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A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, foi eleita pelo Partido Fratelli d’Italia e é de direita, com cerca de 30% do parlamento. A Lega, de Matteo Salvini, que compõe o governo, também é de direita e tem 15% do parlamento. O Forza Italia, último componente do governo italiano, tem cerca de 10% do parlamento.
Esse último partido é o equivalente ao centrão italiano, e no Parlamento Europeu vota com a esquerda globalista. Os demais partidos italianos são variantes da esquerda e compõem 45% do parlamento italiano.
Na distribuição de partidos pelo governo, o Forza Italia ficou com o cargo de ministro das Relações Exteriores e foi ele que tomou a iniciativa unilateral de limitar a extensão da cidadania italiana para os descendentes de italianos no mundo.
Sem consultar nenhum dos partidos membros do governo, o ministro convocou o conselho dos ministros com o decreto pronto. Os demais líderes que compõem o atual governo italiano não assinaram a medida provisória, que deverá ir ao Senado e depois à Câmara.
Sabendo disso, nesta semana, descendentes de italianos no Brasil e no mundo foram surpreendidos por um decreto presidencial que reconhece a cidadania italiana Jus Sanguinis apenas para netos e filhos de italianos natos.
A medida contraria a lei que, por tradição, reconhece a cidadania aos descendentes de italianos que imigraram para os diversos países nos dois últimos séculos.
Imigração legal vs. ilegal
É preciso separar o que é imigração legal de descendentes da imigração ilegal. A primeira reforça os laços culturais, a economia e os valores, enquanto a segunda arrasa a cultura e a economia da Europa e dos demais países do Ocidente.
Fomentar um país leniente à imigração ilegal é uma reivindicação antiga da esquerda, pois há um plano muito claro de substituir a cultura da Europa por outras, estranhas e alheias em termos de língua, religião e valores. No entanto, o governo de direita de Meloni fez feroz oposição a isso.
No ano passado, caíram muito as imigrações ilegais na Itália - de 160 mil em 2023 para 53 mil em 2024, segundo dados do Ministério do Interior - o que pode explicar a mobilização da esquerda italiana agora em torno da pauta de cercear o direito à cidadania de descendentes, que propicia a imigração legal e acaba fatalmente com os planos globalistas da esquerda.
Risco de depopulação
A Itália, assim como outros países da Europa, está vivendo um processo lento, mas contínuo, de depopulação causada pela baixa natalidade e emigração da juventude para outros países.
Internamente, há várias cidades italianas abandonadas e outras tantas que correm o risco de chegar a ter zero habitantes nas próximas décadas, se a tendência continuar.
A imigração legalizada de descendentes é facilitada para investidores interessados em adquirir imóveis em regiões abandonadas a valores extremamente baixos, e essa é uma maneira de enfrentar o problema. Como é de se esperar, a esquerda globalista se incomoda com essas políticas.
Mas até que a tendência se reverta, a esquerda está relativamente segura no sucesso de seu plano de dissolver a segurança, assim como as identidades nacionais europeias
Em diversos países da Europa, o cidadão patriota que resiste a essa tendência destrutiva criada pela imigração ilegal se torna vítima do terrorismo de estado, refém em seu próprio país. Esse é o caminho que a Itália está seguindo.
Centrão é centrão
O leitor brasileiro já pode perceber que o centrão italiano, quando quer impor sua vontade, joga tranquilamente com a esquerda e vice-versa. Deve ter percebido também que o sistema político que gera o fenômeno do centrão é uma combinação de voto proporcional em lista. No caso da Itália, só 3/8 do parlamento é voto distrital e 5/8 é em lista proporcional.
Como em todos os países que têm voto proporcional dominante, o sistema viabiliza vários partidos e nenhum deles consegue maioria absoluta. Ou seja, há de se formar composição para governar.
Ilegais sem limites
A imigração legal de descendentes garante a multiplicação de novos italianos, que ainda trazem a cultura de seus ascendentes, e podem renovar a Itália e salvar instituições sabidamente falidas, como a previdência social - e isso vale para todos os países da Europa.
Muitos dos descendentes de italianos que pedem cidadania fogem das políticas da esquerda progressista mundo afora, um sinal importante para a Itália abraçá-los, até mesmo para sua própria sobrevivência.
Ficam claros os intentos da esquerda ao querer limitar os imigrantes legais e de descendentes, ao mesmo tempo que promove proteção e abrigo sem limites aos imigrantes ilegais. Parece incoerência aos olhos do bom senso, mas faz todo sentido para quem entendeu o efeito destrutivo.
Como a narrativa contra a imigração ilegal tem sido uma pauta da direita, querer limitar a imigração legal é uma jogada astuta da esquerda, que possivelmente encurrala a direita em seu próprio discurso. Esperamos que os parlamentares italianos saibam fazer a distinção.
Bom senso
Países como o Brasil vivem momentos críticos em sua política e economia e têm uma vasta população descendente de italianos. São cidadãos que podem facilmente contribuir economicamente e assimilar a cultura italiana.
Diante dessa constatação, deve-se perguntar: quem teria interesse em fechar as portas para descendentes reconhecidos e legalizados e abri-las para ilegais sem documentos, e que nunca vão assimilar a cultura italiana, além de sabidamente custar ao Estado bilhões de impostos dos italianos?
Que o bom senso dos verdadeiros conservadores da Itália prevaleça.
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Conteúdo editado por: Aline Menezes




