
Ouça este conteúdo
As emendas ao Orçamento da União, apresentadas pelos deputados e senadores, de junho de 2014 a julho deste ano, somaram R$ 263 bilhões (em valores atualizados pela inflação). A maior parte é de emendas individuais – que deixam o carimbo do parlamentar. Foram R$ 131 bilhões, incluindo R$ 23 bilhões das emendas PIX, mais recentes. As emendas de relator do Orçamento custaram R$ 66 milhões. As emendas de bancada consumiram mais R$ 51 bilhões. As de comissões, mais R$ 14 bilhões.
Os caciques do Senado lideram as liberações de emendas. O campeão das emendas é o senador Eduardo Braga (MDB-AM), ex-prefeito de Manaus, ex-governador do Amazonas e ex-ministro de Dilma Rousseff. Suas emendas somaram R$ 285 milhões. Em segundo lugar vem o senador Jader Barbalho (MDB-PA), ex-presidente do Senado, ex-governador do Pará e ex-ministro de José Sarney. Suas emendas chegaram a R$ 274 milhões. O terceiro colocado é Davi Alcolumbre, com R$ 266 milhões. Ele está no segundo mandato na presidência do Senado.
A senadora Mara Gabrilli (PSD-SP), há quase sete anos no mandato, entrou no grupo dos caciques, com R$ 263 milhões em emendas. Antes, foi deputada e vereadora. Defende os direitos das pessoas com deficiência. Na quinta posição está o senador Omar Aziz (PSD-AM), com R$ 262 milhões de emendas. Ex-governador do Amazonas e ex-presidente da CPI da Pandemia de Covid.
Mais ex-presidentes e líderes na lista
Um pouco abaixo na tabela estão outros caciques. O senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) deixou o mandato de presidente do Senado em fevereiro deste ano. Está cotado para disputar o governo de Minas, com o apoio do presidente Lula. Suas emendas somaram R$ 249 milhões. O senador Renan Calheiros está no cargo há 30 anos. Foi presidente do Senado e ministro da Justiça no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). As suas emendas somaram R$ 240 milhões.
Há ainda os novos caciques do PT. O senador Humberto Costa (PE) foi líder do partido por vários anos e está na segunda vice-presidência. O senador novato Beto Faro (PT-PA), agricultor e sindicalista, é líder da bancada do partido desde 2024. Foi deputado por 17 anos e já conseguiu aprovar R$ 225 milhões em emendas. Randolfe Rodrigues (PT-AP) é senador há 25 anos. É líder do PT no Congresso. Suas emendas somam R$ 210 milhões. Senador há sete anos, Marcos Rogério (PL-RO) é o parlamentar do PL com melhor colocação no ranking das emendas, em 13º lugar, com R$ 236 milhões. Antes do Senado, foi deputado e vereador em Ji-Paraná.
O senador Eduardo Braga afirmou ao blog que a maior parte dos recursos das suas emendas foi direcionada, prioritariamente, para a área da saúde. Ocorreram, em menor quantidade, recursos para as áreas de infraestrutura e assistência social.
A divisão do bolo das emendas entre os estados é interessante. O estado de São Paulo recebeu R$ 14,6 bilhões em emendas. Mas a população do estado chega a 46 milhões. São R$ 316 por pessoa. No Paraná, um estado de médio porte, são R$ 7 bilhões para 11 milhões de pessoas. São R$ 671 por cidadão. O estado do Amapá recebeu R$ 2,3 bilhões de emendas. Com 806 mil habitantes, fica com renda média de R$ 2,8 mil.
O estado tem dois senadores prestigiados: Davi Alcolumbre e Randolfe Rodrigues. Alcolumbre já conseguiu R$ 157 milhões para o Amapá. Há mais R$ 139 milhões em emendas individuais pagos ao Banco do Brasil. O dinheiro pode ter financiado obras ou programas no Amapá. Randolfe destinou mais R$ 149 milhões ao estado, além de R$ 89 milhões pagos ao Banco do Brasil. É preciso lembrar ainda que os parlamentares utilizam as emendas de bancada e as emendas de relator, que não apontam os beneficiados.
As emendas de relator, na verdade, são divididas entre os parlamentares, mas não há como identificá-los. Nos registros do governo, aparecem apenas os "favorecidos".





