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Os deputados federais gastaram R$ 243 milhões do “Cotão” – a cota para o exercício do mandato, em 2024. Foram 95,6 milhões apenas com a divulgação do mandato – ou autopromoção. A segunda maior despesa foi com aluguel de veículos – R$ 41,4 milhões. Quarenta deputados gastaram em torno de R$ 150 com locações de carrões como Hilux, Trailblazer e Jeep Commander. Outros 30 aplicaram R$ 2 milhões em fretamento de aeronaves. Antônio Doido (MDB-PA) pagou R$ 227 mil por três viagens no trajeto Belém/Brasília/Belém. O campeão da gastança foi Pompeo de Mattos (PDT-RS), que torrou R$ 646 mil.
As despesas com passagens em viagens no país custaram R$ 40 milhões. A manutenção de escritórios nos estados, mais R$ 32 milhões. Como carros precisam de combustível, teve mais uma despesa de R$ 22 milhões. Como os deputados percorrem seus redutos eleitorais, houve mais despesas de R$ 3,5 milhões com hospedagem e R$ 660 mil com alimentação. Teve ainda gastos de R$ 2,9 milhões com telefonia, R$ 1,5 milhão com segurança dos parlamentares, R$ 1,1 milhão com táxi, pedágio e estacionamento, e R$ 69 mil com assinatura de publicações.
Os campeões da gastança
Yury do Paredão (MDB-CE) liderou o ranking de divulgação do mandato, com despesas de R$ 483 mil em 2024. O dinheiro foi utilizado em assessoria de comunicação e manutenção das redes sociais. Ele bateu o deputado Eunício Oliveira (MDB-CE), ex-presidente do Senado, que vinha liderando a ranking. Eunício ficou na segunda colocação, com R$ 466 mil. Ele também investiu pesado nas redes sociais, do Facebook ao Tik Tok.
O terceiro colocado, Moses Rodrigues (União), também é do Ceará. Ele investiu na internet e em rádios do estado. Na descrição dos serviços, citou a divulgação no programa Tribuna e Plenário do Rádio, no programa Olho na Cidade e no programa Bastidores da Política. Também pagou pela produção de conteúdos para divulgação em blogs, como o Blog do Tide. Glaustin da Fokus (Podemos-GO), o quarto do ranking, usou a estratégia oposta. Distribuiu 480 mil informativos impressos em material gráfico em cidades de Goiás. Sua despesa chegou a R$ 446 mil.
Considerando todas as despesas, o líder do ranking da gastança, Pompeo de Mattos, torrou R$ 647 mil. Ele também investiu muito em divulgação do mandato: R$ 306 mil. Pagou serviços de foto digital e filmagem e transmissões ao vivo para suas redes digitais. Zé Haroldo Cathedral (PSD-RR) gastou R$ 633 mil, sendo R$ 388 mil em divulgação. Ele investiu R$ 388 mil em divulgação das suas atividades parlamentares nas redes sociais. Alugou ainda uma caminhonete Amarok por R$ 12,5 mil mensais até julho.
O deputado Gabriel Mota (Republicanos-RR) gastou 623 mil, sendo R$ 264 mil em divulgação. Pagou R$ 22 mil mensais para uma empresa fazer a divulgação e atividades parlamentares do deputado. Ele alugou uma Trailblazer de janeiro a março por R$ 12,5 mil mensais. Gastou mais R$ 284 mil com manutenção do escritório no estado.
Os carrões
Os deputados percorreram seus redutos eleitorais em carrões caros. Lúcio Mosquini (MDB-RR) alugou uma Hilux por R$ 12,7 mil mensais em janeiro e fevereiro. A partir de março, trocou por uma Chevrolet S10, no mesmo valor – uma despesa de R$ 152 mil. Thiago Flores (Republicanos-RO) alugou uma Toyota SW4 (sete lugares) por R$ 12,7 mil até abril. A partir de maio, trocou por uma caminhonete Amarok – tudo por R$ 152 mil.
Bacelar (PV-BA) alugou um Jeep Compass Longitude por R$ 12,65 mil a partir de janeiro. Em julho, trocou por uma Hilux, no mesmo valor. Mais uma despesa de R$ 152 mil. O deputado omitiu a marca dos veículos na declaração das despesas. Mas a placa permite essa identificação. Roberta Roma (PL-BA) alugou uma Hilux por R$ 150 mil de janeiro a dezembro. Leur Lomanto (União-BA) alugou um Jeep Commander pelo mesmo valor. Alex Santana (Republicanos-BA) alugou uma camionete S10 por R$ 150 mil.
Aviões fretados na Amazônia
O líder da gastança com fretamento de aeronaves foi o deputado Átila Lins (PSD-AM), com R$ 312 mil. A sua maior despesa foi em setembro: 62 mil. Ele viajou para Nova Olinda, Codajás e Manaus. Ele viajou em monomotores turbo-hélices, alguns deles anfíbios. Em 4 de outubro voou para Autazes. “Participei do comício final do candidato a prefeito de Autazes Thomé Neto. Foi uma festa gigantesca. Cerca de dez mil pessoas compareceram ao evento”, saudou o deputado pelas redes sociais.
Renilce Nicodemos (MDB-PA) ficou na segunda colocação, com R$ 228 mil. Em julho e novembro, ela gastou R$ 60 mil – em cada mês – com aluguel de aviões. Em junho, esteve em Monte Alegre e Carauapebas. Em novembro, voou para Tucuruí e Breves. Silas Câmara (Republicanos-AM) gastou R$ 181 mil com aluguel de aviões; Sidney Leite (PSD/AM), mais R$ 171 mil.
Os deputados justificam as elevadas despesas com fretamento de aviões pelas enormes distâncias percorridas na região amazônica. Essa justificativa não se aplica aos voos do deputado Antônio Doido, que custaram R$ 227 mil. Ele fez três voos no trecho Belém/Brasília/Belém. Em julho, custou R$ 70 mil; em agosto, 85 mil; em outubro, 72 mil. O blog fez contato com o gabinete do deputado na Câmara e solicitou a justificativa para esses voos. Não houve resposta até a publicação da reportagem.
Os gastos por partido
A divisão da verba acompanha o número de integrantes das bancadas partidárias. Assim, quem tem mais deputados, recebeu mais recursos. O blog informa também o valor médio gasto por deputado de cada partido. Com 93 deputados, o PL é o partido que mais gastou com o Cotão – R$ 42,7 milhões. A média por deputado da bancada chegou a $ 459 mil. A bancada do PT, com 67 deputados, gastou R$ 33 milhões – média de R$ 493 mil por deputado.
A bancada do União Brasil, com 59 deputados, gastou R$ 28,9 milhões – média de R$ 489. O PP, com 50 deputados, consumiu R$ 24,8 mil milhões – média de 496 mil. Com 44 deputados, o PSD gastou R$ 22,3 milhões – média de R$ 507 R$ mil. O MDB, também com 44 deputados, gastou R$ 20,6 milhões – média de R$ 468 mil. O Republicanos, com 44 deputados, gastou R$ 21,8 milhões – média de R$ 495 mil. Os números estão na página de Transparência da Câmara e informam os números das bancadas atuais.
As verbas do “Cotão” foram analisadas e aprovadas pela equipe técnica da Câmara e atendem às normas da casa – aprovadas pelos deputados.





