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A esposa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Ana Estela, completou 10 voos de carona em jatinhos da FAB em deslocamentos entre Brasília e São Paulo, sempre acompanhada do marido. Com as 14 caronas do ano passado, já são 24 deslocamentos nas asas da FAB. Numa das viagens de 2024, os passageiros eram apenas Haddad e Ana Estela – como um “Uber aéreo”.
Em 2025, cinco dos voos de carona de Ana Estela foram de São Paulo para Brasília, sempre às segundas-feiras. Quatro dos cinco voos de Brasília para São Paulo foram às quintas-feiras. Mas há outros caronas ilustres.
Em 11 de fevereiro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes pegou carona num voo do ministro da Defesa, José Múcio, que retornava de São Paulo, onde foi entrevistado no programa Roda Viva.
Há mordomias para muitos. Muitas delas se escondem na categoria “à disposição do Ministério da Defesa”
Surgiram no início de 2023 como um arranjo para atender ministros do STF que estavam sendo xingados e ameaçados nos aeroportos. Uma brecha na lei permitiu os voos “secretos” dos ministros, por questões de “segurança”.
Uma fonte da Defesa informou ao blog que o passageiro mais assíduo era o ministro Alexandre de Moraes. Meses depois, o então ministro da Justiça, Flávio Dino, oficializou os voos “secretos”. Neste ano, ocorreram 25 desses voos, sendo 19 no trajeto Brasília/São Paulo – ida ou volta. Não há registros dos passageiros.
“Uber aéreo”
Neste ano, já foram realizados 29 voos na categoria “Uber aéreo” – quando a aeronave oficial transporta de 1 a 3 passageiros. Cinco desses voos com apenas 1 passageiro estavam “à disposição” do Ministério da Defesa. Onze voos transportaram 2 passageiros. Os voos de “Uber aéreo” atenderam ministros de Estado e os presidentes da Câmara e do Senado.
Alguns casos são atípicos. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, homem forte do governo Lula, viajou de Salvador para Brasília, no dia 24 de fevereiro, uma segunda-feira, às 5h35. Chegou às 7h30. Era o único passageiro daquele “Uber aéreo”. O motivo da viagem: “Acompanhar o presidente da República em agenda de trabalho”.
Naquele dia, às 8h, Lula partiu para Pelotas para cerimônia de assinatura do contrato de Navios da Transpetro pelo Programa de Renovação da Frota Naval da Petrobras. O evento foi em Rio Grande (RS). Às 13h, presidente e comitiva retornaram a Brasília.
O então ministro das Comunicações, Juscelino Filho, voou de Porto Seguro para Brasília, no dia 10 de janeiro, uma sexta-feira, às 8h. Retornou para Porto Seguro às 13h25 como único passageiro do jatinho oficial. As explicações para a viagem estão nos registros de voo da Aeronáutica:
“Importante ressaltar que se trata de convocação do senhor presidente da República para reunião no Palácio do Planalto, às 10h, do dia 10. Não foi encontrado voo comercial que chegue a tempo do cumprimento da agenda, considerando que o ministro das Comunicações encontra-se em Trancoso/BA”.
Naquele dia, consta da agenda presidencial apenas um telefonema com o presidente da França, Emmanuel Macron, e uma reunião com o ministro da Educação, Camilo Santana, e o ministro da Comunicação Social, Sidônio Palmeira.
Voo do Rio para o Rio
Em 13 de fevereiro, o ministro da Educação, Camilo Santana, participou do anúncio do pacote de bondades do governo federal para o Pará: inauguração de bloco do campus Belém do Instituto Federal do Pará (IFPA), assinatura da ordem de serviço dos campi Viseu e Redenção do IFPA e assinatura de 76 obras de retomada do PAC. O ministro voou à noite para Brasília, com apenas dois passageiros no jatinho.
O ministro do Trabalho e Emprego fez um voo no mínimo curioso no dia 21 de fevereiro. Decolou do Aeroporto Santos Dumont, às 10h20, e aterrizou no Aeroporto de Santa Cruz, às 10h45 – ambos no Rio.
Havia dois passageiros a bordo. Na sua agenda consta: “Anúncios de investimentos no setor portuário, acompanhado do presidente da República, em Itaguaí (RJ).
A assessoria de Luiz Marinho informou que o ministro viajou de Brasília ao Rio de Janeiro com destino ao Aeroporto Santos Dumont. De lá, seguiu para a Base Aérea de Santa Cruz, onde se integrou à comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que havia partido de São Paulo.
"A agenda no Rio incluiu a participação do ministro na cerimônia de concessão do Terminal ITG02, no Porto de Itaguaí (RJ), e no anúncio de novos investimentos do Fundo da Marinha Mercante. Como a chegada do presidente à Base Aérea estava prevista para 30 a 40 minutos após o pouso no Santos Dumont, o trajeto por terra até o porto foi inviabilizado. Por isso, o ministro seguiu de helicóptero da Base de Santa Cruz até Itaguaí", afirmou a assessoria.
A assessoria de Haddad afirmou ao blog que a viagem de 19 de maio, na companhia da esposa, “foi necessária em razão dos compromissos realizados na cidade de São Paulo no dia 20/05/2024”. Acrescentou que Ana Estela Haddad, que é professora da USP e ocupa, a convite da Ministra Nísia Trindade, o cargo de secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde, foi passageira no voo realizado no dia 19 de maio nos termos do Art. 7º do Decreto nº 10.267: "Art. 7º Ficarão a cargo da autoridade solicitante os critérios de preenchimento das vagas remanescentes na aeronave, quando existirem vagas disponíveis além daquelas ocupadas pelas autoridades que compartilharem o voo e por suas comitivas. Ressalta-se que todas as viagens realizadas pelo Ministério da Fazenda seguem as regras estabelecidas pela Lei nº 8.112 (Art. 58) e pelo decreto supracitado".
