A viagem custou R$ 172 mil, com gastos de R$ 60 mil com locação de veículos e R$ 85 mil com diárias e passagens.

As três horas na cidade custaram R$ 191 mil. A locação de veículos custou R$ 85 mil. As diárias e passagens, R$ 70 mil. Os cartões corporativos pagaram mais R$ 43,5 mil. Foram servidos 520 lanches para integrantes do sistema de segurança, sendo 220 para integrantes do Exército e 146 para policiais militares.

O presidente esteve em Pelotas (RS) para “participar de atividade eleitoral” no dia 11 de outubro, quinta-feira. Chegou às 14h. Concedeu entrevista à Rádio Universidade e foi para o Centro de Eventos da Fenadoce, onde ocorreu a atividade eleitoral: “Encontro com prefeitos”, com duração de meia hora. Partiu para Brasília às 17h45. As 3,5 horas em Pelotas custaram R$ 184 mil, com R$ 92 mil destinados a locação de veículos.

O presidente esteve em Guanambi (BA) para participar de “Atividade eleitoral” no dia 25 de outubro. Participou de uma carreata e fez um comício na Praça da Feira, região central de Guanambi. Pediu votos para o presidente do União Brasil, ACM Neto, que disputava o governo do Estado contra o PT. As duas horas e meia na cidade custaram R$ 257 mil, sendo R$ 178 mil gastos com aluguel de veículos para transporte da comitiva presidencial.

No dia seguinte, Bolsonaro esteve em Teófilo Otoni e Governador Valadares, para “atividade eleitoral”, na reta final do segundo turno. Das 8h às 9h, foi realizada carreata do presidente e comitiva em Valadares. O presidente partiu logo para Teófilo Otoni, num deslocamento aéreo de 40 minutos. Às 10h, houve encontro com lideranças políticas no Centro Poliesportivo. No final da manhã, ocorreu “atividade eleitoral na Praça Tiradentes. A viagem custou R$ 132 mil, com R$ 72 mil gastos em diárias e passagens.

Quem paga a conta

As despesas com o transporte oficial do presidente e sua comitiva, em campanha eleitoral, são pagas pelo seu partido político. Mas as despesas com a segurança do presidente da República são pagas pela Presidência da República. A Resolução Tribunal Superior Eleitoral 23.610/2019 diz que, “no transporte do presidente em campanha ou evento eleitoral, serão excluídas da obrigação de ressarcimento as despesas com o transporte dos servidores indispensáveis à sua segurança e atendimento pessoal”.

Considerando apenas as viagens para atividades eleitorais, a despesa total chega a R$ 7,9 milhões. Os maiores gastos ocorreram na locação de veículos – R$ 3,4 milhões. As diárias e passagens para seguranças e equipe de apoio do presidente custaram mais R$ 2,6 milhões. As despesas pagas com cartões corporativos somaram R$ 1,9 milhões. Os cartões pagam despesas extras como hospedagem e alimentação da equipe de segurança e de apoio.

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