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Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) estão nas primeiras colocações da pesquisa Datafolha| Foto: Montagem/Gazeta do Povo

Vivemos no Brasil um niilismo político prático. Niilismo aqui significa crer em nada e em ninguém, perda de esperança, notas de cinismo, um ceticismo paralisante amparado na experiência histórica recente. Digo que é prático porque não é meramente uma questão teórica para especialistas.

O senso comum, pelo menos aquele que não é estúpido, militante ou parte da canalhice, vive e respira esse niilismo no seu dia a dia. Acho fofo quem acha que com a vitória do Lula haverá razões para superação desse estado de espírito.

Enfim, não há no que acreditar nem em quem investir esperança na esfera política. As possibilidades políticas são todas – pelo menos no plano dos políticos que de fato têm poder – nulas. Bem-vindos ao Brasil de 2022. O século 21 é o século do niilismo político prático brasileiro.

A política brasileira é um salve-se quem puder e dane-se o resto.

Quem conhece o niilismo como conceito sabe que seus desdobramentos podem ser tanto psicológicos (depressão), sociais (cinismo institucional), epistemológicos (não se acredita em nada nem em ninguém), morais (corrupção em escala micro e macro). Há uma falência na crença de toda e qualquer narrativa, para o gozo dos inteligentinhos pós-modernos. A política brasileira é um salve-se quem puder e dane-se o resto.

Existem os diversos atores desse roteiro niilista. Um dos mais atuantes é o conglomerado que podemos chamar de atavismo petista no país. O PT, uma gangue reconhecida, volta ao poder com ares de salvador nacional. Os integrantes dessa gangue, e seus discípulos, deveriam acender velas para o Bolsonaro porque, graças à sua estupidez, incompetência e oportunismo, o PT deve voltar ao poder com ares de grande instituição democrática.

Esquece-se de que a desgraça que o país vive hoje se deve, em grande parte, a quase quatro mandatos do PT em Brasília. Por mais péssimo que seja o governo Bolsonaro – uma catástrofe em todos os sentidos – a derrocada do país no século 21 se deve muito aos quatro mandatos do PT. Bolsonaro destruiu a opção liberal no país, no mínimo, por mais 20 anos. Os liberais bolsonaristas são uns idiotas.

A eleição de Bolsonaro marcou mais um trauma naqueles que não se alinham à gangue. A ditadura já era um trauma suficiente – no sentido de se você não é petista você torturou presos políticos, assim como se você é branco, você foi dono de escravos, conclusões evidentemente falsas e retóricas. Com o evento Bolsonaro, a esquerda em geral poderá sinalizar suas falsas virtudes por mais uns dez anos no mínimo.

Simplesmente não há em quem votar para presidente em 2022. Ambos os candidatos representam o que há de pior no país desde o início do século 21.

Para além da eleição do primeiro mandatário da República, há também os estados. No caso específico do estado de São Paulo, com a traição do Alckmin – que se vendeu ao PT em troca dos últimos 15 minutos de oxigênio numa vida política em absoluta decadência – e o caráter infantilmente afoito do Doria, que atropelou tudo e a todos e tornou sua boa administração em São Paulo invisível para "as massas" que decidem os destinos nas democracias, estamos à beira de dar acesso aos cofres públicos de São Paulo, pela primeira vez, ao PT.

Depois do presidente do país, o governador de São Paulo é um verdadeiro vice-rei. Se a gangue puser as mãos nos cofres de São Paulo – além do de Brasília, que parece inevitável –, a gangue escoará dinheiro público para si, seus aliados, e seus projetos de eternidade de modo nunca d'antes visto neste país. Brasília e São Paulo não podem pertencer à mesma gangue – desculpe, quis dizer partido. São Paulo é rico demais para ficar nas mãos do crime político organizado.

Mas o niilismo político prático brasileiro não fica apenas nas duas gangues executivas – PT e bolsonaristas batedores de carteiras –, o fenômeno se alastra pelo Legislativo. Uma corja de répteis à procura de verbas para seus currais eleitorais servirão ao soberano da vez, sem nenhum pudor. O Judiciário prende e solta quem quiser ao sabor de sua enorme vaidade e suas tecnicidades opacas aos mortais. Quo vadis Brasil?

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